Dois bicudos não se beijam (porque são iguais)

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Caros amigos!

Todas as pessoas têm acertos e erros. A não ser que o leitor se considere o único perfeito no mundo. Nesse caso, pode pedir asilo em algum nosocômio….

Os acertos, que são nossas virtudes, geram grande bem, e os erros, que são nossos vícios, muitos estragos. E assim transcorre nossa existência, entre altos e baixos.

De maneira que nossa vida é perceber os erros que temos e lutar para corrigi-los, a fim de evitarmos maiores estragos, e mesmo uma hecatombe.

Não é tarefa fácil, porque os erros são vícios, e estes são difíceis de largar. Exigem violência contra si mesmo, enorme esforço diário, e poucos querem pagar o preço.

Como somos invertidos, vemos justamente no mal um bem, e no bem um mal.

Por exemplo: a bebedeira, as drogas, a vida sem pé nem cabeça seria boa, e uma existência de realização, esforço e bondade nos seria prejudicial. Isso é inversão.

O leitor se acha, por acaso sem erros? Esse é o maior erro que pode cometer. As pessoas que se acham as mais certinhas geralmente são as mais erradas entre todas.

“Vós sois maus e sabeis dar coisas boas a vossos filhos.” Ora, se Cristo nos chamou de maus, se todos nós temos erros, que direito temos de imprecar contra o semelhante?

Aliás, prestem bem atenção. Geralmente quem nos irrita é porque tem os mesmos erros que nós, daí o ditado “dois bicudos não se beijam”.

Se formos intolerantes e irados com elas, é sinal que somos intolerantes e raivosos com nós mesmos. Por isso adoecemos.

Hoje, se alguém pensa diferente de outro, ambos se julgam inimigos. E não seres humanos que podem, inclusive, estar ambos errados.

Assim, a busca tolerante e democrática do diálogo é o único caminho para a resolução dos problemas – e não adianta procurar outro.

Mas duvido que muitos leitores acreditem nisso…

Até breve.

* Jornalista e escritor tatuiano.