Crise: como e por que explicar para crianças e jovens





É inegável que o país passa por uma situação delicada; o momento econômico é instável, o que exige atenção e cautela. E, nessas horas, costuma-se deixar os mais novos de fora da conversa. Mas será que está certo excluir os pequenos de uma questão tão importante como este?

É possível abordar o tema de maneira que crianças e jovens entendam o contexto e se eduquem para se formarem cidadãos críticos e pensantes. Acredito que são nas dificuldades que encontramos as maiores oportunidades. E a educação, sem dúvida alguma, é o melhor caminho para esse processo, começando desde cedo, para que os melhores hábitos e comportamentos sejam enraizados naqueles que serão a futura geração.

Partindo dessa premissa, milhares de escolas em todo o Brasil entenderam a importância do assunto e resolveram inserir uma nova disciplina na grade curricular: educação financeira. Nos últimos tempos, o assunto vem se tornando altamente discutido, até sendo pauta em diversas regiões do Brasil para se tornar matéria obrigatória.

Falar sobre crise e educação financeira no geral, dentro da sala de aula, é a maneira mais eficaz de se combater problemas como os que estamos passando atualmente, revertendo também os quadros de endividamento e inadimplência que tanto assolam o país. Com linguagem e material apropriados para cada faixa etária, a aprendizagem fica muito mais rica, produtiva e efetiva.

Mas é preciso, claro, guardar as devidas proporções na hora de tratar o assunto, afinal de contas, cada fase da vida deve ser aproveitada da maneira como ela é, isto é, crianças e jovens devem viver como crianças e jovens, sem pular etapas. Dá pra respeitar isso e tratar temas importantes paralelamente. E, com a base que a escola oferece, o processo pode continuar dentro de casa, com a família dando continuidade à formação, se reeducando junto e dando o exemplo.

Mesmo diante desses esclarecimentos, muita gente ainda fica resistente ao falar sobre o assunto com os mais novos. Por isso, outra reflexão: já pararam para pensar nas diversas propagandas que incentivam o consumismo? Se nós, adultos, cedemos às tentações muitas vezes, imagina eles, que já manifestam desejos de consumo sem estarem preparados para filtrar as informações que recebem. Se tiverem a oportunidade de serem educados financeiramente, saberão a melhor maneira de agir, tornando-se uma sociedade mais preparada, seja lá qual for a situação do país daqui a alguns anos.

Não há como fugir da crise, de um jeito ou de outro, ela acaba atingindo a todos. E nada pode ser feito para que a situação mude imediatamente, mas algumas iniciativas podem – e devem – ser levadas a sério e adiante para que, em médio e longo prazo, possamos ter um cenário melhor, um ambiente mais propício.

 * Mestre em educação financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira”, do lançamento Mesada não é só Dinheiro”e da primeira “Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil”.