‘Ciclo de Cultura’ acontece neste sábado

José Pinto, artista mais representativo do cururu local, falece e recebe homenagem

Zé Pinto, falecido nesta sexta: expoente do cururu tatuiano (Foto: Divulgação)
Da reportagem

Neste sábado, 30 de setembro, a partir das 17h30, a raiz do canto cururu toma conta dos arredores da praça Manoel Guedes (Praça do Museu), durante o Ciclo de Cultura Tradicional de Tatuí. O evento também  terá homenagem póstuma ao cururueiro José Pinto de Moraes, que faleceu na madrugada de sexta-feira, 29.

Zé Pinto seria um dos destaques da programação. Ele se apresentaria na noite deste sábado, em um “duelo de cantadores”, com os amigos Buenão e Rubinho Véio.

Como forma de agradecimento pela contribuição dele à tradição raiz do cururu, o diretor do Departamento Municipal de Cultura, Rogério Vianna, antecipou que haverá uma justa homenagem a ele durante a programação do Ciclo Cultural.

“Lamentável e irreparável a partida desse grande expoente da música de tradição e raiz de nossa cidade”, declarou Vianna, na tarde de sexta-feira.

Em novembro do ano passado, o Museu Histórico “Paulo Setúbal” promoveu uma homenagem ao cururueiro, com a apresentação musical “Compositor da Terra”, composta por músicas de autoria dele.

O projeto teve como intuito “valorizar as composições de ‘Zé Pinto’, para manter viva uma das mais importantes manifestações da tradição popular, a música caipira”.

Zé Pinto

José Pinto de Moraes (ou, Zé Pinto, como era chamado) nasceu em Tatuí, em 1º de junho de 1945. Passou a infância no bairro Pederneiras e, depois, mudou-se com sua família para o bairro Santa Adelaide.

Aos 17 anos, começou a escrever poemas, que foram musicados em parceria com vários artistas e duplas caipiras, como Lourenço e Lourival, Cacique e Pajé, Tião do Carro e Santarém, entre outros.

Além de escrever cururu, começou a participar de eventos e festas desse gênero musical, o qual cantava havia mais de 50 anos. Apresentou-se em rádios da cidade e canais de TV da região.

Em 1994, gravou um LP, que chamou de “O Melhor Cururueiro da Região”. Era integrante dos Cantariões do Cururu. Era casado com Hilda, desde 1970, com quem teve duas filhas: Rosemeire e Rosana.

A riqueza de seu repertório tem como destaque as músicas gravadas pelos artistas: Pedro Neves (“Meu Pedacinho de Terra”, “Ranchinho de Barro”, “O Prazer de um Roceiro”, “Um Caboclo Pacato”, “Minha Cabocla É uma Flor”, “Meu Ranchinho da Serra”, “A Vida de Matuto” e “A Viola e o Luar”), Orlando Barbosa (“Um Fazendeiro Gigante”, “O Velho e a Velha”, “Peão de Respeito”, “Uma História de Amor”, “O Pedido de uma Filha”, “A Família Camponesa”, “A Letra M”, “O Castigo de uma Mãe”, “O Chupa Cabra”, “O Jovem Domador de Cavalos”, “Duas Namoradas”, “O Filho de um Pai Gigante”, “A Filha de um Mendigo”, “Minha Fofinha” e “Meu Pai Meu Herói”), João Miranda (“Ranchinho de Caboclo”, “Serenata”, “O Sofrimento de um Filho”, “Jeitinho de Princesa”, “Uma Vidinha Pacata”, “Minha Cabocla É uma Flor”, “Caboclo da Roça”, “História de uma Flor”, “Viola Sempre Viola”, “Casinha Triste”, “Nossa Gente da Lavoura”, “Lembrança da Roça”, “Ranchinho de Cipó”, “Nascimento de Jesus”, “O Meu Rancho Não É Feio”, “Ranchinho de Barrote” e “A Juventude de Agora”), Daniel Martins (“O Roceiro meu Irmão”), Marcos Violeiro (“O Caipira Genuíno”); Carlos Lima (“Minha Vida Meu Passado”), Diamantino (“Um Lindo Presente”), Tião do Carpo e Santarém (“Teca do Mundo”, “O Preto Velho” e “O Tico-Tico”); Zé Garoto e Dimboré (“Ditado Brasileiro”), Diogo e Leandro (“Bom Velhinho”), Cacique e Pajé (“Meu Orgulho É Ser Roceiro” e “Quem Não Presta Tem Valor”), Lourenço e Lorival (“Morena Sertaneja”), Adão da Viola e Irco Freitas (“A Imagem do Meu Pai”), Pedro Neves (“A Minha Potranca Ráia”), Thiago Viola e Carlos Lima (“Um Peão de Palavra”), Marcelo e Monalisa (“Virgem Mãe Aparecida”), Romero Pereira (“Colar Azul” e “O Sofrimento de um Filho”) e Amaury e César Rey (“Último Desejo”).

Ciclo Cultural

O evento itinerante, que faz parte das Oficinas Culturais do Programa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativa, do estado de São Paulo, gerenciado pela Poiesis (organização social de cultura), é dedicado à valorização e à reflexão sobre as tradições caipiras, indígenas, afro-brasileiras, caiçaras e migrantes que resistem no estado paulista.

Às 17h30, a apresentação dos Seresteiros com Ternura, tradicional grupo tatuiano, coordenado por Maria Inês Camargo, explora um repertório composto por samba-canção, samba-choro, boleros, valsas, chorinhos e modinhas.

Às 18h30 e 20h30, é a vez da intervenção da Nossa Trupe Teatral, companhia que narra a simplicidade do cotidiano do interior a partir dos personagens caipiras: Dito, benzedeiro da vila; Tonho, dono da venda; e Zé, violeiro que “ficou de aparecer e não chega”.

A exibição do documentário “Raiz e Alma – Um Registro da Cultura do Cururu em Tatuí”, com direção de William Lima, será às 19h. O trabalho mostra o cururu, canto de improviso, e depoimentos de cururueiros tatuianos e apoiadores que lutam para manter a tradição ativa na região.

Em seguida, Antônio Filogênio de Paula Júnior, diretor de educação e cultura da Casa Batuqueiro, media o bate-papo com a empreendedora do turismo rural e estudante de serviço social Cleonice de Andrade, o professor e pesquisador Jaime Pinheiro e o jornalista Ivan Camargo.

Para finalizar, às 20h40, será realizado uma homenagem ao cururueiro Zé Pinto, com os amigos Buenão e Rubinho Véio.

Durante a ação cultural, a Feira de Artesanato, da Associação dos Artesãos de Tatuí, troca de lugar, deixando a Praça da Matriz e ocupando a praça Manoel Guedes, nos arredores do Museu “PS”.