CEO do municí­pio é único que conta com ‘opção ambulatorial’





Pelo menos uma vez por mês, a equipe de saúde bucal de Tatuí presta atendimento diferenciado a pacientes que não têm condições de se dirigir às UBSs (unidades básicas de saúde). O tratamento é um dos serviços oferecidos pelo CEO (Centro de Especialidades Odontológicas).

Segundo o dentista Walter Vitor Lança Junior, a unidade local é a única da região a oferecer esse tipo de trabalho. O atendimento ambulatorial é prestado por duas especialistas e aplicado em situações que exigem anestesia geral.

Em Tatuí, a equipe do CEO atende no centro cirúrgico e, até, nas residências dos pacientes. O tipo de atendimento depende das condições físicas e psicológicas dos que requisitaram a presença dos profissionais.

“Os outros municípios, nos procuram por causa disso”, comentou o dentista. Junior afirmou que os profissionais do centro fazem, primeiramente, uma avaliação da parte odontológica quando visitam os pacientes. Depois, nos casos em que há necessidade, acionam o médico e anestesista José Luiz Barusso.

O especialista também avalia as condições de saúde para definir o tratamento a ser oferecido ao paciente. Pessoas acamadas podem receber os dentistas, desde que seja detectada urgência e impossibilidade de locomoção.

A sedação também pode ser aplicada em outras situações, como contenção de pacientes muito agitados. “Isso acontece, principalmente, no caso de psiquiátricos”, declarou o secretário municipal da Saúde, Humberto Fanganiello Filho, Tuta.

Conforme ele, a secretaria faz uso, costumeiramente, das especialistas e do anestesiologista quando há pacientes com paralisia cerebral.

Pessoas com hemofilia (distúrbio genético que afeta a coagulação do sangue) também recebem tratamento diferenciado. O suporte é oferecido com o atendimento hospitalar.

Antes de serem submetidos a tratamento, os hemofílicos recebem os componentes que faltam no sangue (para permitir a coagulação). “Isso é feito em hospital porque, em caso de complicação, temos como dar suporte”, contou.

Outro trabalho de destaque realizado pelo CEO é a implantação de próteses parciais e totais. Em Tatuí, pacientes recebem dentaduras e as chamadas “pontes” removíveis e fixas. O centro produz, mensalmente, uma média de cem próteses.

Conforme Lança Junior, a quantidade pode não representar o número total de pessoas que passam pelo centro de especialidades odontológicas. Isso porque um mesmo paciente pode receber duas próteses, uma superior e outra inferior.

Há dois anos, as próteses cedidas pela secretaria são produzidas com estrutura metálica. “Isso é algo que conseguimos implantar na rede após um novo trabalho. É algo bem difícil de ter no atendimento público”, afirmou o dentista.

As próteses são produzidas por dois profissionais. Os dentistas precisam dar conta da demanda do município, considerada alta pelo membro da secretaria. Por esse motivo, Lança Junior lembrou que a população deve ter “um pouco de paciência”.

“Quem for encaminhado para esse tipo de atendimento vai ser atendido, mas é preciso ressaltar que existe um tempo de latência”, declarou.

Ainda conforme ele, Tatuí é uma das poucas cidades da região a ceder próteses com estrutura metálica. Lança Junior afirmou que, além do município, elas são oferecidas somente em Itapetininga. “Nenhuma outra faz”, enfatizou.

A especialização da unidade local inclui, ainda, tratamento de canal gratuito. Esse tipo de atendimento, normalmente, não é oferecido pelas prefeituras.

Lança Junior explicou que, nos municípios que não contam com CEO, a população precisa recorrer ao serviço particular. “Do contrário, perde o dente”, disse.

Pensando em atender a esse público, o dentista informou que o DRS (Departamento Regional de Saúde), de Sorocaba (do governo do Estado), cogitou regionalizar alguns dos centros – que são resultados de programa do governo federal.

O assunto foi tema de reunião no mês passado, com representantes das cidades da região. Apesar de ser “forte candidato”, Lança Junior disse que Tatuí não aderiu à proposta por estar “na capacidade”.

“Nós não temos sobra. O município consome todo nosso atendimento”, justificou.

No caso do tratamento de canal e das próteses, principalmente, a regionalização poderia “estrangular” o atendimento local. O motivo é que as pontes e as dentaduras entregues aos pacientes são feitas por dois laboratórios credenciados.

Caso a produção aumentasse, a entrega poderia ser prejudicada. “É, realmente, muito difícil encontrar profissionais que fazem direito o trabalho (de confecção de prótese), como nós temos e que queiram fazer”, argumentou.

Também para não prejudicar o atendimento durante o expediente e oferecer melhores condições de saúde aos funcionários municipais, o centro destina um horário para atender aos servidores.

O dentista da secretaria informou que os trabalhadores da Prefeitura recebem atendimento exclusivo no período da noite. Todos os servidores que precisam da especialização são recebidos no CEO.

Para a secretaria, a divisão do atendimento facilita o fluxo de agendamentos. Com isso, a pasta consegue diminuir o tempo de espera da população, ainda que tenha de lidar com a questão das faltas dos pacientes.

“Nosso maior problema são as pessoas que marcam mas não vão às consultas”, disse o secretário da Saúde. Tuta informou que, de cada 20 pacientes previstos para atendimento, entre quatro e seis deixam de comparecer.

A estação do ano também influi na frequência da população. No inverno, a falta tende a ser maior. Em função disso, a secretaria pede que os pacientes que não possam comparecer avisem as equipes para que as vagas possam ser realocadas. Os telefones da central de vagas são: 3305-8888 e 3305-8874.