Da reportagem
O CIR (Centro Integrado de Reabilitação) deve começar a atender as pessoas com deficiência no mês de agosto. O anúncio foi feito pela prefeita Maria José Vieira de Camargo na semana passada, por meio de redes sociais.
Na tarde de quinta-feira, 23, a secretaria da Saúde, Tirza Luiza de Melo Meira Martins, e a coordenadora técnica do CIR, terapeuta ocupacional do Departamento Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Talita de Campos Urso, receberam a imprensa para falar do novo projeto.
De acordo com as profissionais, a inauguração do prédio está agendada par 23 de agosto, em cerimônia restrita, seguindo os protocolos exigidos pela pandemia. O CIR funcionará no antigo “Postão”, com entrada pela rua 11 de agosto, sem número.
As obras de revitalização da unidade básica de saúde da área central (antigo Postão) foram iniciadas em junho do ano passado e concluídas neste mês de julho. Segundo Tirza, “só faltam chegar alguns equipamentos para a unidade ficar completa”.
O CIR concentrará os atendimentos neurológicos, serviço de tecnologia assistiva, oficina de cadeira de rodas e governança, apresentando nova infraestrutura e metodologia de trabalho, com protocolos de atendimento diferenciado.
“É um espaço novo, com um prédio totalmente readequado, com uma estrutura nova, equipamentos novos, fluxo e organização de trabalho diferente e com equipe treinada e capacitada para um novo formato de atendimento”, informou a secretária.
Ela destacou que, em paralelo às obras de revitalização do prédio, todos os profissionais que atuam na rede de saúde passaram por capacitação para o novo fluxo de atendimento, que será implantado a partir da inauguração do CIR.
Segundo a coordenador do CIR, o objetivo da administração municipal, por meio do projeto, é unificar a equipe multidisciplinar de atendimento para prestar serviço voltado às pessoas com deficiência, principalmente as que possuem agravo neurológico.
“Diversos serviços já são prestados pela rede municipal de saúde, porém, atualmente, os usuários são direcionados em diversos lugares para receber o atendimento e tratamento adequado. Com o CIR, o paciente terá praticamente todos os serviços em um só lugar”, explica Talita.
O CIR unificará o Departamento da Pessoa com Deficiência de Mobilidade Reduzida, o banco de empréstimos e reparos de produtos assistivos, o Cepcar (Centro de Estimulação Precoce e Adaptação e Reabilitação de Tatuí) e o Centro de Fisioterapia para os pacientes neurológicos.
O espaço ainda concentrará serviços de especialistas como terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, atualmente fragmentados em unidades de saúde da rede municipal.
Talita explicou que o centro tem a proposta de atender toda a população com deficiência do município, sem imposição de faixa etária – ou seja, poderão ser atendidas crianças, adultos e idosos.
O centro integrado oferecerá intervenção e estimulação precoce, habilitação e reabilitação, atendimento médico (neurologia, neuropediatria e ortopedia), além de serviços de tecnologia assistiva e dispensação de produtos assistivos.
“Nós reorganizamos toda a estrutura de reabilitação, porque havia profissionais alocados em unidades diferentes, mas que executavam as mesmas funções terapêuticas, e percebemos que era necessário juntar todos os profissionais em um mesmo local para oferecer um atendimento de qualidade”, contou Talita.
Conforme a coordenadora, os acompanhamentos terapêuticos deverão ter duração e frequência determinadas, sendo um processo intensivo, porém, temporário, tendo como público-alvo os recém-nascidos de risco ou com deficiência estabelecida e pessoas com deficiência (física, intelectual, auditiva, visual, múltipla e TEA).
“A unidade atenderá o recém-nascido com deficiência estabelecida e também aqueles que tenham classificação de RN de risco. Ela vai ser acompanhada, na unidade, até os 18 meses, mesmo não apresentando atrasos, para que a equipe possa se certificar de que essa criança está dentro dos padrões de desenvolvimento”, acrescentou a coordenadora.
O atendimento no CIR será realizado a partir de encaminhamento da rede de saúde. “Por isso, toda a rede foi capacitada. Fizemos treinamento com todos os enfermeiros, médicos e profissionais envolvidos para estabelecermos um fluxo de atendimento”, informou a secretária.
Para criar o fluxo de atendimento do CIR, Talita contou ter ouvido pediatras, equipes da saúde da família, técnicos da Santa Casa e outros profissionais atuantes na rede, para definir as estratégias de atendimento e o fluxo de encaminhamento.
Talita disse que, nessas conversas, a equipe envolvida na criação do CIR também conseguiu alinhar, com os profissionais, quais serão os casos prioritários para o atendimento no centro de reabilitação.
Ela explicou ter duas classificações de reabilitação: casos agudos e crônicos. Segundo ela, a unidade trabalhará com os dois, mas a ideia é que os casos de pacientes na fase aguda sejam atendidos mais rápido.
“Isso é para que a situação do paciente não se torne crônica. Queremos que a pessoa chegue o quanto antes ao centro para que consigamos brecar a evolução de uma deficiência ou deformidade e, de fato, gerar a promoção de saúde e não deixar o paciente entrar em um estado crônico, onde não vamos ter mais prognostico”, observou a coordenadora.
Duas salas de integração sensorial e o oferecimento do serviço de tecnologia assistiva são os diferenciais do CIR, com relação aos serviços já oferecidos às pessoas com deficiência no município, conforme Talita.
“As terapeutas ocupacionais passarão por um curso de capacitação prático em integração sensorial para poder oferecer esse tratamento diferenciado, e nós teremos todo o serviço de tecnologia assistiva. Vamos trabalhar com tecnologia de comunicação, softwares, concessão de cadeiras de rodas, órteses e outros meios de locomoção, tudo dentro do padrão de concessões do SUS”, completou a coordenadora.
Outro diferencial apontado pela secretária da Saúde é a possibilidade de atendimento de todas as idades em um só espaço, com todos os serviços de reabilitação.
“Os adolescentes e adultos ficavam circulando na rede e não tinham um espaço fixo de atendimento. Com essa nova divisão, pensando na demanda, a rede conseguirá ampliar o acesso das pessoas ao atendimento especializado”, apontou a coordenadora.
Além desses pontos, as duas profissionais reforçaram, como diferencial da unidade, a construção do fluxo de um trabalho que deve potencializar a atuação dos profissionais na atenção ao usuário. Elas ainda sustentaram que a criação do CIR é inédita no município e na região.
“Em Tatuí, assim como na região, não há um centro de reabilitação que atenda na totalidade às demandas das pessoas com deficiência, principalmente que ofereça o serviço de tecnologia assistiva”, assegurou Talita.
A secretária classifica a implementação do CIR como um “grande avanço” no atendimento em reabilitação na área de saúde para a pessoa com deficiência, com o oferecimento de um serviço com mais qualidade e abrangendo maior número de atendimentos a esse público.
“Com o CIR, o município poderá oferecer um serviço especializado e qualificado (já que todos os profissionais passaram por treinamento e capacitação), dentro de uma estrutura física ampla, adequada e acessível”, sustentou Tirza.
Os recursos para a reforma do Postão são oriundos do Ministério Público. Os parlamentares tatuianos aprovaram, no dia 1º de junho de 2020, o projeto de lei 8/20, do Poder Executivo, para abertura de crédito adicional especial, disponibilizando R$ 570 mil para a implantação do CIR.
A equipe de atuação do CIR contará com dois terapeutas ocupacionais, três fonoaudiólogos, três fisioterapeutas, três psicólogos, uma assistente social, um enfermeiro, um neuropediatra, dois psiquiatras infantis, um ortopedista, três atendentes e dois auxiliares de serviços gerais, além da coordenação administrativa de Cintia De Felice.
“Estudamos por mais de um ano a melhor formatação do projeto para atender bem as pessoas com deficiência, e poderemos inaugurar um centro de reabilitação equipado e preparado, atendendo a todas as exigências preconizadas pelo Ministério da Saúde, desde a estrutura física ao modelo de atendimento, sempre pensando no melhor para o público”, concluiu Tirza.