“Já tivemos uma onda da Irlanda, quando todo mundo queria ir para a capital, Dublin, por causa do preço. Agora que tudo complicou, pela alta do dólar, a fase é do Canadá”.
Essa é a rota preferida – ou mais cogitada – pelos tatuianos para procura de vivência no exterior. Conforme a professora e empresária Luciana Coelho Mota, a Lu Russa, da Skill Idiomas, o Canadá desbancou a Irlanda para aprendizado e trabalho. Ambos os países permitem conciliar estudos e emprego.
Lu Russa explicou que a mudança está relacionada diretamente ao câmbio. Com o dólar batendo na casa dos R$ 4, muitas pessoas estão revendo os planos. Até então, ir para Dublin, Galway, Cork, Limerick era considerado mais vantajoso.
Entretanto, a desvalorização do real tornou esses destinos menos atrativos para quem tem que arcar com muitos custos. De modo a seguir com o planejamento, boa parte dos tatuianos está optando por ir a Vancouver, Toronto ou Montreal.
“Os Estados Unidos estão meio fora da rota neste momento”, disse a professora. O país perdeu o posto de preferido para o Canadá, mas aparece antes da África do Sul. “Teve uma onda de pessoas que iam para lá”, contou Lu Russa.
Esse “ranking” se inverte se o público a ser considerado for somente o feminino. Conforme a professora, a procura pelo programa “Au Pair” (babá) tem crescido. As principais vantagens são a redução dos custos. Ele é voltado a mulheres com até 26 anos e que trabalham em casas de família.
“Em geral, quem vai não gasta quase nada. As famílias pagam o voo, a acomodação e dão comida. Elas ainda têm um salário. Esse é um programa que muitas pessoas estão querendo fazer, no momento”, disse a professora.
No geral, quem participa desse tipo de programa é solteiro. Lu Russa contou que o público que procura por intercâmbios se concentra em jovens. “No máximo, são pessoas com 30 anos e solteiras, obviamente”.
A procura pelos casados, em geral, é menor e proporcional aos compromissos. “Quem vem em busca de intercâmbio e tem mais que 30 anos é porque quer uma promoção no emprego ou está ameaçado”, explicou.
Lu Russa compara o aprendizado do idioma a uma faculdade. Ela defende que é preciso tempo para obter a fluência. “Sempre brinco com meus alunos que é como aprender a fazer tricô: não dá para produzir uma blusa de início”.
Buscando ter mais facilidade para ingressar em universidades e de olho em uma vaga no exterior, os tatuianos têm frequentado mais as salas de aula de escolas de idioma.
Luciana Orsi, proprietária da The Bridge, revelou que há uma procura crescente por jovens no aprendizado de uma segunda ou terceira língua.
As aulas de francês oferecidas na unidade dela, por exemplo, têm mais de uma turma e funcionam há cinco anos. “Os jovens estão procurando se preparar melhor, porque estão planejando estudar no exterior”, comentou a empresária.
Segundo ela, o inglês permite ingressos nos Estados Unidos, Europa e Canadá. “Esse último país é muito aberto para universitários brasileiros. Aliás, o intercâmbio é global, e a base do idioma garante possibilidades”.
Pensando nisso, a professora e empresária ampliou os negócios. Ela atua como operadora de intercâmbio, mantendo parceria com a Wimbledon School, em Londres. Luciana já enviou tatuianos para estudos na unidade.
Por ter atuado no ramo, ela recomenda que os candidatos a essa experiência busquem o maior número de informações possível. A professora de idiomas argumentou que, para o aprendizado, não se deve levar em consideração apenas o custo.
“Nem todo brasileiro pode dar aulas de português. O mesmo é com o inglês. É preciso atenção, porque se trata de um grande investimento”, considerou.
Em Tatuí, a procura por estudo no exterior aumentou a partir de 2011, com pico em 2012. Desde 2014, o número de pessoas que concretizaram o desejo diminuiu. A principal explicação é a alta dos custos (as passagens aéreas são cotadas em dólar). Mesmo com o aumento, não houve redução no interesse.
O mesmo é sentido pelos empresários do setor na busca pelo aprendizado. “A vontade de aprender inglês para garantir emprego sempre existiu, principalmente para quem quer trabalhar nas multinacionais, ou fazer mestrado. Agora, com relação aos intercâmbios e viagens, houve aumento”, disse Lu Russa.
Para ela, aprender inglês é diferente de “se virar” no idioma. A professora disse que, cada vez mais, as pessoas estão se conscientizando de que aprender uma segunda língua é essencial.
“A pessoa se vira no inglês até perder a mala no aeroporto e não saber reclamar. Além disso, o vendedor de sanduíche da praia de Copacabana também se vira no inglês, sabe dar o troco e vender, mas não fala com fluência”, encerrou.