A alta do dólar tem freado a saída de brasileiros para o exterior ou mesmo dentro do país. Entretanto, não muda o desejo por novas experiências. Dados obtidos pela reportagem de O Progresso mostram que há uma tendência crescente pela busca de estudos e viagens aos exterior.
Eles levam em consideração informações repassadas somente por escolas de idiomas – e não mensuram agências ou operadoras de viagens. Conforme os proprietários de três delas, em média, 50 tatuianos vão para fora do Brasil para atividades de estudo ou de lazer. Para isso, tendem a se preparar com o aprendizado de um segundo idioma. Em alguns casos, até um terceiro.
“São três buscas, basicamente, que nós sentimos em Tatuí”, iniciou Pedro José Ferraz Júnior, do CCAA. A primeira está relacionada à curiosidade. “O inglês é uma língua que está por aí, nas músicas, nos jogos. Então, a pessoa vai atrás para entendê-lo”, comentou.
A segunda razão da procura é o ingresso – ou a preparação – para o mercado de trabalho. De acordo com Júnior, o inglês deixou de ser uma vantagem para se tornar, atualmente, um pré-requisito.
A terceira motivação para o aprendizado é a possibilidade de imersão que a nova língua vai permitir. Em caso de viagens, principalmente, quem domina um segundo idioma – ou tem o básico ou intermediário – não enfrenta dificuldades.
“E esse ir para fora nem significa os Estados Unidos, que é o principal destino da língua. Pode ser qualquer outro país, de qualquer outra língua. Acontece que o inglês vai ajudar a pessoa em qualquer lugar que ela vá”, disse Júnior.
No caso dos intercâmbios para aprendizado de idioma, as razões podem ser todas essas – e um pouco mais. Júnior explicou que estudar no exterior permite não só o domínio da língua, mas uma vivência que inclui convivência com a cultura.
Em boa parte dos programas, os alunos ficam em casas de família; em outros, podem optar por acomodação própria (alugar um imóvel) ou dividir residência.
Os intercâmbios também são mais flexíveis, pois variam em destinos, preços e, principalmente, prazos. O papel das instituições de ensino fixadas no município, nesse caso, é o de orientar com informações. Nas três escolas, é possível obter orientação ou acompanhamento.
Alunos e não alunos podem se informar sobre como proceder e iniciar o planejamento. Em Tatuí, as possibilidades de intercâmbio existem e são variadas.
Quem planeja ter uma vivência dessas tem a opção de entrar em contato com bases internacionais de escolas, ou, mesmo, adquirir um pacote nas unidades.
Somando-se a isso, quem viaja a estudos, mesmo sem ser fluente, pode dar continuidade ao aprendizado na volta. Em algumas situações, o desenvolvimento do intercambista é tão marcante que gera, até, destaque no trabalho.
Este é o caso de Maísa Rezende, aluna da Skill Idiomas. Ela participou de uma experiência no exterior por um mês. Maísa viajou para o Canadá em setembro de 2014. Passou 30 dias (prazo que tirou de férias do trabalho) e considerou a vivência “uma das maiores realizações” da vida dela.
“Meu objetivo era me desenvolver e aprimorar conhecimentos no inglês, que é fundamental para continuar a evoluir dentro da empresa. Porém, o que costumo dizer sobre esta grata experiência é que eu trouxe muito mais do que isso em minhas bagagens”, contou.
Para a estudante, a experiência resultou em “momentos de enorme amadurecimento”. “A minha autoconfiança e motivação para continuar estudando só aumentaram. Hoje, me sinto muito mais segura quando exposta a situações nas quais preciso me comunicar em inglês”, adicionou.
Viagens como a da ex-intercambista tendem a ser mais demorada de se concretizarem. Daí, o número reduzido de tatuianos que procuram as unidades de ensino da cidade com esse objetivo. Como envolvem muitos custos e detalhes, esse tipo de experiência precisa ser discutido não só pelo aluno, mas, em geral, pelos pais deles.
Pelos cálculos dos representantes das unidades, por ano, 20 pessoas em média vão ao exterior para fazer intercâmbio. Esse número só leva em considerações as procuras feitas nas escolas. Há, ainda, quem prefere planejar por conta própria e quer, por exemplo, aprender francês, espanhol, italiano ou alemão.
Em Tatuí, os intercâmbios estão mais concentrados em jovens. “Eles querem, além de melhorar o inglês, eventualmente, dadas as nossas repetidas crises, conseguir uma oportunidade de permanecer fora”, explicou Júnior.
Seja qual for o caso, Luciana Orsi, proprietária da The Bridge, enfatizou que o aprendizado do idioma pretendido pelo viajante deve ser obrigatório. “Uma hora ou outra, as pessoas vão precisar falar uma segunda língua. Isso é fatal”, observou.
Nessa linha de pensamento, a empresária e professora explicou que a procura por estudos tem se intensificado entre os pequenos. “Quanto antes os alunos começarem, mais cedo e com mais perfeição o inglês vai acontecer”, argumentou.
De acordo com ela, além de o aprendizado ser mais rápido (uma vez que as crianças aprendem por associação e não por tradução), há a vantagem da competitividade.
Luciana lembra que quem domina o idioma mais rápido pode ter as melhores oportunidades, como vagas de emprego, ou bolsas de estudos no exterior.
Em Tatuí, o desejo da maioria das pessoas é variado, como conta a professora e empresária Luciana Coelho Mota, a Lu Russa. Muitos buscam fluência, outros querem momentos de lazer (com os chamados grupos de viagens) e há, ainda, os que precisam do idioma para garantirem o emprego.
Os intercâmbios de língua estrangeira são abertos a qualquer pessoa. Lu Russa, por exemplo, participou de um em 2014, realizado em Nice, na França. Lá, ela deu aulas de francês para alunos estrangeiros com até 80 anos de idade.
“Qualquer um pode ter essa experiência, e sempre a partir de duas semanas. Nenhuma escola de línguas, no exterior, vende curso com menos tempo de duração”, disse ela, que já lecionou em oito instituições de ensino, todas fora do país.