Autoescolas já disponibilizam simuladores





Jheniffer Sodré

Bruna Andriani, 26, testa o simulador da autoescola Nogueira

 

Algumas autoescolas da cidade já receberam os simuladores de direção veicular que devem começar a serem utilizados na formação de condutores a partir do dia 1º de julho. O equipamento da autoescola Nogueira, por exemplo, chegou no final de fevereiro.

“Ele já está pronto para uso, e quem quiser fazer as aulas já está liberado. Mesmo ainda não sendo obrigatório, nós já estamos avisando os alunos que o simulador está disponível”, informou o diretor Gediael Nogueira.

No Centro de Formação de Condutores (CFC) Nogueira, haverá aulas no equipamento das 7h às 22h. “Os alunos podem ficar tranquilos que teremos diversos horários para as aulas, e não terá atraso nos processos”, garantiu.

Ele também informa que, por enquanto, a procura por matrículas está normal. “Pode ser que mais para frente aumente um pouco”, afirmou Nogueira. Ele também relatou que a aceitação dos alunos tem sido boa.

“A maioria reconhece que o aparelho veio para somar e acrescentar mais conhecimento na formação, principalmente no que diz respeito às situações adversas”.

A autoescola Barros também já recebeu o simulador e está pronta para começar as aulas no equipamento. A diretora do CFC, Lívia Barros, confirmou que já é possível vender as aulas, mas, por enquanto, elas não têm sido oferecidas aos alunos.

“Como ainda não há a exigência de que a carga horária seja cumprida, os próprios alunos não têm interesse. A gente nem oferece porque sabe que é um custo a mais e um tempo maior, que eles não são obrigados a cumprir por enquanto”, frisou.

Ela comenta que alguns aspirantes a motorista querem fazer tudo o mais rápido possível e não têm consciência de que o processo, para tirar a primeira habilitação, é realmente uma formação.

“Por esse motivo, não vejo os alunos muito interessados em fazer as aulas no simulador, tanto pela questão do tempo como pelo dinheiro. Mas, alguns já procuraram e não acham um empecilho, estão animados e querendo fazer”, relatou Lívia.

A procura por matrícula no Centro de Formação de Condutores Barros também está tranquila. “Como o prazo é 1º de julho, acho que as pessoas estão deixando para depois. Pode ser que, em maio, a procura aumente”.

Custo maior

A partir do dia 1º de julho, todos aqueles que tiverem interesse em tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para carro deverão desembolsar cerca de R$ 300 a mais. A taxa, que custa atualmente, em média, R$ 1.500, terá valor de pelo menos R$ 1.800, a partir do segundo semestre.

Isto acontecerá porque todos os aspirantes a motoristas terão de fazer aulas práticas em simulador de direção veicular antes de dirigirem um automóvel de verdade.

Essa mudança já vem sendo estudada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) desde 2010, com a resolução 538, mas só em junho do ano passado, com a publicação da resolução 444/2013, é que as regras foram revistas e atualizadas.

O primeiro prazo estipulado pelo Contran, para os centros de formação de condutores (CFCs) se adequarem às exigências, era o dia 31 de dezembro de 2013, para que, já no dia 1º de janeiro de 2014, todos os alunos das autoescolas tivessem aulas nos simuladores.

No entanto, no dia 11 de fevereiro deste ano, o Conselho Nacional de Trânsito prorrogou a data para o dia 30 de junho, a fim de dar mais tempo para que os estabelecimentos cumpram todos os requisitos e normas técnicas estipulados.

O simulador

Além de fazer as aulas teóricas, as práticas de carro e de moto, o aluno da autoescola deverá participar das aulas no simulador de direção veicular, que têm carga de 45 horas/aula.

O simulador possui três telas, reproduzindo, inclusive, os ângulos de visão dos retrovisores de um carro, além de possuir todos os componentes de um veículo de verdade, como pedais, câmbio de marcha e painel indicador. E o mais importante: não é um jogo.

Segundo Nogueira, uma das exigências do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) é de que o simulador seja muito mais que um simples jogo de videogame.

Por isso, houve investimento grande para desenvolver um software sofisticado e capaz de reproduzir, da maneira mais real possível, diversas situações no trânsito.

Cada aula ministrada no equipamento deverá prever pelo menos dez situações que retratem as normas gerais de circulação e conduta presentes no Código de Trânsito Brasileiro.

O conteúdo apresentado pelo simulador está dividido em cinco temáticas: conceitos básicos, aprendendo a conduzir, aprendizado da circulação, conduta segura e situações de risco.

Durante essas aulas, os alunos aprenderão a mudar de marcha, fazer curvas, estacionar, ultrapassar, circular em vias urbanas e rurais, conduzir sob chuva, neblina e tráfego intenso, além de outras questões.

Não existe reprovação no aparelho e, ao término de cada aula, o simulador elabora um relatório com todos os erros e infrações cometidos pelo aluno.

“Com esse documento, será possível saber se o aluno se esqueceu de sinalizar, ou se causou algum acidente, por exemplo”, explicou o diretor do CFC Nogueira.

Todas as aulas ministradas no equipamento serão acompanhadas por um instrutor do próprio centro de formação de condutores, e são uma etapa obrigatória para o aluno iniciar as aulas práticas.

Na opinião de Nogueira, “elas vêm justamente para acrescentar e potencializar o processo de aprendizagem dos futuros motoristas”.

“Às vezes, o aluno faz as 20 aulas práticas exigidas, mas não vivencia nenhum tipo de situação adversa. Então, o equipamento chega para cobrir esta lacuna. É claro que isso ainda não é o ideal, mas já vai melhorar bastante a formação dos condutores”, destacou Nogueira.