Nesta segunda-feira, 26, a Polícia Civil anunciou a apreensão do segundo adolescente suspeito de ter participado de assalto a uma loja de calçados no centro.
O menor, de 17 anos, acabou sendo localizado por equipe da Guarda Civil Municipal, cinco dias após o crime. Ele teria entrado na loja em companhia de outras duas pessoas – uma já sob custódia e outra foragida.
Passando-se por clientes, os três renderam funcionários e levaram dinheiro do caixa. Durante o assalto, o menor de 16 anos, apreendido na sexta-feira, 23, teria atirado contra a trabalhadora, de 32 anos.
O projétil atingiu o peito da mulher, que precisou ser submetida a cirurgia após atendimento no Pronto-Socorro Municipal. Ela segue internada e apresenta quadro de saúde estável.
O roubo ocorreu no final da tarde de quarta-feira, 21, e mobilizou, também, equipes da Polícia Militar. Conforme o comandante da 2a Cia., capitão Kleber Vieira Pinto, a equipe da Força Tática trabalhou para que os suspeitos pudessem ser identificados. Primeiros a chegar ao local do assalto, os PMs isolaram a área e coletaram informações com testemunhas.
A PC informou que o segundo adolescente estaria se preparando para fugir da cidade. Depois do disparo efetuado pelo comparsa, teria se dirigido até o caixa e pegado a quantia aproximada de R$ 500.
Dois dos menores fugiram com pares de tênis que pegaram para experimentar enquanto preparavam o roubo.
A mãe do segundo suspeito uma mulher de nome e idade não divulgados – também prestou depoimento. Conforme informou o delegado titular do município, José Alexandre Garcia Andreucci, que preside o inquérito sobre o caso, ela teria reconhecido o filho nas filmagens do assalto.
Câmeras de segurança do circuito interno da loja e externo dos estabelecimentos no entorno auxiliaram os investigadores no reconhecimento dos suspeitos. A PC espera deter o terceiro envolvido nos próximos dias.
Segundo Andreucci, a mãe do segundo menor contou que teria visto as imagens do assalto no dia seguinte ao crime. “Ela falou que estava vendo televisão em casa quando reconheceu o filho num telejornal regional”, contou.
De acordo com o titular, a mulher disse que reconheceu o menor pela fisionomia e pelas roupas que ele usava. A dona de casa tem outros dois filhos.
“Ela falou, também, que teria aguardado ele voltar para casa, à noite, para perguntar se ele tinha participado do crime”, relatou o delegado. Conforme ele, a mãe afirmou que o filho disse ter aparecido nas imagens porque estava “correndo atrás dos ladrões”. “Ele mentiu para a mãe”, citou Andreucci.
A mulher alegou que o filho tinha confirmado que estava na loja. Segundo ela, o menor afirmou estar experimentando um tênis no momento do assalto. “Ele falou que correu atrás do balcão para se esconder”, relatou o titular.
Na sexta, a GCM localizou o menor, que “já estava de malas prontas para fugir”. O adolescente disse saber que seria apreendido e que tinha conhecimento de que o colega – o menor de 16 – havia sido identificado pela polícia.
Em depoimento, acompanhado da mãe, ele teria confessado espontaneamente a participação no roubo. Andreucci disse que os investigadores chegaram a mostrar as imagens para o menor, que teria se reconhecido no vídeo e mostrado em quais momentos ele aparecia durante o assalto.
“Com o depoimento dele e da mãe, não houve necessidade de realização de reconhecimento por parte das pessoas que estavam na loja e de outras vítimas”, explicou o responsável pelo caso.
Entretanto, o menor acabou sendo encaminhado para a Vara da Infância e da Juventude, no fórum da comarca.
Segundo ele, o Judiciário ouviu o menor até às 21h, tendo determinado que ele ficasse custodiado na Fundação Casa da cidade de Sorocaba. Enquanto era ouvido, Andreucci destacou que o menor teria feito “pouco caso” da apreensão.
O adolescente reconhecido é o segundo que teria participado do assalto à loja de calçados. A PC aguarda a detenção do terceiro – que pode ser maior de idade – nos próximos dias.
“A prisão dele é questão de tempo”, disse Andreucci. Equipes da GCM e da PM também trabalham na identificação do suspeito.
As investigações apontam que pelo menos dois dos envolvidos são viciados em drogas. Eles também teriam sido apreendidos por tráfico de entorpecentes.
“Na realidade, eles chegaram sob efeito de droga. Eles falam que usaram maconha, mas, pela reação, parecia mais crack”, destacou o titular.
Andreucci disse que os dois menores apreendidos teriam “debochado” do crime. O delegado citou que o custodiado na semana passada teria rido ao deixar a loja instantes depois de ter atirado na funcionária.
“A imagem mostra ele correndo na rua, dando um sorriso de boca bem aberta, bem satisfeito”, falou. Para ele, a reação dos menores deu-se em partes por conta do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Andreucci disse que, nesses casos, “a lei gera impunidade”. “Eles não estão nem aí de confessar como fizeram e de rir. Falaram que, agora, vão responder e que, depois, voltam às ruas”, descreveu.
Os menores podem permanecer na Fundação Casa (antiga Febem) por período que varia de três a seis meses. Em função da gravidade do caso, porém, a permanência na instituição de recuperação pode ser estendida para até os 21 anos de idade.
“Independente do tempo que passem, o que importa é que eles são jovens que estão fazendo roubo, dando tiros, matando pessoas”, citou ele, ao defender a redução da maioridade penal.
O delegado é a favor da redução dos 18 para os 16 anos de idade nos casos de crimes praticados por menores.
“Acho que está na hora de rever essa lei, porque os menores estão seguindo uma carreira no crime. Veja o caso dos dois adolescentes”, comentou.
Conforme ele, os suspeitos de terem participado do assalto já tinham praticado pequenos furtos. Migraram para o tráfico e, depois, para o roubo e tentativa de latrocínio – como foi registrado o boletim de ocorrência da semana passada. “No final, eles ainda riram e ironizaram a polícia e o Judiciário”.
O titular sustentou que é preciso haver trabalho mais efetivo de recuperação dos menores infratores. Andreucci defende que os adolescentes tenham uma “internação mais severa” – com trabalho e estudo durante a internação –, mas em “lugares com condições mínimas”.
“Tem de haver algo nesse sentido, porque, pelos depoimentos que tomei dos menores, é difícil falar que eles têm alguma chance de recuperação”, encerrou.