Patrícia Milão
Crianças aproveitaram o espaço reformado com brinquedos novos e áreas revitalizadas durante “Dia do Bem-Fazer”
Durante a manhã de domingo, 25, as crianças que participam do Cosc (Centro de Orientação e Serviços à Comunidade) instalado na rua Nhô Nhô da Botica, corriam de um lado para o outro, revezando-se entre os novos brinquedos, o campinho e os doces da festa “Dia do Bem-Fazer”, promovida pelo grupo Camargo Corrêa, ao qual a empresa Tavex é pertencente.
Realizado desde 2009, o Dia do Bem-Fazer aconteceu no Cosc em comemoração à entrega das instalações reformadas por funcionários voluntários da unidade Tatuí da Tavex.
A reforma ocorreu durante o mês de agosto, tendo começado no dia 4. Todo o prédio foi pintado; os espaços internos receberam forros; a cozinha foi reformada e equipada com a doação de uma geladeira nova; as mesas, as prateleiras e os armários, onde os materiais escolares eram guardados, foram substituídos por novos.
Na parte externa da instalação, o espaço reservado a conversas com os alunos foi revitalizado: bobinas de madeira foram pintadas e utilizadas como mesas, além de sucata reciclada e tocos de madeira coloridos serem transformados em bancos.
“Aqui, a educadora reúne os alunos para uma conversa, um ‘papo cabeça’”, afirmou o presidente do Cosc, Juvenal Marques Rodrigues.
O campinho de areia ganhou nova cerca. A antiga, de tijolos, foi substituída por uma “sustentável”, de pneus coloridos.
“Colocaram esses pneus porque, antes, havia perigo de alguma das crianças cair, bater a cabeça e se machucar”, salientou Rodrigues.
As árvores foram podadas, todo o entulho foi removido e as trilhas de acesso entre um espaço e outro foram contornados por garrafas pets. Novidades também foram as gangorras e os balanços instalados.
“As crianças estão mais felizes com as mudanças. Antes, não tinha muita opção para brincar. Agora, vão poder ir ao balanço, à gangorra”, comentou a educadora Eliane Aquino Cresciulo, há dez anos no Cosc.
A iniciativa da parceria partiu da presidência do Cosc há dois anos, quando, sabendo da reforma realizada pela Tavex na Casa Transitória, o centro procurou a empresa, demonstrando interesse em que ela realizasse modificações nas estruturas do Cosc.
“O Cosc estava precisando fazer uma reforma, estava com as instalações em condições precárias mesmo”, contou Rodrigues.
Em fevereiro deste ano, o Gaiv (Grupo de Apoio e Incentivo ao Voluntariado) da Tavex entrou em contato para avaliar as instalações. Primeiramente, as integrantes visitaram a unidade do Cosc no Jardim Santa Rita.
“Nós íamos pintar o muro da unidade do Santa Rita. Porém, fomos convidadas a conhecer a unidade do centro. Depois que viemos, resolvemos que aqui a necessidade seria maior, e não fizemos visitas em outras instituições”, contou a integrante do Gaiv Heloísa Camargo.
Definido o local da ação, as parcerias começaram a ser buscadas e os voluntários, reunidos. Ao todo, 28 instituições uniram-se para a reforma da unidade do Cosc junto com a Tavex, auxiliando com recurso financeiro ou doações de materiais, eletrodomésticos e objetos.
Os voluntários foram chamados por campanha interna na indústria. Na hora da inscrição, os 64 funcionários participantes citaram uma área de atuação. “Tinha as habilidades em elétrica, mecânica, pintura, civil, limpeza e jardinagem”, listou a integrante do Gaiv Leda Costa.
No final de julho, um levantamento sobre o que teria de ser feito e quais necessidades para a execução foi desenvolvido. Assim que os serviços começaram, os horários de trabalho eram variados. Os funcionários iam ao Cosc aos finais de semana, após o expediente ou, até mesmo, tiravam tempo do banco de horas para ir à entidade.
“Tiveram pessoas que trabalharam diretamente aqui e outras que trabalharam lá na empresa, para fazer os bancos”, informou o supervisor de mecânica e voluntário Marcelo Bueno.
Na comemoração da entrega, com o Dia do Bem-Fazer, todos os voluntários, alunos e funcionários do Cosc reuniram-se na unidade para comemorar.
“É gostoso trabalhar e vermos a alegria da criançada depois que terminamos o serviço. Nós pensamos no dia do início, e vermos hoje como está, é a coisa mais linda do mundo”, expressou o supervisor de elétrica e voluntário José Claúdio de Paula.
Na festa, uma mesa cheia de doces variados foi montada: pipoca, refrigerante, achocolatado, maria-mole, bolo estavam à disposição.
Em agradecimento à reforma e ao esforço dos voluntários, o Cosc presenteou a Tavex com uma placa. Os participantes receberam rosas dos alunos.
“Voluntariado é algo que inspira e contagia. Nosso intuito é colaborar com a sociedade, com as crianças, com o futuro”, enfatizou a gerente das unidades Tatuí e Americana da Tavex, Lilia Maria Gualda Coelho.
Para a educadora do Cosc, os benefícios da mudança física do projeto vão além do conforto e beleza estética. “Normalmente, os alunos já gostam muito daqui. Dá até para dizer que é como se fosse a casa, um lugar de refúgio para eles. Com a melhoria, eu tenho certeza que vai motivar muito mais”, argumentou Eliana.
Entre as crianças, já estavam sendo estipuladas regras com as novas opções de brinquedo, como “quem não fizer a lição não balança”. Para eles, a reforma na estrutura também foi uma surpresa.
“A gente achava que eles só iam aumentar o campinho. E eles pintaram e tudo. Todo mundo está falando: ‘Nossa, olha o que fizeram! O projeto está muito bonito’”, contou a aluna Ana Flávia Bueno Paes, 12, há um ano no Cosc.
Numa escala de zero a dez, os alunos classificaram como dez o nível de mudança pelo qual o prédio passou. “É um projeto novo, mais bonito”, disse a aluna Jaimile Vitória Oliveira e Silva, 11, que participa há um ano das atividades.
Antigamente, no espaço onde funciona o Cosc, uma professora dava aulas para alunos que saiam da escola. “Aqui, era um terreno cheio de mato. Então, debaixo das árvores, ela ensinava as crianças e fazia com que elas voltassem à escola”, contou Rodrigues.
Há 21 anos, o Cosc passou a ajudar a professora e, pouco a pouco, a assumir a ação e construir a estrutura que foi reformada. “Houve aqui o famoso ‘puxadinho’. Foi dessa forma. Era tudo de uma maneira muito rústica, muito humilde”, afirmou Rodrigues.
Sem ser proprietário do terreno, o Cosc tenta, por meio de processo usucapião, ter o direito de posse da terra, que é propriedade da falida fábrica São Martinho.
No espaço – composto por banheiros masculino e feminino, vestiário, sala de reunião, cozinha, recepção, sala de aula e sala de jogos, refeitório, área de lazer e horta –, o Cosc atende 40 crianças.
Divididos em dois turnos, os alunos frequentam a entidade em período oposto ao escolar. As crianças lancham e têm atividades durante três horas.
A entidade promove o chamado “Projeto Caminhar”, desenvolvido em dois polos: na unidade “I”, no centro, e na “II”, no Jardim Rosa Garcia, com crianças de 10 a 14 anos.
A “fase II” do Projeto Caminhar funciona com os adolescentes de 14 a 16 anos, que têm aulas na unidade do Santa Rita e na Fatec, com objetivo de passar em vestibulares técnicos e de graduação.
“O principal trabalho com eles são as atividades socioeducativas, a questão de valores, cidadania, virtudes. Eles também fazem atividade na horta. Plantam e, depois, levam para a casa as verduras”, informou Eliana.