Aposentado cria projeto e pretende pedalar mil quilômetros em um ano





Cristiano Mota

Cesar Rocha pedala comente durante o dia e pretende escrever livro

 

As histórias de superações por meio do esporte e as aventuras trilhadas por esportistas, vez ou outra, servem de estímulos para pessoas das mais diversas idades. Aos 61 anos e recuperado de um infarto, o aposentado Cesar Rocha buscou nessas trajetórias a inspiração para criar o próprio projeto.

Batizada de “SP em duas Rodas”, a ideia fazer do Estado de São Paulo o percurso de uma aventura que começou na cidade de Formosa, no Estado de Goiás. É lá que Rocha morava até começar a aventura que deve durar mais de um ano.

Paulista de nascimento, ele mudou-se com a família para o outro estado na década de 70. Antes, viveu em Marília, Ribeirão Preto (em São Paulo) até ir para Brasília e, depois, Goiás. Em todos os lugares que viveu, ele sempre manteve a prática esportiva. Gostava (e continua gostando) de pedalar por vários quilômetros.

Rocha, entretanto, nunca tinha “ido tão longe”. “É a primeira vez que eu faço uma aventura grande deste tipo”, contou ele, em passagem pelo município. O ciclista esteve na redação de O Progresso na manhã do dia 10 deste mês.

Na ocasião, contou como teve a ideia de criar o projeto e explicou o que pretende com a aventura. Rocha mantém um “blog” (diário virtual – pedalbyrocha.blogspot.com.br) e um perfil em rede social, nos quais faz um relato quase que diário de seu dia a dia nas estradas do Estado. Ele saiu de Goiás já com patrocínio.

O ponto de partida foi a cidade de Uberaba, localizada no triângulo mineiro, no mês de setembro. De lá, ele pedalou por vários municípios. O destino final é Ilha Comprida, no litoral sul do Estado de São Paulo, onde pretende morar.

“Eu pedalo há muito tempo, não profissionalmente, mas sempre saía com os amigos, fazia trilhas, coisas curtas”, lembrou o aventureiro. Como havia “dado um tempo” na atividade física, ele decidiu retornar aos poucos. Fez uma “breve preparação física”, comprou os equipamentos e deu início a seu projeto.

A retomada acontece quase 30 anos depois de Rocha ter parado com as pedaladas. Ele contou que mantinha atividade física regular nos anos 80 e que, depois de um tempo, ficou sedentário. Voltou há dois anos, por recomendação médica em função de uma cirurgia no coração. “Ganhei duas pontes (de safena). Aí, precisava começar a fazer exercício”, descreveu.

Os médicos indicaram a caminhada, para a retomada das atividades. “O problema é que eu não gosto de andar. Aí, voltei para a bicicleta, só que mais devagar, para ganhar condicionamento físico e recuperar a saúde”, relatou.

Mais confiante – e sentindo-se preparado – o ciclista resolveu traçar rota própria para sua aventura. O projeto original era percorrer, aproximadamente, 4.500 quilômetros visitando o maior número de municípios paulistas possíveis. Durante o trajeto, o aventureiro precisou mudar a rota.

De Uberaba, Rocha chegou a Igarapava – primeira cidade do Estado de São Paulo. Ao chegar lá, se deparou com dificuldades ao percorrer o traçado e receber orientações de policiais militares rodoviários e equipes de atendimento de concessionárias, o ciclista resolveu ir adaptando o roteiro. “Vou inserindo os dados das cidades que visito no meu blog”, descreveu o aventureiro.

A ideia é transformar os relatos em um livro sobre viagem. Por conta disso, Rocha não escreve todos os detalhes do dia. Também não faz uma atualização diária. “Nem sempre dá para fazer. Em Avaré, por exemplo, tive tempo, mas acabei não abastecendo o blog com informações”, comentou.

Até o momento, a rota traçada pelo aventureiro incluiu passagens por cidades da região, como Avaré e Porangaba. Em cada uma delas, fez visitas às prefeituras e jornais. “Dou sempre prioridade para isso (para as visitas). Esses dois locais são meus objetivos principais em cada município”, revelou.

O aventureiro sempre pedala durante o dia. Começa a bateria de seis horas diárias de pedaladas pela manhã e, por questão de segurança, evita andar pelas rodovias à noite. A média do percurso diário feito por ele é de 40 quilômetros. Nesse ritmo, Rocha já percorreu 17 cidades, incluindo a “Capital da Música”.

“SP em duas Rodas” não inclui volta. Ao final da aventura, Rocha deverá permanecer em Ilha Comprida. O ciclista já providenciou, antes mesmo da aventura, a mudança de seus objetos pessoais de Formosa para o litoral de São Paulo.

Até o trajeto final, mais 20 municípios deverão ser visitados. Quando chega num deles, Rocha procura hotéis, ou pousadas para descansar. “A opção é sempre pelo local mais econômico”, contou. O mesmo vale para a alimentação.

Nos municípios, ele visita as prefeituras apenas para coletar informações e verificar se há abrigos temporários onde pode ficar. Os jornais são conhecidos para que a história dele possa ser divulgada para o maior número de pessoas e, com isso, inspirá-las a praticar esporte ou se aventurar como ele.