Ameaças em escola de Tatuí alteram rotina de estudantes

Com educadores, prefeitura anuncia reforço na segurança

Plano reúne cúpula da segurança pública e coordenadores da Educação no Nebam (foto: AI Prefeitura)
Da reportagem

Ameaças de supostos atentados em escolas de Tatuí alteraram a rotina das unidades de ensino locais e fez com que educadores e autoridades civis e militares do município se mobilizassem para estudar medidas de segurança voltadas a alunos, pais e professores.

Um plano de segurança para as unidades escolares foi discutido na tarde de quarta-feira, 5, no auditório “Jornalista Maurício Loureiro Gama”, do Nebam (Núcleo de Educação Básica Municipal) “Ayrton Senna da Silva”.

O encontro teve presença do delegado titular da Polícia Civil, José Luiz Teixeira; do comandante da 2ª Companhia do 22º Batalhão da Polícia Militar de Tatuí, capitão Diego Reali Ponciano Machado; do comandante da GCM, Vanderlei dos Passos; do secretário da Segurança Pública, coronel Miguel Ângelo de Campos; da secretária da Educação, Elisângela da Costa Rosa Cecílio; professores e gestores das redes de ensino público (estadual e municipal) e particular.

Na reunião, o prefeito Miguel Lopes Cardoso Júnior apresentou as principais ações já tomadas para garantir a segurança dos alunos e professores. Também foram discutidas possíveis ações futuras para reforçar a segurança nas escolas.

Limitar acesso às unidades, intensificar as rondas escolares, investir em treinamentos voltados à área de segurança para os professores, monitores e diretores, e mapear as estruturas físicas das escolas são algumas das medidas previstas.

“Foi uma oportunidade única de ouvir os especialistas e líderes responsáveis por manter a segurança em nossa cidade e, juntos, construirmos soluções efetivas para manter nossas escolas seguras”, apontou o prefeito.

O grupo foi convocado na mesma quarta-feira, após os episódios que envolveram a Escola Estadual “José Celso de Mello” e do surgimento de boatos e “fake news” em grupos de WhatsApp e pelas redes sociais.

De acordo com Elisângela, a intenção é criar formas de prevenção e traçar ações para emergências, além de tranquilizar a rede de ensino, que ficou “assustada” com as notícias e as mensagens que circularam nestes dias.

As ameaças de supostos ataques em Tatuí fizeram com que algumas escolas da rede estadual e particular suspendessem as aulas nesta quinta-feira, 6, principalmente após os atentados ocorridos recentemente no país (a rede municipal já havia anunciado, na segunda-feira, 3, que não haveria aulas em função do feriado de Sexta-Feira Santa).

Uma creche foi alvo de ataque na manhã de quarta-feira, 5, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Quatro crianças foram mortas e cinco ficaram feridas. O ataque aconteceu no início da manhã, na creche Cantinho Bom Pastor, uma unidade de ensino particular.

Segundo a polícia, um homem de 25 anos pulou o muro da creche e iniciou o ataque contra as crianças com uma machadinha. As vítimas foram atingidas na região da cabeça. Após a ação, ele se entregou em um batalhão da PM local. O suspeito tem passagens por porte de drogas, lesão e dano, segundo a Polícia Civil.

O ataque ocorreu menos de dez dias após a Escola Estadual “Thomazia Montoro”, na vila Sônia, zona oeste da capital paulista, ser alvo de um aluno de 13 anos, que matou a professora com golpes de faca e deixou outras três feridas, além de um estudante.

“Temos que tranquilizar toda a população; graças a Deus está tudo tranquilo no nosso município. Houve uma ocorrência dentro de uma escola do estado em Tatuí, mas foi algo muito pontual, nada que afete a segurança nas escolas”, garantiu a secretária.

Segundo ela, “as mensagens e alardes de ataques subjetivos e vagos não devem causar preocupação”. “Nós devemos nos preocupar quando não houver esses alardes, pois, quando acontece algum crime neste sentido, ele, geralmente, é planejado e arquitetado de forma silenciosa”, argumentou.

Para a prevenção, Elisângela aponta que a rede municipal já conta com monitoramento 24 horas nas escolas e creches municipais, além de um “botão do pânico” – um dispositivo físico disponível nas unidades escolares que pode ser acessado por professores e diretores para chamar a GCM em caso de emergência.

“No nosso caso, a intenção é reforçar um sistema já existente nas escolas do município”, salientou. Conforme a gestora, a intenção da secretaria é instalar um aplicativo do “botão de pânico” no celular dos professores também, para que não seja preciso ir até o botão físico.

Outra ação, ainda em estudo, é reforçar a presença do policiamento nas escolas durante os períodos de aula, oferecendo horas-extras de trabalho para os profissionais da GCM nos períodos de folga.

“São atitudes para poder tranquilizar os pais neste momento. Nós ficamos muito preocupados com os pais, muitos foram levar as crianças na creche e nos procuram, desesperados”, disse a secretária, apontando que a situação pode ter sido agravada pelo caso ocorrido em Santa Catarina.

A rede deve continuar as tratativas para o plano de segurança na próxima semana. Outras ações específicas, voltadas à rede estadual, também devem ocorrer. A Polícia Militar deve se reunir com representantes das unidades estaduais na segunda-feira, 10, para estudar novas medidas preventivas.

“Esse apoio técnico de profissionais como a GCM, a PM e a PC é importante, porque, se acontecer alguma coisa, os educadores sozinhos não são ninguém. Além disso, a presença constante do policiamento já deve melhorar a sensação de segurança dos pais, professores e alunos”, ressaltou a secretária.

“Estamos fazendo nossa parte, reforçando a segurança e pensando nas formas de evitar tragédias, nos prevenindo, mas é importante reforçar que, até então, em Tatuí, não há razão para pânico”, reforçou Elisângela.

Conforme a gestora, a Secretaria de Saúde também esteve representada na reunião e já sinalizou apoio no que diz respeito a tratamento e atendimento psicológico e psiquiátrico dos alunos que apresentarem problemas nas escolas, sem que haja a necessidade de entrar em fila de espera – a ação seria também destinada aos alunos da rede estadual.

“Nossas escolas municipais já contam com atendimento de psicólogo, mas esses alunos da rede estadual são moradores do município e, também, terão atendimento, caso seja necessário”, concluiu a secretária.