O renascimento da medicina (final)

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Caros amigos:

Nos dois artigos anteriores, mostrei as bases gregas e romanas da Medicina, que relacionam a saúde física com a mental, bases essas a que se precisa retornar, como aconteceu no Renascimento das Artes no século 15, trazendo grande desenvolvimento à civilização.

Hoje vamos tratar das bases judaico-cristãs da Medicina.

Bases judaicas

O judaísmo estabeleceu a relação entre pecado (patologia) e doença, mostrando que a conduta viciosa adoece o ser humano (este não busca o vício por ser doente, mas fica doente por buscar o vício); também relacionou as doenças e a morte com a rebelião que o ser humano fez contra o Ser Divino por inveja (patologia original).

Também é constante no judaísmo um apelo para a ética da pessoa: “Cessai de praticar o mal e aprendei a praticar o bem”, clamava Isaías. Ele denunciava a hipocrisia existente, das pessoas só participarem de cultos e não praticarem o bem no dia a dia.

“Basta de trazer-me oferendas vãs: elas são para mim um incenso abominável (…) não posso suportar iniquidade e solenidade” (Isaías, Cap. I, 10, 13, 14, 15, 16, 17). (Apud KEPPE, Norberto. O Reino do Homem. Vol. I, São Paulo, Proton Editora, 1983, p. 51).

Bases cristãs

No cristianismo, os sacerdotes perguntaram a Jesus porque seus discípulos não lavavam as mãos em determinada ocasião, e Jesus disse: “não é o que entra pela boca que faz o homem impuro (doente), mas o que sai da boca”.

E nem os discípulos entenderam esta colocação e perguntaram a Ele o que significava, e Jesus respondeu: “é do coração humano que procedem as más intenções, assassínios, adultério, prostituição, roubos, falsos testemunhos e difamações. São essas coisas que contaminam o homem”.

Ou seja, Ele mostrou que o mal vem de dentro do ser humano (Mateus, Cap 15, vers. 21, 22, 24. 25 e 28) (Apud KEPPE, Norberto. O Reino do Homem. Vol I, São Paulo, Proton Editora, 1983, p. 66).

Como vemos, tanto o conhecimento filosófico e científico oriundo da Grécia e Roma, quanto o teológico, filosófico e científico advindo do judaísmo e do cristianismo, trazem um olhar para nossa vida psíquica e para nossa conduta como geradoras de doenças mentais, orgânicas e sociais, quando antiéticas, e de nossa recuperação, quando virtuosas.

É claro que precisamos tratar de nosso corpo, com boa alimentação, exercícios etc. Mas apenas isso não é suficiente, se descuidarmos do principal que é o nossa vida psíquica, espiritual.

Estes conceitos são, aliás, comprovados pela moderna Medicina Psicossomática. O mal vem de dentro da gente e, quando conscientizamos isso, temos um enorme benefício.

Até logo.

* Jornalista e escritor tatuiano