Cristiano Mota
Heloísa Saliba e Borges recebe meias arrecadadas por calouros da Fatec entregues pelo professor Luís Antônio Galhego Fernandes
A “rede de solidariedade” de Tatuí proposta pelo curso de PLP (promotoras legais populares) teve o primeiro resultado prático nesta semana. A consolidação aconteceu por meio de mobilização de calouros da Fatec (Faculdade de Tecnologia) “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo”.
Os estudantes que ingressaram no segundo semestre do ano participaram de campanha de arrecadação de pares de meias. A ação terminou na quarta-feira, 4, com entrega do material coletado junto aos alunos por meio de ato simbólico.
A entrega aconteceu na biblioteca da instituição, pelo coordenador do curso de tecnologia em produção fonográfica, Luís Antônio Galhego Fernandes, a Heloísa Saliba e Borges, representante do curso de PLP.
Conforme Fernandes, a arrecadação aconteceu dentro do “trote solidário”, realizado pela instituição com apoio dos estudantes. A iniciativa visa comemorar o ingresso na faculdade de modo a contribuir com entidades do município.
Além dos pares de meias, o trote, que é realizado no início de cada semestre, incluiu doação de sangue e visitas a duas entidades. As atividades aconteceram em agosto.
A coleta de bolsas de sangue (95 foram contabilizadas) ficou a cargo de equipe do Hemonúcleo Regional de Jaú, da Fundação Hospital Amaral Carvalho.
Nas visitas, os estudantes calouros – acompanhados de veteranos – promoveram duas apresentações. A primeira no Lar “Donato Flores”; a segunda, no Lar São Vicente de Paulo.
“Todos os alunos novos participaram, ou doando sangue, ou nas apresentações, ou com os pares de meias”, disse Fernandes.
De acordo com ele, as ações tiveram início em agosto, terminando na quarta-feira, quando houve a entrega de 61 pares.
As peças seriam, inicialmente, encaminhadas ao asilo. Contudo, houve a arrecadação de meias infantis (para meninos e meninas), as quais serão repassadas ao “Donato Flores” e à Casa de Abrigo Transitória.
Segundo explicou Heloísa, a parceria entre as promotoras legais populares e a faculdade surgiu a partir de projeto desenvolvido no Lar São Vicente de Paulo.
Na instituição, as promotoras estão programando outra iniciativa: a de escrever um livro a partir de histórias contadas pelos internos. A obra será produzida de modo voluntário e terá renda revertida para a própria instituição.
Em conversas com as dirigentes do asilo, as promotoras detectaram que a entidade tinha problemas com a falta de peças. “Com esse frio, as meias não secam facilmente. Daí, não há peças suficientes para aquecer os internos”.
Heloísa explicou que os idosos têm deficiência circulatória. Por isso, as extremidades do corpo são mais frias que o restante do corpo.
“Às vezes, você precisa de mais de um par de meias para poder aquecer. Então, começamos a fazer a campanha voltada para a arrecadação das meias”, relatou.
A Fatec entrou na ação a partir de contato entre Heloísa e Fernandes. O coordenador do curso tecnológico de produção fonográfica aproveitou a ocasião do trote solidário para incluir a doação na lista de atividades dos calouros.
A campanha entre os alunos é considerada a primeira ação prática do curso de PLP. As promotoras atuam, no momento, na produção do livro de histórias. “Nós estamos no estágio de coleta das informações”, explicou Heloísa.
Conforme ela, quatro promotoras revezam-se na tarefa de conversar com os internos. Para isso, elas estão promovendo visitas há aproximadamente um mês.
“Acontece que é um processo demorado, porque os internos têm de confiar nas pessoas que vão para lá, para começarem a contar algo”, argumentou.
Atualmente, o trabalho é desenvolvido em equipes. Duas promotoras conversam com as internas na ala feminina e duas, com os internos na ala masculina. As voluntárias vão ao asilo uma vez por semana e gravam as conversas.
O passo seguinte – após a finalização das conversas – será a transformação das histórias em livro. A tarefa ficará a cargo da jornalista e gerente de comunicação do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, Deise Juliana de Oliveira Voigt.
“Nós já entramos em contato com uma editora. Vamos ter a opção digital, também, e as vendas serão, todas, revertidas para o asilo”, salientou Heloísa.
A promotora legal destacou que, enquanto as voluntárias coletavam informações, entraram em contato com a direção. Antes das meias, elas pensavam em arrecadar fraldas geriátricas descartáveis.
“Conversando com as madres, nós vimos que a necessidade era das meias, e unimos forças com a Fatec”, falou.
Heloísa também entrou em contato com amigos e pessoas próximas, conseguindo obter outros 60 pares de meias, e adiantou novo projeto. A segunda ação será realizada junto à Cooreta (Cooperativa de Reciclagem de Tatuí).
“Nós ainda não sabemos o que é, porque elas têm visita marcada para esses dias. Então, a partir do contato é que as PLPs vão definir o que será realizado”, disse Heloísa. Segundo ela, a iniciativa ficará a cargo de outras promotoras.
A ideia é que o grupo se divida e que apoie diversas instituições e projetos no município. Há intenção de colaboração junto a grupos como o “Amor Exigente”.
“De lá, alguém já se torna voluntário. Essa é a nossa intenção: formar uma rede de solidariedade, na qual se desenvolvem ações”, concluiu Heloísa.