Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa – Cremesp 34708 *
O aumento de casos de infecções pelo vírus influenza no último trimestre do ano passado tem atraído atenção para uma velha conhecida da humanidade. A gripe, como é chamada popularmente, tem gerado surtos regionais pelo país, impulsionada pela introdução de uma nova cepa do subtipo A (H3N2), batizada de Darwin.
Atualmente, são conhecidos três tipos de vírus influenza: A, B e C. Os dois primeiros são mais propícios a provocar epidemias sazonais em diversas localidades do mundo, enquanto o último costuma provocar alguns casos mais leves.
O tipo A da influenza é classificado em subtipos, como o A (H1N1), a chamada gripe suína, e o A (H3N2). Já o tipo B é dividido em duas linhagens: Victoria e Yamagata. Embora possuam diferenças genéticas, todos os tipos podem provocar sintomas parecidos, como febre alta, tosse, garganta inflamada, coriza, espirros, dores de cabeça, dores no corpo e nas articulações, calafrios e fadiga.
O vírus H3N2 é uma variante do vírus influenza A, que é um dos principais responsáveis pela gripe comum e pelos resfriados, sendo facilmente transmitido entre pessoas por meio de gotículas liberadas no ar quando a pessoa gripada tosse ou espirra.
Os sintomas são febre alta no início do contágio, inflamação na garganta, calafrios, perda de apetite, irritação nos olhos, vômito, dores articulares, tosse, mal-estar e diarreia, principalmente em crianças.
Pelo fato de o influenza ser um vírus respiratório, assim como o que causa a Covid-19 (Sars coV 2), a prevenção contra ele deve ser feita da mesma forma, ou seja, com distanciamento físico entre as pessoas (de um a dois metros), uso de máscara e higiene das mãos, lavagens frequentes com sabão e uso de álcool gel, constantemente.
O período de incubação do vírus H3N2 é de três a cinco dias, quando começa a manifestação dos sintomas. Porém, também é possível que uma pessoa tenha a doença de uma forma assintomática, sem apresentar nenhuma reação, ou poucos e leves sintomas.
Durante o período de incubação ou em casos de infecções assintomáticas, o paciente também pode transmitir a doença. O período de transmissão do vírus em crianças é de até 14 dias, enquanto nos adultos é de até sete dias.
A doença pode começar a ser transmitida até um dia antes do início do surgimento dos sintomas. O período de maior risco de contágio é quando há sintomas, sobretudo febre.
Recomendação
Pessoas que apresentarem sintomas gripais devem procurar atendimento médico na unidade básica de saúde mais próxima de sua residência ou o seu médico particular. Lembrar que gripe não é a mesma coisa que resfriado. Na gripe, sempre aparece febre e os sintomas são mais agudos. Por isso a importância de fazer a vacina anual. Pode ser feita a partir dos seis meses de idade.
Mesmo com letalidade menor que a Covid-19, o H3N2 tem mais chances de evoluir para casos graves em grupos de risco (crianças, idosos, gestantes e indivíduos com comorbidades).
A propagação do vírus pode ter relação com a baixa cobertura vacinal contra a gripe e com a flexibilização das medidas de restrição e prevenção adotadas contra a Covid-19. Como a cepa sofre mutações frequentes, a vacina deve ser feita e repetida uma vez ao ano, na época ideal, ou seja, o outono ou início do inverno (março, abril, maio).
O Brasil possui vacinas que protegem contra o vírus influenza A e B, no entanto, elas não são específicas para a variante H3N2, que está atingindo o país.
De acordo com o Instituto Butantan, maior produtor de vacinas para a gripe do Hemisfério Sul, a previsão é de que a vacina para H3N2 chegue ao Brasil a partir de março. Ao vacinar, dar preferência à vacina tetravalente, a qual protege (depois de 14 dias da aplicação) contra os quatro vírus da gripe.
Fontes: Agência Fiocruz de Notícias; prefeitura de Viçosa (MG); prefeitura de Ubatuba (SP).
* Médico com título de especialista em pediatria pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e pela SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). Diretor clínico da Clínica de Vacinação “Sou Doutor Cevac” de Tatuí e o próprio aplicador de vacinas, cuja atuação está completando 40 anos de atividades. A clínica é credenciada pela Secretaria do Estado da Saúde desde 1983 e foi inaugurada em março de 1982.