Da redação
Em cerimônia transmitida virtualmente, na noite de quinta-feira, 4, a prefeitura, por meio do Museu Histórico “Paulo Setúbal”, anunciou os escritores contemplados no 18º Prêmio Literário Paulo Setúbal – Contos, Crônicas e Poesias, de abrangência nacional.
A solenidade, realizada pelo equipamento cultural da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude e conduzida pelo diretor municipal da Cultura e gestor do MHPS, Rogério Vianna, contou com apresentação musical do Duo Mayara Rios e Reginaldo Cesar.
O certame teve início com a abertura das inscrições em 2 de março do ano passado, seguindo até 8 de maio, de duas formas: pessoalmente ou via Correios – somente neste sistema, até o final de abril, 368 trabalhos foram recebidos.
Contudo, em maio, seguindo as orientações dos órgãos de saúde quanto ao distanciamento social, a organização criou um sistema online para inscrições e prorrogou o prazo. Nesta segunda etapa, outras 1.981 obras foram inscritas.
Na edição anterior, o júri analisou 544 trabalhos, a partir de 102 cidades de 19 estados brasileiros e do Distrito Federal, sendo 42 obras de autores tatuianos.
No encerramento do novo prazo, às 23h59 do dia 19 de junho, 2.349 obras estavam inscritas nas três modalidades do concurso, sendo 869 contos, 485 crônicas e 995 poesias, com participantes de 424 cidades de todos os estados do Brasil – 190 a mais que na edição anterior, quando escritores de 134 municípios se inscreveram.
Na atual edição, o prêmio faz alusão ao centenário do edifício-sede do Museu Histórico “Paulo Setúbal”, sendo que os trabalhos são analisados quanto aos critérios estabelecidos pelo edital e encaminhados para análise da comissão julgadora.
O prêmio literário tem a premiação total de R$ 18 mil, sendo R$ 6.000 para cada uma das categorias (conto, crônica e poesia). O vencedor recebe R$ 2.500 mais um troféu dourado, o segundo lugar ganha R$ 1.500 e um troféu prateado e o terceiro lugar leva R$ 1.000 e troféu em tom de bronze. Os troféus possuem base de granito e plaqueta de latão, com a gravação do nome do escritor contemplado.
A nova edição também manteve o Prêmio Galardão, destinado exclusivamente a obras de autores nascidos ou residentes há mais de dois anos em Tatuí. Cada uma das três categorias destinou aos vencedores premiações de R$ 1.000 e troféus.
Na sexta-feira da semana passada, 29 de janeiro, a comissão do certame entrou em contato com os vencedores, solicitando a gravação de um vídeo para ser transmitido na cerimônia. Apesar disso, os escritores não foram informados sobre qual categoria seriam premiados, tampouco a colocação alcançada.
Na categoria conto, os escritores Leonardo Antonio da Costa Neto, de Belo Horizonte (MG), com o texto “Abayomi”, Maria Gleyciane da Silva, de Natal (RN), autora de “Cor de Lama”, e Athos Ronaldo Miralha da Cunha, de Santa Maria (RS), com a obra “Olhos de Mel”, receberam menções honrosas.
O prêmio máximo da categoria conto foi entregue a Amilcar Neves, de Florianópolis (SC), autor da obra “Uma Terra Original”. Alessandra Oitaven Pearce de Carvalho Monteiro, de Salvador (BA), com o texto “Sustentabilidade”, e José Ricardo Alo Rodrigues, do Rio de Janeiro (RJ), com “De Conversa em Conversa”, ficaram com a segunda e a terceira posições, respectivamente.
Escritor de nove livros de ficção publicados, geralmente derivados de concursos literários, Neves se mostrou satisfeito com o reconhecimento. “É uma satisfação ver o nosso trabalho sendo reconhecido com uma premiação e, especialmente, com uma coisa na conta bancária”, declarou.
O vencedor destaca que os escritores são incentivados com a realização de concursos literários e pediu para que a prefeita Maria José Vieira de Camargo “sempre olhe com muita atenção para a área cultural do município”.
“É a forma na qual as pessoas se expressam e podem falar da cidade, do recanto e da vida”, enfatizou Neves.
O Prêmio Galardão da categoria foi para Renato José de Almeida Mello, a partir da obra “O Espírito Pé Vermelho”. Escritora de “Conto de Uma Quarentena”, a tatuiana Adriana do Rocio Seratto obteve menção honrosa.
“O conto é a história de um menino que vai visitar o museu com a escola. A princípio, ele não está muito interessado, mas, aos poucos, teve contato com a grandiosidade do local”, conta Mello.
Com um livro publicado, Mello diz escrever por prazer e publicar nas redes sociais. Ele agradeceu por poder participar do concurso e recomenda que todos leiam. “Busquem o que lhes agrada, pois a leitura nos traz sabedoria e enriquecimento cultural”, ressaltou o tatuiano.
A primeira posição da categoria crônica foi dada ao escritor Oly Cesar Wolf, de Campo Largo (PR), a partir da obra “Adão, Feromônios e o Sistema Financeiro”. O segundo lugar foi alcançado por Marcos Lopes de Aguilar, de Guarulhos (SP), com o texto “Senha P-130”, e o terceiro, por Márcio Martins Lobo Jardim, da capital paulista, com “As Verrugas do Recife.
Os textos “Devaneios na Varanda de Setembro”, do escritor Ricardo Maggessi Viola, de Itajubá (MG), “Danças Macabras”, da autora Maria Ignez Novais Ayala, de João Pessoa (PB), e “O Funeral do Diálogo”, da escritora Natália Corrêa Nami, de Barra do Piraí (RJ), receberam menções honrosas.
Com o texto “Com Minha Sunga Preta da Calvin Klein”, Lúcio Rodrigues Júnior voltou a ser contemplado no concurso, recebendo o Prêmio Galardão da categoria.
Ele havia alcançado a primeira colocação no 17º Prêmio Literário Paulo Setúbal, na categoria crônica, com a obra “Ram Móveis”, e, na edição de 2018, ganhou o Prêmio Galardão de poesia, com “Recordações”, além uma menção honrosa na categoria conto, com o texto “Lago dos Ipês”.
Durante os agradecimentos, Rodrigues Júnior disse espelhar-se em um poema de Mia Couto: “Não é segurando nas asas que se ajuda um pássaro a voar. O pássaro voa simplesmente porque o deixam ser pássaro”. “É isso que o concurso oferece. Ele nos deixa livre para apresentarmos as nossas ideias”, frisou
A menção honrosa na categoria conto ao Prêmio Galardão foi para Fernanda Antunes, autora de “Não Fui Eu!”. Fernanda foi premiada nas quatro últimas edições do Concurso Paulo Setúbal – Literatura e Artes Visuais, voltado aos alunos da rede de ensino de Tatuí.
Antes de anunciar os contemplados na categoria poesia, Vianna leu um trecho do relatório da comissão julgadora do concurso. Nele, a comissão aponta que “os textos concorrentes apresentaram uma técnica e criativa absolutamente impressionantes”.
“Gostaríamos mesmo que 90% dos escritores fossem agraciados com prêmios e menções honrosas, o que, evidentemente, não é possível”, complementa a comissão julgadora, no relatório.
A obra “Guerra” garantiu a Antônio Augusto D’Aguiar Mercador, de Saquarema (RJ), o prêmio máximo da categoria. Completaram o “pódio”: André Telucazu Kondo, de Taubaté (SP), com a poesia “Inventários & Invenções”, e Fernando Luiz de Barros Bueno, de Belo Horizonte (MG), autor de “Enjeitado”.
De acordo com Mercador, “a escrita é a memória do homem e a literatura e a poesia são as formas que emprestam à memória o poder de transformar mundos e pessoas”.
Segundo ele, “irmã gêmea da escrita, a leitura estimula a imaginação, o conhecimento e alarga a maneira de como se entende o mundo e a vida”. “Por isso, é tão importante ler e escrever”, completou o vencedor.
As menções honrosas foram dadas a Renata Araújo Sodré da Silva, da capital fluminense, com o texto “R. Sodré”, Airton Souza de Oliveira, de Marabá (PA), pela obra “Receita para Emplumar o Coração de Outono”, e Mônica de Souza Tuler, de São José dos Campos (SP), autora de “A Bagagem”.
A obra “Anelações” garantiu o Prêmio Galardão ao escritor Alexandro Gonçalves de Camargo, assim como o texto “Ao Ser e ao Nada” rendeu uma menção honrosa a Denis André de Oliveira.
Em breve, será feito o lançamento do tabloide com os trabalhos de todos os vencedores dos certames, organizado pelo Departamento Municipal de Cultura, da Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude e que será encartado no jornal O Progresso.
Vianna destaca que o Prêmio Literário Paulo Setúbal possui tradição e grande visibilidade em todo o Brasil. Diante das dificuldades impostas pela pandemia, o gestor do MHPS ressalta a ajuda dos Irmãos Setúbal e da equipe da secretaria municipal para promover o certame de 2020.
Além da possiblidade de as inscrições e a participação serem realizadas pela internet, Vianna também ressaltou a opção de a cerimônia de premiação ser transmitida virtualmente, tendo alcançado 2.000 pessoas, uma média de 250 visualizações simultâneas e 549 comentários. “Nestes dados, ainda não estão computados os da rede social do museu”, informou.
De acordo com o diretor municipal, apesar da chance de flexibilização das recomendações do combate contra a Covid-19 e de, futuramente, as cerimônias poderem ser realizadas presencialmente, as transmissões virtuais poderão ser mantidas.
“A comissão organizadora percebeu que a transmissão atingiu boa parte das pessoas que não podem se locomover para virem a Tatuí em uma cerimônia, mas que gostam de prestigiar o certame literário. Creio que este foi um grande ganho, além do recorde de inscrições”, afirmou.
“Estamos recebendo várias felicitações de diversas localidades pelo certame ter sido virtual e pela forma com que foi conduzido”, expôs.
Próxima edição
Vianna antecipou que a comissão organizadora está preparando o edital do 19º Prêmio Literário Contos, Crônicas e Poesias, de abrangência nacional, para ser lançado na segunda-feira, 8. Sete dias depois, as inscrições serão abertas, estendendo-se até o dia 30 de março, uma terça-feira.
“O Prêmio Literário Paulo Setúbal é de extrema importância para formação, para salvaguarda do escritor, formação de novos escritores e para apreciação do grande público”, ressalta o gestor do MHPS.
Posteriormente, em abril, a comissão deverá abrir as inscrições ao Concurso Literário de Artes Visuais e Literatura, para a rede de educação.
“As inscrições vão ser iniciadas em abril, para que as escolas tenham tempo para se organizarem e poderem participar desse certame que é de extrema importância”, apontou.
Como estava previsto para 2020, a nova edição do concurso terá como tema o aniversário de lançamento de “Alma Cabocla”, sendo que os alunos da rede de ensino devem mostrar, nos trabalhos, referencias da obra poética do escritor tatuiano.
“Iria ser no ano passado, mas, devido à pandemia e à consequente suspensão das atividades presenciais nas escolas, nós optamos por deixá-lo para 2021”, finaliza Vianna.