Um grupo de empresários, amigos, profissionais liberais e membros de clubes de serviços abriu, na noite de segunda-feira, 18, os 11 primeiros cômodos reformados por meio do projeto “Adote um Quarto”. O ato, realizado no segundo andar da ala “Orlando Bolzan”, completou a solenidade iniciada na Capela da Sagrada Família, da Santa Casa de Misericórdia.
A cerimônia, realizada às 19h pela Prefeitura, é a primeira de uma série de três. Mais duas entregas de chaves serão feitas pelos demais padrinhos, em janeiro e em fevereiro, respectivamente.
No total, mais de cem colaboradores viabilizaram a reforma dos quartos que atendem ao SUS (Sistema Único de Saúde). Eles serão convocados na medida em que as obras forem concluídas.
O projeto é coordenado pela conselheira do Fusstat (Fundo Social de Solidariedade de Tatuí) Alessandra Vieira de Camargo Teles. Ela liderou o trabalho de levantamento dos fundos, implantando um braço do projeto “Adote a Santa Casa”, iniciado pelo Fundo Social.
Representando a presidente do Fundo Social, Sônia Maria Ribeiro da Silva, Alessandra disse, em discurso, que os padrinhos salvaram a Santa Casa.
“Vocês, cada um de vocês – e mais de algumas dezenas que não estão presentes, porque vamos ter mais duas entregas – foram amigos doadores. Vocês conseguiram tirar a nossa Santa Casa da morte e devolveram-lhe a vida”, iniciou.
A coordenadora registrou nominalmente os colaboradores e mencionou a equipe da Central do Voluntariado, que começou a funcionar em novembro. “A luta foi grande, mas vencemos”, declarou.
Direcionando a fala aos doadores, Alessandra afirmou que, sem eles, o projeto não poderia ser realizado. Ela classificou as contribuições como um ato de desprendimento e apresentou um breve relato a respeito do surgimento do projeto.
Também disse que o grupo responsável pela captação de verba ficou surpreso com a resposta da comunidade. “Imaginávamos levar 12 meses para arrecadar recursos. Levamos 90 dias. Uma soma de esforços e da credibilidade da prefeita (Maria José Vieira de Camargo), com as bênçãos de Deus”.
De acordo com a coordenadora, os padrinhos não só acreditaram no projeto como mudaram a realidade do hospital. Alessandra afirmou que a Santa Casa, até então, era vista como uma “instituição totalmente desacreditada”. “E vocês entregaram quase R$ 500 mil”, ressaltou.
O Fusstat arrecadou, para a reforma, um total de R$ 495 mil, sendo R$ 15 mil por quarto. Ao todo, serão reformados 33 quartos – a maioria, com três leitos; alguns, com dois.
Para a coordenadora, embora o hospital encontre-se “em estado grave”, a ajuda dos doadores permitirá que o trabalho de recuperação da saúde financeira da entidade continue.
Alessandra afirmou que os padrinhos “fizeram acender a luz da esperança”. “É por isso que escolhemos a capela, para agradecermos pela vida de cada um de vocês que aqui colaborou”, complementou.
Na segunda, entregaram as chaves dos quartos os doadores: Lions Clube de Tatuí, Rotary Club de Tatuí, Grupo de Amigos (coordenado por Maria Helena Grandino Teles e Maria Olívia Fogaça Miranda), Sítio do Carroção, JPBF Empreendimentos Imobiliários, Ricardo Gadel, Igreja Católica de Tatuí/Diocese de Itapetininga, Grupo Mantovani e Família Ermani.
Também participaram da primeira apresentação dos quartos reformados, os representantes do Sindiserv (Sindicato dos Servidores Públicos de Tatuí e Região) e do MR FIDC Fundos de Investimentos/Mário Marques Rodrigues Júnior.
Eles receberam as chaves das autoridades. Entre elas, a prefeita Maria José Vieira de Camargo, a presidente do Fusstat, e o secretário municipal da Saúde, Jerônimo Fernando Dias Simão.
Além deles, acompanharam a cerimônia a interventora da Santa Casa, Márcia Aparecida Giriboni de Souza, secretários municipais e Taiz Boneder Amadei.
Discursando em nome dos padrinhos convocados para a solenidade, Taiz discorreu a respeito da experiência dela com o projeto. A voluntária contou ter sido convidada a conhecer a iniciativa depois de tê-la visto, primeiramente, pela internet.
“Além disso, quando vi que era o Fusstat que estava por trás, comandado pela minha amiga da vida (Sônia Ribeiro), fiz questão de participar. Quero dizer que isso é uma parceria inacreditável”, apontou.
Ela também elogiou a credibilidade da prefeita e disse que ela é “uma figura que só está fazendo maravilhas” em Tatuí. “Depois de um tempo muito feio que passamos, tudo que ela faz é lindo. Tudo”, endossou.
Taiz também destacou o trabalho de Alessandra e afirmou que ela fez uso de muita competência para realizar a ação. Para a reforma, o Fusstat precisou solicitar remanejamento dos pacientes, que estavam internados nos quartos a serem remodelados. Não bastasse isso, ela disse que o grupo teve de “começar do zero”.
Por conta do resultado e do envolvimento dos responsáveis, Taiz contou que pretende continuar a contribuir com o hospital. Ela ainda mencionou que, embora não tenha doado os R$ 15 mil, gostou de ter sido convidada a representar os padrinhos porque o exemplo dela poderá ser seguido por mais pessoas.
Terceira a falar, Maria José enalteceu o papel dos voluntários para a realização do projeto e afirmou que a cidade sempre teve, no voluntariado, a solução para muitos dos problemas que vivenciou.
Como exemplos, a prefeita mencionou a existência de instituições como a própria Santa Casa, o Lar “Donato Flores” e a Litac (Liga Tatuiana de Apoio aos Cancerosos), entre outras.
Para a prefeita, o voluntariado continua fazendo a diferença na “vida do município”. Nesse sentido, citou a importância dos padrinhos, que ela chamou de “parceiros da administração”. Também agradeceu o empenho de Alessandra, a quem atribuiu “determinação, seriedade e ‘coração’”.
Embora tenha convocado a sociedade para apoiá-la, Maria José afirmou que a administração “não fugiu da responsabilidade” para com a Santa Casa. Ela lembrou a atuação do Executivo para o fim da greve dos funcionários do hospital, em janeiro deste ano. Os trabalhadores haviam parado em dezembro de 2016.
A prefeita ressaltou que o primeiro projeto de lei enviado pela Prefeitura à Câmara Municipal –aprovado pelos parlamentares – versava exatamente sobre o pagamento dos funcionários. Também falou sobre o processo de intervenção, a reabertura da UTI (unidade de terapia intensiva) e a ampliação do número de leitos. A unidade passará de oito para dez leitos.
Por meio da intervenção, a Prefeitura também viabilizou a contratação de novos médicos e promoveu a troca das equipes de plantonistas.
“Nós retornamos as cirurgias eletivas. De maio a outubro deste ano, fizemos mais de 1.200. Zeramos algumas filas, mas ainda estamos correndo com outras”, contou.
De acordo com a prefeita, alguns dos procedimentos ainda não puderam ser realizados na totalidade por conta da demanda. Maria José sustentou que algumas das filas de pacientes que aguardam cirurgia existem há mais de um ano.
Junto à Santa Casa, o Executivo ainda administra uma dívida de R$ 32 milhões. Maria José disse que a equipe de intervenção precisou renegociar dívidas e conversar com fornecedores, uma vez que o hospital estava “sem crédito, remédio e produtos de higiene”. Também, segundo ela, faltava “o básico”.
A prefeita ressaltou que, após a intervenção, o Executivo não atrasou os salários dos funcionários e pagou o 13o dos trabalhadores “antes do prazo”. O benefício foi garantido no dia 7, com apoio da Câmara. Os vereadores anteciparam a devolução da sobra orçamentária, que totalizou R$ 1,5 milhão.
Com a conclusão do “Adote”, Maria José reforçou que a Prefeitura, novamente por meio do Fundo Social, pretende “abraçar” o centro cirúrgico. A intenção é reformar o espaço, adquirir novos equipamentos e promover a troca de antigos. Para o trabalho, o Executivo já conta com uma promessa.
O hospital deverá receber recursos do governo do Estado, a serem viabilizados pelo deputado federal e atual secretário-chefe da Casa Civil, Samuel Moreira.
“Ele esteve em Tatuí, no sábado (16), e veio conhecer o projeto ‘Adote um Quarto’. Ficou surpreso e emocionado”, disse a prefeita.
Segundo ela, Moreira se comprometeu a conseguir recursos para revitalizar o centro cirúrgico. A Prefeitura estima precisar, para o trabalho, de quase R$ 1 milhão.
Maria José reforçou que a verba será bem-vinda, assim como qualquer outra colaboração. “Estamos abertos, porque a Santa Casa não tem partido”, concluiu.