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Em 2015, a maior discussão política, que rendeu polêmica entre o Executivo e o Legislativo, envolveu a revisão da lei de zoneamento para a viabilização de um shopping na cidade. Agora, o senhor tem como certa a edificação desse empreendimento, apesar da crise nacional? E, ainda, como o senhor vê esse empreendimento para a situação econômica da cidade?
Manu – Eu gostaria muito de falar sobre esse projeto, que precisou da alteração da lei, que envolveu a sociedade, os poderes constituídos no município. Tive a grata satisfação de ser a pessoa que estava no local certo e na hora certa, quando conheci esses empresários.
Em algumas conversas, eles demonstraram um interesse muito grande em investir em um ramo que ainda, para eles, é novidade. E eu apresentei a nossa cidade, disse que Tatuí é geograficamente bem localizada, que é bem estruturada, que oferece todas as situações que uma empresa desse porte necessita.
E eles vieram aqui, viram diversos locais e acharam a área, que, em minha opinião, era a melhor que poderia ser usada para um empreendimento desse porte, um shopping center para a nossa cidade.
No início, eu também achava que era um sonho impossível Tatuí ter um shopping center dessa magnitude. Depois, em conversas com os empresários, vi que não são aventureiros, que não são pessoas que não têm know-how, e são pessoas supersérias e que vêm de uma família solidificada.
Tudo que eles construíram foi em cima de trabalho, e eles tiveram muito sucesso. É o Grupo Schincariol, que não é novidade para ninguém, e eles viram em Tatuí a oportunidade de um grande negócio. Eles fizeram uma grande pesquisa antes de comprar a área, especularam tudo dentro da cidade e trouxeram um plano macro de nossa cidade, mostrando que Tatuí comportava esse empreendimento.
Muitas vezes, quando se está fazendo um negócio, a gente pensa se aquilo vai dar mesmo certo. Eu vi que aquilo deveria tocar para frente. E tudo correu muito bem, e, por sorte, os empresários que fizeram o negócio da área tinham interesse em alavancar a área deles.
Então, juntaram-se duas forças com interesse comum. O mais importante: o município só vai entrar com a sua força pública. Vamos ouvir as exigências e vamos procurar atender o que a gente pode.
Nessas discussões, antes de efetivar os negócios, vieram todas as exigências, dos tamanhos dos lotes, que tinha que ter uma avenida, sobre o tamanho dela, o lado da cidade que eles querem pegar, que as pessoas teriam que ter acesso ao shopping de ônibus, a pé ou de bicicleta. Seja do que for, ela precisa ter um acesso direto da cidade.
Começamos a costurar o acordo, e isso foi um trabalho bastante tenso. Eu precisava convencer os futuros loteadores que o shopping realmente iria existir, senão não teria razão de ter uma avenida daquelas, poderia ser uma menor. E convencer os empresários do shopping que os empresários do loteamento iriam mesmo fazer a avenida que eles queriam, senão eles não iriam fazer o empreendimento.
A gente amarrou todas as pontas. Eles compraram a área, Tatuí entrou com o protocolo de intenções e demos as isenções já na compra, como o ITBI, e começou a tramitar como seria feito o projeto de alteração da planta genérica, que mandamos para o Legislativo.
Mandamos no mês de agosto de 2014, e foi feito um trabalho maciço com os vereadores, e também com a sociedade, através de audiências. Mas, no projeto inicial, não fomos compreendidos no alcance que a gente queria e, infelizmente, não foi aprovado.
Naquele momento, os empresários desistiram do empreendimento, pois fazia bastante tempo. Eles tinham comprado a área em dezembro e tinham feito todos os trâmites antes de o projeto entrar na Câmara, e, quando entrou, não tivemos a aprovação.
Corri atrás dos empresários, pensando no sentimento que a gente tem quando empresas vão embora da cidade. Já tive a infelicidade de ver a TAM, a Kibon, a Pirelli, ultimamente, a Toyota e a BMW, e não ter o engajamento necessário para que essas empresas venham, e eu fui atrás.
Na primeira vez, tive um “não”; depois, fomos juntos do doutor Onofre (Machado da Silva Júnior, secretário de Governo, Segurança Pública e Transportes) e conseguimos mais uma chance.
Daí tinha que fazer um projeto diferente, que só beneficiasse a avenida e o shopping e que a gente não tivesse nenhum discurso contrário. A gente envolveu toda a sociedade, inclusive, com um abaixo-assinado que veio da própria sociedade.
Os sindicatos se uniram e fizeram o abaixo-assinado com mais de 10 mil assinaturas, e, com a união de todas as associações da sociedade civil e religiosa, conseguimos a audiência com todos os vereadores. Alguns não puderam estar presentes, mas, mesmo assim, se convenceram de que o projeto é de alto alcance e vai mudar a cidade, e ele foi aprovado.
Nós fechamos o cronograma da tão sonhada nova entrada, que, tenho certeza, vai ser uma das mais bonitas do Estado de São Paulo, que começa a partir da segunda quinzena de fevereiro. Nós assinamos com os empresários aqui no gabinete.
Também conseguimos uma reunião com o grupo JDGS e, na próxima semana, estaremos com o projeto de terraplanagem. Uma das obrigações da Prefeitura no Pró-Tatuí é dar a terraplanagem, como foi feito com a Guardian, com a Noma e, agora, será feito com o shopping.
Nós vamos ter que fazer uma licitação pública para escolher a empresa com menor custo para fazer a terraplanagem do shopping. Então, tudo está caminhando em conjunto, com quem está fazendo a avenida e está construindo o shopping.
Posso garantir, com absoluta certeza, que este projeto vai sair do papel e entrar em andamento a partir do segundo semestre. Temos grandes e boas notícias para a nossa cidade. A nova entrada e muitos novos negócios naquele entorno serão concretizados.
São 4.000 empregos, R$ 230 milhões de investimentos no shopping e na avenida, com o enriquecimento que a cidade vai ter. Vai ser o maior empreendimento que a cidade já teve e, talvez, o maior de toda a região.
Eles foram procurados por Itapetininga, mas não só por cidades pequenas: também por Sorocaba, oferecendo áreas, e eles falaram que estava tudo certo e que Tatuí era a “bola da vez”. Como a gente já tinha proposto que começaria a partir deste ano, vai ser e vai acontecer.
Desde a sua posse, o senhor tem enfatizado que priorizaria a Educação. Quais as ações realizadas por sua administração que o senhor destacaria como sendo avanços concretos na área?
Manu – A Educação continua sendo a nossa maior bandeira. É um pilar, e um governo se faz em cima da Educação. Eu propus fazer uma educação de qualidade, e tenho a certeza que isso aconteceu. É uma coisa que falo com tranquilidade.
São seis creches em três anos. Em breve, sete creches, pois vamos entregar a próxima creche, uma das maiores do município, muito bem estruturada, no bairro Tanquinho, que vai atender uma demanda gigante. Aquele bairro vai receber 1.300 novas famílias. Então, nós temos que nos preparar para acolhê-las.
A Educação está reestruturada, desde os profissionais altamente qualificados, uma área que trouxe vários direitos prometidos aos educadores, hoje, garantidos por lei, como hora abonada, HTPE e outros benefícios concedidos. Uma reestruturação seria uma palavra pequena, mas houve uma mudança, realmente, de esfera no material didático.
Esse foi o maior salto, que mostramos que trabalhamos com carinho, com amor aos filhos tatuianos. O material que distribuímos, hoje, é incomparável com o que distribuíam. Se eu falar que é melhor, já é humilhação.
O material que era distribuído em 2012, infelizmente, era vergonhoso, não dava para usar. Mas, não vem ao caso. O que vem ao caso é que, hoje, a gente consegue fazer melhor e com economia. O mesmo material de 2013, só que em quantidades maiores é o que eu entrego hoje.
Em 2012, foram comprados 12 mil kits com aquele material vergonhoso, por R$ 1,4 milhão – isso tem em documento. Em 2013, comprei 13 mil kits de altíssima qualidade, de material escolar de marca, por R$ 1 milhão. R$ 400 mil a menos e mil kits a mais. Hoje, nós gastamos cerca de R$ 2 milhões por 15 mil kits com a mesma qualidade.
Qualidade que vai refletir no ensino ao aluno, no aprendizado, no professorado, que também tem junto a ele um aluno que pode desenvolver melhor seu estudo.
E, por fim, a entrega de um prédio histórico, a Secretaria da Educação. Em todo o tempo que Tatuí não tinha mais a Delegacia de Ensino – cerca de 30 anos quase -, a cidade sempre locou os prédios da secretaria.
E uma pessoa, que todo mundo conhece, o senhor Pedro, que faz as filmagens, disse, chorando, que, hoje, tem orgulho de ser tatuiano. Um ex-professor ver em sua cidade um prédio próprio para a Educação. Um prédio próprio, com acessibilidade, envolvendo quatro outros prédios que eram locados, que era a garagem, o almoxarifado, o setor de transporte e a própria secretaria e o Nate (Núcleo de Atendimento Terapêutico Educacional).
Eram R$ 20 mil em locados; hoje, esses quatro locais estão em um prédio só, que paguei R$ 1,1 milhão, hoje avaliado em R$ 2,5 milhões o prédio, que eu gastei R$ 200 mil para adequar. O investimento foi superado só pela valorização do imóvel. E se computarmos R$ 20 mil só em locação, sem correção, em quatro anos eu pagaria esse belo prédio. É mais uma conquista da Educação.
De todas as creches, foram três adquiridas pelo município e quatro prédios construídos. Nenhuma creche locada. Fora as pré-escolas, que estamos entregando duas e vamos começar mais uma, fora a escola do Tanquinho, que vamos entregar neste semestre.
É uma escola modelo, com conceito sustentável, aproveitando a luminosidade do dia e a água da chuva, com uma quadra poliesportiva acoplada à escola, um laboratório de informática, laboratório para alunos que necessitam de atendimento especial, ou seja, uma belíssima escola que vai abrigar 700 alunos nos dois períodos diariamente, no ensino fundamental. Realmente, ela será um diferencial no nosso governo e na nossa região.
Nas áreas de cultura e turismo, houve um grande ganho com a Festa do Doce, mas o projeto de tematização da cidade como Capital da Música ainda não vingou. Como avalia essa situação?
Manu – Eu avalio de maneira objetiva. Tatuí é uma cidade cultural já de embrião. Temos o Conservatório, temos várias tradições em nossa cidade, como tropeiros e o Carnaval, bailes tradicionais, e eu, como tatuiano, sempre gostei dessa parte da cidade, sempre estive envolvido com isso.
Evidentemente, quando se torna prefeito, tem toda uma cidade e são todos os setores para tomar conta. E eu, quando chamei o (Jorge) Rizek para ser nosso diretor da Cultura e Desenvolvimento Turismo, posso ter certeza – como acertei com a Ângela (Sartori), nossa secretária da Educação -, também acertei com o Rizek.
Mas, tem uma diferença: minha relação com o Rizek é uma relação de amigos. Eu o deixei trabalhar mais à vontade. Rizek não fez só os projetos que eu tinha em mente, mas fez os projetos que ele mesmo tinha em mente.
Ele sonhava com a Festa do Doce, e era o meu sonho também, pois tinha no meu plano de governo, e foi um sucesso. Tenho certeza que a festa ficou, não é um evento que vai acabar. A cidade movimenta, e muito. Os doceiros, hoje, são empresários de sucesso. Eram em 19, fechamos em 42 empresas. Demos um salto gigantesco. Tornou-se um atrativo da cidade.
Na tematização da cidade, conseguimos fazer algumas calçadas e algumas faixas de pedestres em formato de piano, para realçar a nossa Capital da Música, mas acreditamos que podemos fazer mais. Como eu disse no início, temos, hoje, poucos recursos. Precisamos ser mais criativos e correr atrás de parceiros – isso já deixei com o Rizek, para que ele corra atrás de novas empresas.
A gente tem uma parceria com a Coop, que está analisando um lugar para fazer uma praça temática. Estamos buscando uma parceria com o Itaú, para que adote uma praça.
O poder público tem muitos compromissos e muitas prioridades, que acabam dificultando o investimento em algumas áreas que não são a maior necessidade naquele momento.
O que a gente pode fazer, estamos conseguindo. Fizemos a Festa do Doce, o Carnaval. Também incentivamos os movimentos que temos na cidade, como a Festa de São Jorge, cavalgada, tudo que era cultural que já tinha, nós continuamos. Temos mais a fazer? Temos, mas não é por falta de vontade do Poder Executivo, é aquela frustração de não ter como fazer naquele momento.
Tatuí está tramitando muito bem como um “município de interesse turístico”. O projeto foi elaborado pela própria Cultura, não precisamos contratar uma empresa, e quero parabenizar e equipe inteira do Rizek. O projeto já está na Assembleia, com o deputado Sebastião Santos (PRB).
O secretário de Estado do Turismo esteve aqui, e o Rizek reforçou para que Tatuí seja uma das primeiras cidades (a serem aprovadas no programa estadual) e possa passar a receber os recursos, para que a gente possa investir essa verba no próprio turismo.
Tatuí tem, entre outras coisas, a gastronomia, que é maravilhosa; o ciclismo, que tem uma rotatividade grande de pessoas; e outras coisas que vão surgir.
Na Saúde, o senhor anunciou, durante a campanha, que aumentaria o número de UPAs (unidades de pronto atendimento) e de médicos contratados pelo município, assim diminuindo o tempo de espera para consultas.
A população ainda reclama quanto ao tempo para as consultas e para a realização de exames. Da mesma forma, o Pronto-Socorro, embora sob responsabilidade indireta da Prefeitura, ainda apresenta problemas graves. O senhor acredita que pode resolver – ou, pelo menos, minimizar bastante – os problemas na Saúde até o final do ano?
Manu – Eu queria ressaltar, primeiramente, o gasto com a Saúde. Pegamos com 30% do Orçamento, passamos para 32% e, agora, 34%. A Saúde, sem dúvidas, é o calcanhar de Aquiles de qualquer gestor, seja da presidente, do governador ou qualquer prefeito.
Mas, eu posso garantir à população do que era a Saúde e o que é hoje, é visível a melhoria. Em aspecto físico, o Pronto-Socorro foi revitalizado. O prédio do Cemem (Centro Municipal de Especialidades Médicas), que é quase como uma clínica particular, com todas as unidades de saúde revitalizadas, assim como todas as creches foram revitalizadas. Dois prontos atendimentos, um que nós inauguramos no bairro Santa Rita, funcionando até às 10 horas no final de semana.
Com a equipe médica renovada no Pronto-Socorro, que mudou, e muito, os problemas que nós tínhamos no PS, eu discordo que tenha problemas gravíssimos. Eu acompanho, do meu computador, através das informações coletadas no Pronto-Socorro diariamente, que nós não temos problemas gravíssimos.
Nós temos problemas e ninguém aqui está se isentando dos problemas, mas, em comparação ao que a gente encarou no começo, hoje, temos uma mudança satisfatória lá e também na Saúde.
A demora nos atendimentos é basicamente nas especialidades. Hoje, temos mais de 17 especialidades que atendemos no município. Só no Cemem, temos um orçamento de mais de R$ 700 mil por mês, só para mantê-lo funcionando.
São R$ 9 milhões por ano. É um equipamento que atende com 17 especialidades. Se você procurar aqui na região, vai encontrar em Itapetininga, que é um AME, do governo estadual, que tem subsídio. O nosso é pago pelo município, com dinheiro de imposto, recurso arrecadado das empresas. Tenho relatos de pessoas que vêm de outras cidades e parabenizam a Saúde do município.
Tem prefeitos de cidades vizinhas que procuram a nossa secretária da Saúde para saber o modelo de gestão. O novo prefeito de Itapetininga Hiram Ayres Monteiro Júnior (DEM), nosso colega, tem muito contato com a gente, trocando informações, para melhorar a Saúde de lá, que está muito precária.
Temos alguns problemas pontuais, como demora de exames, que é um inchaço, que a Prefeitura tem ao longo dos anos. É um valor altíssimo que a Prefeitura desembolsa com exames. Alguns deles não temos a obrigatoriedade de fazer, mas fazemos, porque a gente tem como prioridade a vida do cidadão. Agora, evidentemente, algum outro exame é mais complexo, e nem aqui na cidade é feito, e temos atendidos à medida do possível.
Quero deixar claro, aqui, o número imenso de ações que recebemos diariamente para aquisição de equipamentos, internações, para fazer exames, que têm um custo elevado, e o Judiciário manda e temos 24 horas e, às vezes, 48 horas para cumprir.
Conseguimos instalar o Caps (Centro de Atendimento Psicossocial), que está diminuindo bastante o número de internações, que envolve terapia, para que o indivíduo se liberte do problema que ele tem com os problemas psicológicos. Muitas pessoas não comentam, mas é um ótimo equipamento.
Aqui em Tatuí, temos que falar, também, da nossa frota municipal, que transporta milhares de pessoas mensalmente para a nossa região, para Campinas, Barretos, Jaú, Sorocaba, Itapetininga, 24 horas trabalhando, um custo elevadíssimo.
Só com hora-extra de motoristas nós dobramos a folha de pagamento. Os veículos estão rodando 24 horas, mal conseguimos dar manutenção e, quando quebra, tem que colocar outro no local. Isso não para, nem em finais de semana. Tudo funcionando 100%.
Problema tem e sempre vai ter. Nós, seres humanos, temos o hábito de achar que o vizinho tem o telhado mais bonito que o nosso, mas às vezes, pode chover muito no nosso telhado e não cair uma gota d’água dentro de casa, e às vezes, no vizinho, sem você perceber, ele está com goteiras e está totalmente alagado. Tatuí, hoje, tem sim uma saúde que está dando a sustentação para a população. Podemos melhorar para 2016? Vamos tentar e buscar a melhoria a cada dia com planejamento e cautela, pois os recursos para a saúde é muito alto.
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