Número de peixes no rio Sorocaba aumentou 15% no prazo de 3 anos

 

A quantidade de peixes vivendo no trecho do rio Sorocaba que passa pelo distrito de Americana aumentou 15% no prazo de três anos. Os dados percentuais, divulgados nesta semana a O Progresso, são resultado de estudos da Usina Hidrelétrica Santa Adélia, companhia que explora a produção de energia e é responsável pelo monitoramento da qualidade da água e outros parâmetros.

Desde 2014, quando retomou as operações, a hidrelétrica tem realizado monitoramento do rio. Os levantamentos acontecem em intervalos de seis meses.

Eles são feitos duas vezes por ano, nos meses de janeiro e julho, e compõem relatório encaminhado para órgãos de proteção ambiental do Estado de São Paulo.

“Neste momento, estou com um pessoal fazendo o monitoramento de peixes”, contou o gerente da companhia, Carlos Eduardo de Oliveira. Como a empresa “trabalha com a água”, ele explicou que a Santa Adélia tem, por obrigação, de manter a qualidade dela, por meio de diagnósticos diversificados.

O trabalho fica a cargo de funcionários que, de barco, percorrem determinados trechos do rio. Em uma das etapas, a equipe coleta amostras de peixes para serem utilizados nas avaliações.

“Apesar de não termos controle da água que vem (na parte montante), conseguimos resolver os problemas apontando em relatórios quais são e o que pode ser feito para saná-los”, disse.

Este acompanhamento está dentro das obrigações da empresa pela exploração da produção. Ao contribuir para a manutenção ou melhoria da qualidade da água, a Santa Adélia está reduzindo o chamado “passivo ambiental”. Trata-se de danos causados ao meio ambiente por conta da atividade.

Na fase de coleta, os técnicos da companhia avaliam três espécies de peixes, predominantes no trecho do rio: cascudo, lambari e curimbatá. Também verificam a presença de oxigênio na água. Nesta época do ano, por conta da cheia, o nível do gás aumenta, facilitando a piracema (período de reprodução).

O contrário ocorre nos períodos de estiagem. De acordo com o gerente, quanto mais baixo o rio, menor é a presença de oxigênio na água. “Geralmente, na seca é que ocorrem as mortandades. No mês que nós estamos, é o contrário: tem muito mais peixe por causa do gás”, acrescentou.

Iniciada no dia 1o de outubro de 2016, a piracema termina em 28 de fevereiro. Durante este intervalo de tempo, a pesca de espécies nativas é proibida.

A fiscalização fica por conta da Polícia Militar Ambiental, que já realizou duas vistorias no distrito de Americana neste ano, até a manhã de segunda-feira, 9.

O uso de tarrafas e outros apetrechos também é proibido nesta época do ano. Entretanto, técnicos da usina recebem autorização especial para empregá-los no trabalho de coleta de amostras de peixes para avaliação da qualidade da água.

Antes de começar o estudo, Oliveira explicou que a companhia remete um comunicado aos órgãos ambientais. Também solicita documentações e autorizações de entidades como o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).

O estudo leva em consideração o tamanho dos peixes coletados e a “qualidade” deles (se apresentam deformação ou têm alguma doença). “Por meio destes parâmetros, acabamos medindo a qualidade da água”, disse o gerente.

As avaliações são feitas duas vezes por ano, exatamente por conta da variação do volume da água. Elas trazem dados de peixes coletados nos dois lados da represa, tanto na parte próxima ao lago de reserva como abaixo das comportas.

Também resultam em dados diferentes por conta da “ação do homem”. Conforme Oliveira, em julho (período de estiagem), a variação decorre de presença de agrotóxicos na água.

“O que acontece é que, quando uma chuva cai repentinamente com um volume grande, leva fungicidas aplicados nas plantações para as águas, que diminuem o oxigênio do rio”, comentou.

Quando este tipo de problema é detectado, a companhia informa os órgãos ambientais por meio dos relatórios. Entidades como o Iphan e a Cetesb ficam responsáveis por comparar as informações para avaliar se houve melhora ou piora.

Em Tatuí, de acordo com a avaliação da Santa Adélia, a qualidade da água do rio Sorocaba melhorou. Tanto que a empresa contabilizou crescimento de 15% na presença de espécies nativas de peixe em trecho no qual está a barragem.

De acordo com o gerente, a “povoação” dos peixes aumentou justamente por conta da represa. Oliveira disse que o lago de contenção da hidrelétrica, por si só, já aumenta a presença de oxigênio na água, facilitando a reprodução.

Do “lado de baixo” das comportas, o gerente explicou que o rio ganha ainda mais gás por conta da passagem da água pelas turbinas que geram energia. “Então, em um trecho maior do rio, estamos promovendo a oxigenação”, disse.

Oliveira enfatizou, ainda, que este “fenômeno” é registrado três quilômetros acima e abaixo da barragem. Com mais oxigênio, o gerente afirmou que o rio pode se recuperar mais rápido de impurezas, como despejo de esgoto.

“A natureza, por si só, é um aquário gigante e vai eliminando impurezas”, finalizou.