Lançada obra com traços de tatuiano

Naia Tonhá e Fábio Antunes recepcionaram convidados em noite de lançamento de livro que integrou Primavera nos Museus (foto: Cristiano Mota)

Desenhista de personagens de sucesso, como Toddynho, Tortuguitas e Chester Cheetah, o ilustrador tatuiano Fábio Antunes apresentou, no dia 21 de setembro, o mais novo trabalho dele voltado ao público infantil. Na data, lançou o livro “Golfinho tem Dor de Dente?”, escrito pela dentista Naia Tonhá Almeida.

A apresentação da obra em Tatuí aconteceu no MHPS (Museu Histórico “Paulo Setúbal”), com presença dos autores, de familiares deles, do secretário municipal do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli, do diretor do Departamento Municipal de Cultura, Rogério Vianna, e de amigos do ilustrador.

“Vim prestigiar o lançamento com minha família, porque conheço o Fábio desde a infância. Nós estudamos na mesma classe, no Colégio Objetivo”, comentou Roberta Capezzuto, uma das visitantes.

Ela contou que também comparecera ao lançamento por conta da temática do livro. A obra trata do incentivo à leitura e do estímulo aos bons hábitos de higiene bucal. “Meus dois filhos (uma menina de dez anos e um menino de 7) já leram a obra enquanto estavam na fila para o autógrafo”, revelou.

Para a facilitadora pedagógica, a maior contribuição do livro é exatamente o incentivo que ele dá à propagação da literatura. “A leitura é um encanto. Em casa mesmo, temos livros espalhados por tudo quanto é canto”, comentou.

Também presente no lançamento, Josefina Berti dos Santos destacou que a narrativa construída pela dentista ganhou outro contexto com ilustrações feitas pelo filho dela. Também lembrou que este não é o primeiro trabalho realizado por Fábio.

O ilustrador fez carreira em São Paulo, onde mantém empresa. Ele é sócio do estúdio de ilustração Fun Toones. Entretanto, iniciou no mundo dos traços em Tatuí.

“Desde pequeno, ele já desenhava. O primeiro indício que eu tive de que ele seguiria nesse caminho foi um desenho que ele fez do pai, que trabalhava na Ford, como piloto de provas”, contou a mãe.

Aos 14 anos, Fábio passou a publicar em O Progresso de Tatuí. “Foi nessa época que tive a certeza de que ele estava no caminho certo para a carreira”, comentou o pai, José Paulo.

De acordo com ele, ainda em Tatuí, Fábio colaborou com o humorístico “Stopim”, produzido em parceria com o jornalista, escritor e editor responsável pelo jornal O Progresso, Ivan Camargo, e com participação de Jaime Pinheiro.

José Paulo considera que o fundamento para o filho foi a passagem pelo bissemanário. Tanto que guarda, em álbum, todas as tiras publicadas pelo ilustrador.

O portfólio conta, ainda, com desenhos feitos por Fábio em sala de aula. “Recebi de amigos que trabalham na escola onde ele estudou desenhos que ele fez quando criança, porque ele já produzia muito”, revelou.

O evento em Tatuí também integrou a programação da 11ª Primavera dos Museus, evento coordenado pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus). “Estamos abrindo as portas do museu para trabalhos diferentes, por meio da Semana, e prestigiando os tatuianos”, resumiu o secretário da Cultura, Cassiano Sinisgalli.

Segundo ele, a noite de autógrafos representou oportunidade tanto para os profissionais que produziram a obra como para o público, de conhecer novos trabalhos.

A iniciativa também dá continuidade às atividades promovidas pela coordenação da casa de cultura, voltada ao estímulo e reconhecimento de novos literatos. “Já tivemos outros amigos, como o Ivan Camargo, que esteve aqui recentemente lançando o livro ‘Golpe Baixo’, e outros virão”, comentou Sinisgalli.

De acordo com ele, o museu é considerado o espaço ideal para abrigar eventos de natureza literária. Não por coincidência, ele convidou Fábio a trazer o livro a Tatuí. A obra “Golfinho tem Dor de Dente?” já havia sido lançada em São Paulo, em dezembro do ano passado.

“Além do Ivan (Camargo) ser meu amigo, o Fábio é um grande amigo de infância. Ele fazia toda a ilustração da festa ‘Nostravamus’, que marcou o início da minha carreira como produtor de eventos. Eu e mais dois amigos fazíamos a festa e o Fábio ficava responsável por todos os cartazes”, relembrou.

Camargo, que também esteve no lançamento, aproveitou para agradecer pelo espaço cedido por Sinisgalli e organizado por Vianna, quando do lançamento do livro dele.

“Quanto ao Fábio, digo com muita sinceridade que, entre todos os trabalhos que fiz e que me deram satisfação, nada chega perto do que realizamos juntos, em parceria de verdade, que foi o ‘Stopim’”, comentou Camargo

“Foi uma escola autodidata de jornalismo, pela qual também tive o privilégio de aprender junto, além do Fábio, com o Jaime Pinheiro e o Binho Vieira, para lembrar só os ilustradores, fora os demais amigos, que redigiam”, acrescentou Camargo.

A Primavera nos Museus tem por objetivo promover, divulgar e valorizar os museus ao mesmo tempo em que possibilita o aumento do público visitante. Foi o que aconteceu com o livro lançado no dia 21, apresentado pela dentista. A obra marca o “debut” dela na carreira como escritora.

“Escolhi o golfinho como personagem porque mergulhei com eles, há muitos anos, e foi uma atividade que mudou muito a minha vida. Os golfinhos são dóceis, e eles ficaram na minha memória afetiva”, explicou a autora.

Especialista em odontopediatria, a profissional contou que sempre teve vontade de escrever uma história infantil. Entretanto, faltava a inspiração. E ela aconteceu a partir de um sonho. “Acordei e escrevi a história”, contou.

O livro tem como personagem central o carismático Tursi, um golfinho que pede ajuda em alto-mar. Da areia da praia, a dentista Tchanaia ouve o lamento e procura uma maneira de ajudá-lo.

Assim, entre mergulhos, passeios de barco, curiosidades e muitos cuidados com os dentes, a história se desenrola. “Para saber o que acontece depois, é preciso ler o livro”, acrescentou a escritora.

Segundo ela, a história representa uma maneira de estimular as crianças a terem bons hábitos de higiene bucal, de alimentação e, também, para reforçar a importância da leitura.

“Meus filhos sempre leram muito, e acho que isso amplia a criatividade da criança, ainda mais hoje em dia, que as crianças quase não leem. Então, é um livro que ficou muito bonito pela ilustração do Fábio e que tem uma história envolvente do golfinho”, avaliou.

Para a construção do trabalho, Naia Tonhá contou com várias colaborações. A obra também envolve uma série de “gratas coincidências”. Uma delas é a parceria com Fábio. “Isso foi algo engraçado, eu estava procurando uma ilustradora, tinha encontrado, mas não deu certo. Ela não desenvolveu o trabalho”.

Quando contava o episódio a uma paciente, a dentista recebeu uma recomendação. “Ela já tinha trabalhado com o Fábio na Natura e disse-me que ele é muito criativo, tem um traço superbonito e, o mais importante, conseguiria cumprir prazo. E ele conseguiu dar vida ao que eu imaginava”, acrescentou.

As ilustrações partiram da história já escrita por Naia Tonhá, mas com opiniões dela e de Fábio. De acordo com a autora, o trabalho é fruto de uma troca de informações, o que garantiu mais fidelidade sobre o objetivo.

Com a história “amarrada” e as ilustrações prontas, Naia Tonhá contou com orientação da Editora Ficções. A empresa pertence ao pai de um dos pacientes da dentista. A equipe a auxiliou na diagramação e em uma “parte que ela ainda não conhecia”. “A editoria era um mundo nova para mim”, descreveu.

Para ter liberdade de decidir sobre todos os aspectos da obra, a dentista optou por criar um selo independente, a NaiaBooks. “Queria que o livro ficasse com a minha cara. Então, quis lançar de uma forma independente”, argumentou.

O livro já foi traduzido para inglês e espanhol, cujas versões ainda não estão impressas. A autora explicou que o foco inicial é ampliar o alcance no Brasil para, depois, buscar novos mercados. No país, o livro lançado em São Paulo está sendo comercializado pelas livrarias Cultura, Saraiva, Ficções, Panapaná e pela própria autora, por meio do endereço eletrônico www.naiabooks.com.br.

Momento especial

O segundo lançamento da obra, em Tatuí, representou momento especial para o ilustrador. Fábio conta que o livro consistiu em uma oportunidade de rever amigos de infância.

“Estar autografando o livro para os filhos dos amigos que cresceram, estudaram comigo e jogaram bola é um momento de muita emoção, mais por ver o brilho nos olhos deles”, comentou.

Para este novo trabalho, o ilustrador conta que dedicou especial atenção. Ainda ressaltou que a história do livro é “honesta” e que o projeto está recheado de “ideias bacanas”. “É um livro construído visualmente de forma colaborativa”, observou.

A obra também acrescenta um novo personagem dedicado ao público infantil, assinado pelo tatuiano. Fábio conta que a trajetória de sucesso, com desenhos que “fizeram a cabeça” das crianças aconteceu por acaso. “Não foi uma escolha minha, mas sempre gostei de trabalhar para crianças. Aos poucos, fui caminhando nessa direção, depois de ir para a publicidade”, relatou.

Desta vez, além de encantar as crianças, Fábio agregou um sentido motivador. Isso porque o livro pode representar uma mudança no cotidiano das crianças. “Incentiva-as a ler e a terem bons hábitos de higiene. É muito legal imaginar que uma obra está fazendo isso por uma criança”, encerrou.