Desfile tido como ‘vitrine’ exalta civismo





“Esse evento não deixa de ser uma vitrine do que o município tem para oferecer”. Para a primeira-dama Ana Paula Cury Fiúza Coelho, o desfile cívico, realizado na manhã de quinta-feira, 11, em comemoração aos 190 anos de Tatuí, teve um significado a mais.

Presidente do Fundo Social de Solidariedade da cidade, ela destacou que o evento exalta o que Tatuí tem de melhor. “É importante sabermos o que ela produz, quem a constrói. E esse é um momento de resgate do civismo”, analisou.

Mantido pela Prefeitura, o Fundo Social compôs a lista de atrações do maior evento cívico do município. Neste ano, a parada reuniu 64 agremiações que estiveram concentradas em vários pontos do início da rua 11 de Agosto.

Considerada o “coração comercial” do município, a via recebeu cerca de 6.400 pessoas na passagem. Os cálculos, divulgados pela organização – que conta cem membros em cada agremiação –, não incluem o público e pessoas como a sorocabana Kátia Torres. Ela visitou a parada pela primeira vez, neste ano.

Kátia se mudou para Tatuí para acompanhar o marido. “Acordei bem cedinho, no feriado, para ver minha filha desfilar”. A menina estuda na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) “Eugênio Santos”, um dos pontos de concentração. A estudante desfilou pelo programa “Mais Educação”.

“Ela está vestida com roupa de judô, porque treina na escola. Então, vim prestigiar o desfile e, também, porque sou mãe de uma participante”, complementou.

As unidades de ensino da rede municipal integraram o terceiro bloco a passar pela 11 de Agosto. O evento teve abertura a cargo da Banda Pró-Arte, mantida pela Associação Cultural Pró-Arte. “Nós não participamos da parada desfilando, mas fazemos toda ela como já é tradição”, contou o maestro Marcelo Afonso.

Ao todo, 45 alunos da entidade realizaram execução de marchas. A associação atende a 60 crianças com idade entre 7 e 14 anos. “Nossa missão é resgatar o repertório brasileiro de bandas, que está muito esquecido”, disse o maestro.

Na abertura, o grupo de crianças executou o “Hino a Tatuí”, abrindo passagem para a Banda do CPI-7 (Comando de Policiamento do Interior), da Polícia Militar, e para os demais grupamentos da corporação (pelotão de policiamento, de choque, canil e Rocam – Rondas Ostensivas com Apoio a Motocicleta).

Também desfilaram viaturas da Força Tática, Rádio Patrulha, base comunitária móvel, Polícia Ambiental, Polícia Rodoviária e Corpo de Bombeiros. A Guarda Civil Municipal veio em seguida, com as equipes de atendimento.

No segundo bloco, foi a vez das entidades assistenciais. A parada incluiu a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), escolas da educação infantil da rede municipal e particulares, como a Pequeno Girassol.

O Fundo Social priorizou a divulgação de seus projetos, cursos e iniciativas. Ana Paula contou que a entidade preferiu enfatizar os resultados das ações.

“Nós optamos por fazer uma prestação de contas. Mostramos para as pessoas o que realizamos durante esses quase quatro anos, como nós capacitamos as pessoas, a nossa equipe de trabalho e o que oferecemos”, descreveu.

Para ela, a parada também permite às instituições exaltarem o civismo. “É um momento em que todo o tatuiano sai para a rua para ver as atrações, os seus filhos. Isso é muito importante, especialmente, num período no qual as pessoas passam por turbulência”, afirmou, referindo-se ao momento econômico de recessão enfrentado pelos brasileiros.

Para ressaltar a superação, a rede municipal de Educação trouxe as Olimpíadas como tema geral. Modalidades esportivas, atletas e nomes dos países participantes e que já sediaram edições anteriores foram lembrados em cartazes, faixas, fantasias e adereços vestidos pelas crianças.

“Vivemos um momento histórico para o país. Nós também tivemos a tocha olímpica passando por Tatuí e realizamos uma competição nas escolas. O tema é muito rico e, por meio dele, trabalhamos a integração dos povos”, contou a diretora da “Eugênio Santos”, Lucilene Cristina Domingues.

Por meio das Olimpíadas, ela explicou que as coordenadorias pedagógicas incluíram, no ensino, a história dos países, as regras das competições e, em especial, estimularam a convivência em grupo. “Foi então que aproveitamos o tema da sala de aula para trazermos para o desfile”, complementou.

Para Joaquim Roberto, de 71 anos, o trabalho valeu a pena. Natural de Porangaba, ele se considera um “tatuiano do pé vermeio”. Mora na cidade há 50 anos. Desde então, sai de casa no dia 11 de agosto pela manhã para ver o desfile.

“Nunca participei, porque não tive oportunidade, mas gosto de acompanhar. Acho tudo muito interessante, principalmente, ver o que é realizado”, citou.

Neste ano, Roberto viu a passagem de três personagens que não constavam na programação. As varredeiras Ana Cristina, a “Preta”, Vanessa de Meira e Valdina Almeida trabalham no serviço de limpeza pública há mais de dez anos.

Convocadas a desobstruir um trecho da rua 11 de Agosto, dos mais de dez quarteirões por onde as agremiações passaram, elas também integraram a parada. “Viemos parar aqui por ‘acidente’”, brincou Preta, que tem 14 anos de profissão.

A varredeira e as colegas foram convidadas a concluir o trecho do desfile e ficaram emocionadas. “Eu me sinto muito bem sendo homenageada, porque fazemos um trabalho que exige muito. Acho que todas nós merecemos, porque deixamos nossas casas de lado para cuidar da cidade”, disse Preta.

Neste ano, além das varredeiras, o evento trouxe recortes da história local. Eles foram apresentados por meio de escolas estaduais e instituições, como o projeto Melhor Idade, Lar São Vicente de Paulo, Cosc (Centro de Orientação e Serviços da Comunidade), grupo de escoteiros Desbravadores e Aventureiros.

A parada contou com participações de alunos dos colégios Adventista, Objetivo, Sesi (Serviço Social da Indústria), da Escola Estadual de Tempo Integral “Barão de Suruí” e Etecs (Escolas Técnicas) “Sales Gomes” e “Dr. Gualter Nunes”.

Também desfilaram os grupos Goyotin e Tupancy. Na sequência, Lions Clube, Rotary Club de Tatuí, Rotaract, Rotary Cidade Ternura, Arte pela Vida, Pastoral da Juventude abordaram prestação de serviços à comunidade.

Lembrado por escolas municipais, estaduais e demais agremiações, por conta do tema das Olimpíadas, o esporte deu o tom da passagem da Associação Atlética XI de Agosto, Clube de Campo, Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude e CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados).

O desfile teve encerramento com a passagem da Banda Marcial do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), Motoclubes Tatus do Asfalto, Equipe 26 da Norte e apresentação da Banda Marcial de Bofete.