Peças fundamentais no funcionamento das entidades assistenciais, os voluntários fazem um importante trabalho social, segundo os responsáveis por instituições da cidade.
Em número, eles podem ultrapassar 400, se somados os voluntários que comparecem constantemente nas entidades e as pessoas que contribuem de forma esporádica na própria instituição ou em festas para arrecadar recursos.
Fabiana Pais de Oliveira, 33, é voluntária na Apodet (Associação dos Portadores de Deficiência de Tatuí) há dois anos, onde coordena os eventos.
“Entrei ajudando na cozinha. O que precisava fazer aqui dentro, eu fazia. Hoje, ajudo na organização das festas, como a festa junina, a feijoada, arrecadação da entidade”, afirmou.
Fabiana colabora também com o Lar São Vicente de Paulo, onde ajuda nas barracas das festas, assim como na Litac (Liga Tatuiana de Assistência a Cancerosos), lugar em que colaborou nos almoços de arrecadação de fundos.
O trabalho de Fabiana colabora para que ela tenha tempo para ajudar às entidades. “Sou formada em administração e tenho vários cursos de estética. Atendo a domicílio e ensino outras pessoas, dando aulas. Como meu horário é flexível, tenho a liberdade de vir aqui e colaborar nas horas livres”, contou.
De acordo com a presidente da Apodet, Solange Sales Abude, todos os que trabalham na entidade são voluntários. Os professores, assistentes sociais, cozinheiras, pessoas que colaboram com a limpeza e até a diretoria.
No total são 30 pessoas trabalhando de graça na instituição. Para ela, a entidade só funciona com a ajuda dos voluntários.
“Não teríamos condições de manter a entidade pagando funcionários. Como a Apodet não tem ajuda financeira da Prefeitura ou do Estado e sobrevivemos somente com as doações, a gente precisa muito dos voluntários”, apontou.
A única ajuda que a entidade oferece a alguns dos voluntários é com o transporte. Pessoas que moram longe ou em cidades vizinhas têm a passagem paga pela Apodet. “A gente sabe que a passagem custaria caro para eles, então, a gente ajuda nessa parte. É o custo que a gente tem”.
Na Casa de Apoio ao Irmão de Rua “São José”, o número de voluntários soma dez pessoas, segundo a presidente Margarida Maria do Carmo Oliveira. Alguns dos voluntários, inclusive, são ex-assistidos. Atualmente, a Casa atende a 42 pessoas, sem contar com os que apenas dormem lá.
“Eles ajudam na horta, na cozinha, limpam o chão, o banheiro, lavam as roupas e cuidam das pessoas que não têm condições de ficarem sozinhas”, contou.
Na Casa de Apoio, são apenas quatro funcionários com remuneração: a assistente administrativa, a assistente social, a escriturária e o motorista.
A própria presidente diz que se envolve nas atividades manuais no dia a dia. “Eu faço de tudo: cozinho, limpo, dou banho e ajudo com a roupa”.
Outra entidade que, basicamente, conta com o apoio dos voluntários é a Litac. São 68 voluntários, contando com os membros da diretoria. Só no bazar da instituição, colaboram 42, que se revezam.
“Eles vendem, organizam, arrumam o nosso bazar. Três deles ficam no caixa, recebendo os produtos. Temos as pessoas que organizam os nossos eventos e os que ajudam na distribuição de cestas básicas”, enumerou a presidente da entidade, Gilda Mascarenhas Bertenha.
A professora aposentada Esmeralda Romagnolo de Lima, 80, colabora praticamente todos os dias no bazar. O envolvimento com a entidade começou com a aposentadoria, há aproximadamente 30 anos.
“Fui convidada por um professor amigo meu, que já é falecido, para ajudar aqui no bazar. Não saí mais. Eu, inclusive, fui tesoureira em uma das diretorias”, contou.
Além do voluntariado, a entidade conta com doadores, que abastecem o bazar da instituição com roupas e acessórios.
Outro bazar que conta com o apoio dos voluntários é o do Lar São Vicente de Paulo. Só no bazar, colaboram 20 pessoas. Oito ajudam na costura e reforma de roupas.
A entidade assiste a 85 idosos em período integral. Parte dos serviços no asilo é feita por voluntários, contou o presidente do Lar, Ivan Rezende Ferreira.
Os voluntários ajudam na cozinha, picando legumes ou lavando a louça, e no transporte de idosos. Estudantes de fisioterapia e fisioterapeutas comparecem semanalmente para cuidar dos assistidos. Uma cabeleireira, um barbeiro e uma podóloga, todos voluntários, cuidam da beleza dos velhinhos.
“Temos, também, voluntários eventuais, que aparecem quando a gente precisa de alguma ajuda específica”, afirmou o presidente. Somado, o número de voluntários do Lar São Vicente pode chegar a cem pessoas, se somados os esporádicos e os que ajudam nos eventos da entidade.
“A entidade fez 110 anos, e a alma do Lar são os voluntários. Sem eles, a gente não teria como estar funcionando”, declarou.
O Lar “Donato Flores”, que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, conta com dois voluntários, que ajudam no dia a dia da entidade.
Outros dez se revezam no bazar, que funciona todas as terças-feiras. O número de voluntários chega a 200 nos eventos realizados para angariar fundos, como a festa junina e o jantar de final de ano, informou a coordenadora de projetos da entidade, Ana Feltrin.
“Esses voluntários ficam na barraca, ajudam a montar a festa. Sem eles, não teríamos bazar e nem festas para arrecadar fundos para a nossa entidade”, afirmou.
A única entidade que não possui voluntários é o Recanto do Bom Velhinho. De acordo com o administrador, José Joaquim Mendes Castanho, a nova diretoria do asilo vai iniciar, em breve, uma campanha de divulgação da instituição. A esperança, segundo ele, é de que comecem a aparecer voluntários para ajudar no cuidado dos velhinhos.
“Acredito que vão começar a nos procurar, conforme vão conhecendo o nosso trabalho, o que a gente faz”, declarou.
Uma das dificuldades apontadas por Castanho é a localização da instituição e o pouco conhecimento que a população tem da entidade.
Entre os trabalhos que os voluntários poderiam desempenhar está o de cuidador de idosos, ajudar na cozinha, lavando pratos ou auxiliando a cozinheira, ou na limpeza.
“Os voluntários poderiam vir uma vez por semana e cobrir a folga dos nossos funcionários. Daí, eu não precisaria pagar outra pessoa para ficar no lugar e economizaria”, declarou Castanho.
No Cosc (Centro de Orientação e Serviço à Comunidade), o número de voluntários é baixo. Além do presidente, Juvenal Marques Rodrigues, que comparece todos os dias na instituição, outro voluntário faz diversas atividades – entre elas, serve como motorista. Uma vez por semana, dois professores de violão voluntários dão aulas de música para as crianças.
“Eu mesmo sou um voluntário, pois estou todos os dias aqui, assim como o nosso voluntário, que nos ajuda a levar e trazer as crianças”, contou.