Voluntária pede apoio para doar brinquedos na segunda em meio í  crise





A difícil situação da economia nacional também afeta as doações para uma campanha de voluntariado existente há mais de 20 anos em Tatuí. Circe Machado Bastos arrecada brinquedos novos e usados (em bom estado) para crianças carentes.

Quando começou o projeto, a aposentada doava os brinquedos apenas para as crianças vizinhas. Mas, a ação cresceu com o passar dos anos devido à divulgação das pessoas e da imprensa.

As doações são feitas em dois períodos do ano: em outubro, em função do Dias das Crianças; e em dezembro, para o Natal. Em média, a voluntária beneficia 500 crianças por vez.

Para esta edição, com a crise, o número deve ficar bem abaixo da expectativa. Na Páscoa deste ano, Circe promoveu a entrega de 850 ovos, juntamente com 500 brinquedos. “Até o momento, o que eu tenho aqui são brinquedos que sobraram da última campanha”, confidenciou.

Já no ano passado, Circe contou ter recebido um caminhão de brinquedos de uma indústria metalúrgica dias antes do Natal. “Quase entrei em desespero, mas, no fim, deu tudo certo. É uma surpresa até para mim”, confessou.

A diferença é que, agora, com o período difícil, ela não poderá contar com a ajuda de algumas empresas. Por isso, ela pede que a população colabore com doações. “Eu costumo dizer que eles (o povo) são as minhas formiguinhas. Eu, sozinha, consigo pouco. Eles ajudam muito”, comentou.

Circe afirmou que não acha correto cobrar as empresas pela doação. Segundo ela, as pessoas têm que ajudar com o “coração” e não por pressão. “Eu não gosto de cobrar. Eles já me ajudaram muito, mas entendo que, neste período, é complicado”.

Além dos poucos materiais de “sobra”, Circe recebeu doações da população, montante que deverá presentear pouco mais de cem crianças neste ano.

No total, a voluntária tem, até o momento, cerca de 200 brinquedos para atender meninos e meninas de seis regiões do município. No entanto, ela espera poder ampliar esse número.

“Tenho fé de que alguém vai ajudar até, pelo menos, a véspera da data. Sei que não posso atender todas as crianças, mas o meu objetivo é atingir a maior parte delas”, afirmou.

De acordo com ela, as entregas são feitas no dia 12 de outubro, na parte da manhã. A voluntária começa os trabalhos no bairro onde mora, na região do Santa Cruz. Depois, segue para o Residencial Astória, Jardim Santa Rita, Thomaz Guedes, Vale da Lua e Inocoop.

Na companhia do marido, José Carlos Bastos, a voluntária ainda passa nos bairros periféricos, como a vila Santa Luzia. “Nesses locais, já presenteamos crianças que nunca haviam ganhado um brinquedo no Dias das Crianças”, contou.

Apesar das dificuldades, a voluntária afirma ser muito gratificante ver uma criança feliz. “A criançada fica maravilhada. Elas já esperam que eu vá entregar os brinquedos no dia”.

Antes de serem doados, os brinquedos são separados para montagem de kits. Neles, a voluntária acrescenta um saquinho com balas e chicletes, que também obtém com colaboradores. Quando usados, Circe faz a restauração das peças para deixá-las “quase novas”.

Mas, a preparação vai além. Ela deixa as bonecas Barbie de molho em água com sabão em pó. Limpas, penteia o cabelo delas, passa creme para hidratar e lava os carrinhos que serão doados aos meninos.

Circe confidenciou que recebe andador, carrinho de banho, cadeira de rodas e outros equipamentos que ajudam crianças com pouca mobilidade.

Segundo a voluntária, esses aparelhos são emprestados para pessoas da cidade que necessitam. Eles são doados por vereadores, empresários e pela comunidade.

Após a visibilidade da ação dela, Circe conta que chegou a receber doações em dinheiro, mas não aceita por acreditar que o trabalho dela é repassar os itens doados. “Costumo dizer para essas pessoas que comprem os brinquedos com esse dinheiro e me doem”.

Ela também teme ser mal compreendida pela comunidade. “As pessoas podem falar mal (se eu aceitar dinheiro) e dizer que estou me aproveitando desse trabalho para ganhar em cima disso”, afirmou.

Todo o esforço e dedicação de Circe tem uma recompensa: ela conta que se emociona quando escuta dos pais que eles nunca puderam comprar um brinquedo para o filho.

“Tem pais que não têm condições. Alguns até desconfiam, no início, acham que é cobrado, mas não é. Eles se emocionam e nos agradecem”, disse.

No entanto, nem todos os pais recebem a voluntária de forma amigável. Segundo Circe, alguns responsáveis fazem “pouco caso” da doação de brinquedos, pois querem objetos de “maior valor”.

“Teve um pai que disse que achou que iríamos doar coisas melhores, como um celular. Uma criança carente, como aquela, só quer saber de brincar”, afirmou.

Para este Dia das Crianças, a voluntária pretende distribuir, ao menos, 500 brinquedos. Ela precisa também de doces para montar os kits.

Os interessados podem levar as doações à residência dela, na rua Artur Napoleão de Oliveira, 66. Quem preferir pode agendar entrega pelo telefone 3259-7214, até a antevéspera do Dia das Crianças.