Vigilância Sanitária autua veterinária e ‘lacra’ clí­nica que estava irregular





A Vigilância Sanitária de Tatuí autuou uma veterinária e fechou uma clínica na terça-feira, 19. Após denúncia anônima informando que uma mulher mantinha animais em situação de “maus-tratos”, duas guarnições da Guarda Civil Municipal foram até o local averiguar.

Na residência dela, situada no bairro São Conrado, foram encontrados pelo menos cinco cães com “sinais de abandono”. Conforme a Vigilância, os animais estavam “magros, mal cuidados, sem água ou comida, com forte odor dentro da residência, por conta de dejetos espalhados pelo imóvel”.

Além disso, no terreno ao lado, foi encontrado um gato já em estado de putrefação e várias carcaças de animais enterradas, referentes aos animais que morriam na propriedade, ainda segundo a VS.

A proprietária do imóvel também mantinha uma clínica veterinária, que acabou lacrada pela Vigilância Sanitária.

No local, que funcionava desde 2013 sem alvará, foram encontrados cerca de cem gatos em “situações precárias”, presos em gaiolas, sem comida ou água, além de grande quantidade de medicamentos vencidos.

Os animais dividiam um pequeno espaço onde, de acordo com a denúncia, ela fazia atendimentos durante a noite, de forma irregular. Na parede, um recado informava que o atendimento depois das 22h custava R$ 100.

Entre as centenas de medicamentos para tratamento veterinário, a GCM encontrou vacinas e antibióticos. “Com a chegada das viaturas, os vizinhos da residência aparentavam sentir-se seguros, aliviados e, ao mesmo tempo, nervosos. Esta não era a primeira tentativa de salvar os animais”, declarou Geraldo Coelho, da Guarda Civil.

Na ocasião, os dados levantados pela corporação foram encaminhados à Delegacia Central, onde foi elaborado termo circunstanciado pela Polícia Civil, por pratica de ato de abuso de animais, conforme o artigo 32 da lei 9605/98.

A coordenadora da Vigilância Sanitária, Juliana Hoffmann de Camargo, por meio da assessoria de comunicação da Prefeitura, disse que ficou sensibilizada com a situação em que se encontravam os bichos.

“Um local inapropriado para os animais, pois se encontravam em situação precária. Como profissional, tenho certeza de que cumpri com o meu dever, sempre de maneira cautelosa, pois envolve vidas”, comentou Juliana.

Por conta do acúmulo de sujeira e da licença vencida, a proprietária foi notificada com prazo de 24 horas para a retirada e destinação adequada dos animais, assim como para a execução da higienização do local e o lacre dos medicamentos vencidos.

Na quarta-feira, 20, a coordenadora informou que esteve na residência da responsável pela clínica e certificou-se de que ela cumprira a determinação do órgão, limpando os cômodos acumulados de sujeira.

Sobre os animais, Juliana disse que apenas dois cães permanecem no local e que os outros três foram doados. Já os gatos, que estavam na clínica, foram doados, e a veterinária deverá informar os locais onde foram levados, para que a VS possa acompanhar o tratamento e a evolução clínica de cada um.

Em depoimento, a veterinária alegou não residir no local, mas admitiu manter o imóvel para abrigar animais abandonados. Ela também informou que não dispõe de clínica, pois realizava os atendimentos em residências. Sobre o atendimento clandestino na clínica, a advogada da veterinária disse que ela não vai se manifestar sobre o assunto.

Segundo a Polícia Civil, a responsável responderá em liberdade por maus-tratos a animais e será multada pela Vigilância Sanitária, por atender em local sem licença e acúmulo de sujeira. A conduta também será objeto de avaliação do CRMV-SP (Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo).

Em nota, o conselho informou que tanto a veterinária quanto o estabelecimento clinico possuem registros ativos, mas, mesmo assim, será aberto processo interno para verificar a conduta da profissional e das possíveis infrações ao código de ética.

Durante fiscalização realizada em 2013, o CRMV constatou que o estabelecimento estava fechado, pois na época a veterinária assumira um cargo no Setor de Zoonoses, na coordenadoria da Divisão de Bem-Estar Animal, da própria Prefeitura.