Vacine-se contra a Covid-19 e fake news

Imagem ilustrativa (foto: RF Studio / Pexels)
Antônio Afonso Pereira Júnior *

As notícias falsas existem desde muito antes de chegarmos ao estado atual e avançado de acesso midiático. Segundo o Dicionário de Cambridge, o conceito de fake news são histórias falsas que, ao manterem a aparência de notícias jornalísticas, são disseminadas pela internet (ou por outras mídias).

Normalmente são criadas para influenciar posições políticas e assuntos relevantes para a população, como no caso da saúde pública em que são inventadas mentiras para abalar a confiança da sociedade nas campanhas de vacinação.

As redes sociais são bolhas digitais que convergem para pessoas com o mesmo pensamento, o que possibilita mais força para o maniqueísmo ideológico de grupos fundamentalistas na consolidação de seus valores.

A liberdade da internet levou a uma ingênua ilusão de que a humanidade atingiria um patamar de conhecimento jamais alcançado, mas em vez de proporcionar lucidez está sendo utilizada para desinformar. Crise nas instituições: imprensa, poder público e falta de liderança corroboraram para o fenômeno das notícias falsas.

Nos últimos anos, as taxas de cobertura vacinal vêm caindo em todo o mundo e, por isso, doenças antigas como o sarampo estão voltando a aparecer. Uma das razões para essa queda é a propagação de fake news sobre vacinação, que acabam desencorajando as pessoas a recorrerem a esse serviço essencial para a humanidade.

Um estudo de 2020 intitulado“The real-world effects of fake news, feito pela FTI Consulting, uma empresa de análise de dados, mediu o impacto da desinformação nas redes sociais sobre as vacinas.

A pesquisa foi realizada por um sistema de inteligência artificial, a amostragem foram as postagens sobre a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) no Twitter, no período de 2012 a 2018.

Mentiras como: “as vacinas não são seguras”; “vacina pode causar outras doenças, como autismo”; “as vacinas contêm chips implantados para controle populacional”; “a vacina poderia alterar o DNA”; “as vacinas são produzidas a partir de células de fetos abortados”, entre outros boatos.

Durante este tempo, houve uma redução no Reino Unido de 3% na cobertura vacinal da população do reino da rainha Elizabeth II. Algo em torno de 2 milhões de britânicos não foram se vacinar por causa das mentiras veiculadas no Twitter.

Aliás, a rainha, uma mulher bem informada pelo The Guardian e não por redes sociais, está com sua carteira de vacinação em dia. Ela já se vacinou inclusive contra a Covid-19.

O combate à desinformação tem que ser um dever social de todos. A checagem de notícias é algo fundamental na atualidade. Para descobrir se o conteúdo que você recebe por meio do Facebook, Twitter ou WhatsApp é verdadeiro, e não uma mentira sobre a pandemia da Covid-19, existem vários sites de checagem: Agência Lupa, Aos Fatos, Fato ou Fake, instituições públicas como Fiocruz, a Biblioteca Digital do Senado Federal e a própria Organização Mundial de Saúde (OMS).

A OMS declarou o surto de Covid-19 e a resposta a ele tem sido acompanhado por uma enorme “infodemia”: um excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa.

A palavra é o resultado de um grande aumento do volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo devido a um evento específico, como a pandemia de Covid-19.

Nessa situação, resulta em desinformação, além da manipulação de informações com intenção duvidosa. Na era da informação, esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus.

A InternationalFederation of Library Associations(IFLA) quer combater a infodemia, acredita que o acesso à informação é um direito de todos. A entidade desenvolveu um infográfico para detectar as fake news. Sabendo que a educação é a melhor maneira para combater a desinformação, seguem algumas dicas:

  • Não leia apenas o título de uma notícia;
  • Tome cuidado com o sensacionalismo das manchetes;
  • Confira a data de publicação;
  • Saia da bolha da rede social e consulte fontes oficiais;
  • Na questão da vacinação, acesse sites como Fiocruz e OMS;
  • Cuidado com vídeos, imagens e áudios, pois são facilmente editáveis;
  • Observe erros de ortografia, já que conteúdo oficial e técnico não contém erros grosseiros de português;
  • E verifique bem a notícia antes de compartilhar o conteúdo, na dúvida não compartilhe.

Tomar vacinas é a melhor maneira de se proteger de uma variedade de doenças graves e de suas complicações, que podem até levar à morte. As vacinas salvam em torno de 3 milhões de crianças em todo o mundo por ano, de acordo com uma pesquisa, feita em 2019, pelo Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para Infância (Unicef).

Portanto, quando chegar sua vez, vacine-se contra Covid-19, contra gripe, sarampo, tétano, rubéola, caxumba, difteria… leve seus familiares para vacinar, com destaque especial para crianças e idosos. Vacinas sim, fake news não!

* Bibliotecário CRB-6/2637, conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade (CFB).