UPA dará suporte aos casos de Covid-19

GCMs reformam camas hospitalares para atender aos pacientes de Covid-19 em caso de pico (foto: AI Prefeitura)
Da reportagem

A UPA (unidade de pronto atendimento) está com a parte interna concluída e poderá ser ocupada nos próximos dias para dar suporte às outras unidades de saúde.

A O Progresso, o vice-prefeito Luiz Paulo Ribeiro da Silva afirmou que já começaram chegar os móveis e equipamentos para a unidade e que a prefeitura decidiu ocupar e ativar a UPA, no mês de abril, como espaço alternativo de apoio no enfrentamento ao coronavírus.

Conforme anunciado anteriormente pela prefeita Maria José Vieira de Camargo, a intenção era inaugurar a UPA para poder desafogar o atendimento do Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto” – que recebe, em média, 11 mil pessoas por mês.

Contudo, nesta semana, com a evolução mundial da pandemia do coronavírus, a prefeitura anunciou que o planejamento foi alterado para que a unidade possa dar suporte aos casos de Covid-19.

Segundo levantamento da Secretaria de Saúde, o número de pessoas infectadas pelo coronavírus em Tatuí pode chegar a até 18 mil durante o surto. No melhor cenário – considerando uma população de 180 mil pacientes atendidos pelo município –, são esperados 1.800 infectados, 360 internações e 15 quadros de internação em UTI.

Em um segundo cenário, com média de 5%, os casos podem chegar a 9.000 pessoas infectadas pela doença, 1.800 internações e 72 leitos de UTI ocupados. Já no pior cenário, de 10%, o número sobe para 18 mil infectados, 3.600 internações e 144 leitos de UTI ocupados.

“Tatuí atende uma microrregião e somos referência para algumas cidades no âmbito hospitalar. A gente atende Angatuba, Capela do Alto, Cerquilho, Cesário Lange, Guareí e Quadra. Toda essa projeção epidemiológica abrange também a microrregião”, explicou a secretária municipal da Saúde, Tirza Luiza de Melo Meira Martins.

O estudo é do Comitê Municipal de Prevenção e Enfrentamento ao Covid-19, com estatísticas baseadas em dados do governo estadual, que apontam que a doença pode acometer de 1% a 10% da população. Desses acometidos, é previsto que 20% vão precisar de internação hospitalar e cerca de 6%, de atendimento em UTIs.

Luiz Paulo afirmou que a meta do município é manter o melhor cenário ou abaixo dele. Contudo, ele destacou que a prefeitura está tomando providências e fazendo um planejamento preventivo que visa a aumentar o número de leitos de internação de média complexidade e de UTI.

Conforme a secretária Tirza, atualmente, a cidade conta com 11 leitos de UTI, sendo oito na Santa Casa e outros três no pronto-socorro. Ela afirmou que a expectativa é conseguir mais dez leitos nos próximos meses.

“Em reunião com o estado, eles ficaram de nos ajudar a conseguir mais dez leitos, mas a gente ainda está aguardando a chegada dos recursos. Os novos leitos vão ser instalados na própria Santa Casa, que ainda tem espaço físico para isso”, assegurou a secretária.

Tirza apontou que, além dos equipamentos necessários para a implantação de novos leitos de UTI, a Secretaria de Saúde pediu ajuda para outras questões, como custeio de funcionários e manutenção da unidade.

Ela explicou que a necessidade de ocupação da UPA e a quantidade de leitos que podem ser acrescentados com a nova unidade ainda devem ser estudadas pelo setor de saúde, conforme o comportamento da pandemia no município.

Segundo ela, a unidade poderá dar suporte com mais leitos de alta complexidade ou leitos de média complexidade, utilizados no atendimento clínico. Os novos leitos poderão somar-se aos 54 já existentes na Santa Casa.

“Vamos fazer a ocupação da UPA conforme a necessidade, e aí avaliar o que nós estaríamos precisando no momento. Temos todo o planejamento e já estamos nos organizando com diversos planos de ação, dependendo da situação da pandemia”, completou a secretária.

Tirza destacou que o cenário de transmissão e aumento de casos de Covid-19 a nível mundial vem sendo acompanhado pelas autoridades municipais e pelo setor de saúde há pelo menos três semanas, e com isso, diversas medidas preventivas têm sido tomadas.

Uma delas é a suspensão das cirurgias eletivas que não são urgentes, buscando reduzir o número de internações, procedimentos que podem gerar o uso do leito de UTI e do leito clínico no pós-operatório.

“Com a diminuição dessas cirurgias, a gente tem os leitos de UTI mais livres para os casos de coronavírus”, acrescentou.

Segundo a secretária, em um cenário de 1% da população infectada, a quantidade de leitos disponível seria suficiente. Contudo, ela reiterou que a cidade “tem agido preventivamente para conseguir atender bem a população” – inclusive, considerando o pior cenário, que seria de até 10% da população acometida pela doença.

“Nós temos nos preparado para vários cenários. Por isso que nós nos reunimos com profissionais de todos os setores para preparar nosso plano de ação. Podemos dizer que nos antecipamos e estamos preparados para atender à população da melhor maneira possível”, asseverou a secretária.

Móveis e equipamentos da UPA começaram a chegar na semana passada (foto: AI Prefeitura)

Mesmo assegurando que a cidade está preparada, Tirza ponderou ser necessário que a população colabore com as medidas preventivas estabelecidas pelos decretos municipais em vigor, para que o sistema de atendimento em saúde não fique saturado.

O decreto mais recente oficializou quarentena de 15 dias. A medida passou a valer na terça-feira, 24, e consiste em restringir atividades de maneira a evitar a contaminação ou propagação do coronavírus, bem como dar tratamento uniforme às medidas restritivas que vêm sendo adotadas no país.

O documento considera as determinações dos decretos: federal (10.282 de 20 de março), estadual (64.881 de 22 de março) e municipal (20.565 de 17 de março), que oficializou a situação de emergência na cidade.

Segundo o decreto, todos os serviços não considerados essenciais devem continuar com as atividades suspensas. A medida é para conter aglomerações de pessoas e mais casos de coronavírus.

Por meio do decreto, permanecem suspensos: o atendimento presencial ao público em estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, especialmente em casas noturnas, galerias e estabelecimentos congêneres, academias e centros de ginástica, ressalvadas as atividades internas.

Também fica suspenso o consumo local (presencial) em bares, restaurantes, lanchonetes, padarias e supermercados. As restrições vigoraram de 24 de março – a princípio – até 7 de abril, mas poderão ser estendidas. Os serviços de entrega a domicílio podem continuar.

Na lista de estabelecimentos que ainda podem funcionar, estão hospitais, clínicas, farmácias, lavanderias, serviços de segurança, limpeza, hotéis, supermercados, padarias, açougues, peixarias, transportadoras, postos de combustíveis e derivados.

Também continuam os serviços de armazéns de abastecimento, agropecuárias, distribuidores de gás de cozinha e água mineral, oficinas de veículos automotores, bancas de jornal, segurança privada e prestadores de serviços, como pedreiro, encanador, marceneiro, eletricista e pintor, além de casas de materiais de construção.

Para a população, foi reforçada a orientação de não sair de casa sem necessidade. Tirza aponta que não é uma quarentena obrigatória, como a que foi imposta em vários países, sob pena de multa. “Mas, são recomendação que podem salvar vidas”.

“Sabemos que vamos ter muitos infectados, contudo, com essas medidas, esperamos que os casos aconteçam lentamente, para que o nosso sistema hospitalar suporte e a gente tenha condições de dar atendimento para todos. Ficar em casa ajuda muito a conter a disseminação do vírus, e assim a gente não ter a utilização do nosso ambiente hospitalar de uma única vez”, enfatizou a secretária.

Além dessas ações, a prefeitura divulgou, na tarde de sexta-feira, 27, que guardas municipais começaram a ajudar no restauro de camas hospitalares, que foram desativadas com a reforma dos quartos de internação da ala SUS da Santa Casa. Esses móveis serão reaproveitados em casos de pico.