Uma entre as muitas ‘viradas’ necessárias

Pelo bem do país – que é formado em termos de pátria, sobretudo, por quem vive nele, ou seja, por pessoas (gente!) -, seria fundamental a “virada” em muitas coisas, começando pela revalorização da vida (alheia), da educação, da ciência e da empatia (da suposta gentileza do brasileiro).

Ainda está complicado. Contudo, atitudes começam a ganhar corpo e, assim, indicam a esperança de retomada de uma rotina menos distópica, agressiva e alucinada. Belíssimo exemplo disto aconteceu em Tatuí na semana passada.

No sábado, 3, marcando o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, criado pela ONU, a Praça da Matriz recebeu a campanha “Virada Inclusiva”, realizada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPD).

A entidade tem como parceiros a prefeitura – por meio das secretarias da Educação, dos Direitos Humanos, Família e Cidadania e da Saúde, com o Departamento da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida -, a Associação das Pessoas com Deficiência (Apodet) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

O evento tem como objetivo maior “aproximar a sociedade das pessoas com deficiência, promovendo o respeito, o amor, a empatia e, principalmente, a história de vida de pessoas que também têm sentimentos, sonhos e que querem viver e ser feliz”, conforme declarado pela organização.

Muitas atividades foram realizadas ao longo da manhã, como uma apresentação de dança dos alunos da Apae e a leitura do cordel “Peleja da Inclusão”, de Hélio de Araújo.

Além das orientações explicativas, aconteceram atividades de conscientização prática, como a demonstração das atividades de reabilitação do CIR (Centro Integrado de Reabilitação) e os trabalhos dos alunos do Atendimento Educacional Especializado (AEE), da Secretaria de Educação.

Além disso, diversos trabalhos desenvolvidos pela Apodet, pela Apae, pelo Departamento da Pessoa com Deficiência de Tatuí e pelo Departamento de Trânsito (Demut) estiveram expostos na praça.

Também foram realizados, em outro ponto da Matriz, testes rápidos de detecção de HIV, sífilis e hepatites B e C, pela campanha “Fique Sabendo”, da Secretaria de Saúde.

Participaram da Virada Inclusiva a secretária da Educação, Elisângela Cecílio; a presidente da Apodet, Francelina Martins; a presidente do CMDPD, Marina Oliveira; o secretário-geral do CMDPD e coordenador da Apodet, Vade Manoel Ferreira; a vice-presidente da Apodet, Mercia das Virgens Santos; o diretor do Departamento da Pessoa com Deficiência, Rodnei Rocha; e a colaboradora do DEPCD e diretora estratégica do Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), Fabiana Grechi.

“O Dia Internacional é um período em que se fala no mundo todo sobre inclusão, empatia, amor”, comentou Ferreira, da Apodet. Segundo ele, “as leis de cotas não seriam necessárias se os empresários compreendessem que as pessoas com deficiência são plenamente capazes, desde que incluídas”.

Algo que ajudaria a minimizar o problema da pessoa com deficiência seria o investimento, de acordo com ele, “em ferramentas para que este público pudesse chegar até o ensino superior. Mais capacitado, as chances são muito maiores”.

Ele aponta, como problema, também algumas famílias que, em vez de incentivar, colocam seus entes com deficiência em “verdadeiras bolhas de proteção, como se a vida tivesse acabado”.

“Quando há um ambiente acessível na família e na sociedade como um todo, há inclusão, e a pessoa com deficiência pode ter uma vida normal”, opina. “O Dia Internacional serve como grande oportunidade de reflexão sobre tudo isso”, conclui Ferreira.

Oportuno lembrar que, no município, entre tantos há tanto tempo trabalhando pelos interesses e necessidades das pessoas com deficiência, o ex-vereador e atual diretor do departamento municipal desse setor, Rodnei Rocha, merece destaque.

Distante de superficiais – senão irreais – questões ideológicas, ele tem se empenhado por uma causa mais que justa e ainda mais significativa porque, distante das soluções dos problemas por vias da bala – ou da interrupção de vias -, a aposta, em última instância, é no bom e velho “amor ao próximo”.

Quem sabe, esse amor cada vez mais distante nos últimos anos, a partir de agora, pelo verdadeiro bem do Brasil, esteja cada vez mais próximo novamente. Fica o belo exemplo tatuiano.