Taxa de ‘devolução’ de cães atinge 30% em Tatuí, segundo instituição





Três entre dez cães doados em Tatuí são devolvidos, conforme dados repassados nesta semana pela “Ani+”, instituição voltada à proteção de animais.

 

A taxa de “devolução” é considerada alta e preocupante pela diretora do Departamento Cultural da Oscip (organização da sociedade civil de interesse público), Silvia Helena Gonçalves Domingues dos Santos.

 

Responsável por realizar palestras sobre posse responsável, ela percorre unidades de ensino e clubes de serviço da cidade para falar sobre o assunto. Neste mês, Silvia ampliou campanha visando à ampliação dos chamados padrinhos.

 

São pessoas que contribuem com quantias mensais de ração, vacinas, entre outros itens. O projeto atende cães que não podem ser levados à adoção, ou que foram rejeitados por mais de uma vez.

 

Para estimular a iniciativa e reduzir o “trauma” dos animais rejeitados, a Oscip fará cadastramento de novos padrinhos dentro do “Estimacao”, que acontece neste domingo, 18, na vila Dr. Laurindo.

 

O evento é promovido pela Prefeitura, em parceria com uma emissora de televisão. Ele tem início às 9h e inclui diversas atrações. A Ani+ participará da iniciativa com estande no qual fará a divulgação do projeto de adoção.

 

Atualmente, a Oscip atende a 40 cães com mais de dez anos de idade e problemas de saúde. “Eles são muito velhos e, normalmente, sem raça definida”, contou Silvia.

 

Em função disso, a entrega para famílias dispostas a receber um bicho de estimação pode não ter sucesso. Daí, “talvez”, o índice de rejeição, apontou.

 

Silvia explicou que os padrinhos comprometem-se a contribuir com uma quantia de ração por mês e com a vacinação dos animais – esta, uma vez por ano.

 

A quantidade de ração, no entanto, varia conforme o tamanho do cão. “Um cachorro de médio porte come na faixa de 300 gramas por dia; um de grande porte, 500, o que significa 15 quilos de ração por mês”, contabilizou.

 

Parceria com uma casa agropecuária (Agrodino) garante à Ani+ o recebimento de doações. Conforme Silvia, o cliente que quiser contribuir com a instituição deve doar um valor no momento da compra destinado à Oscip.

 

“No final do mês, a casa agropecuária soma as doações e nos dá em ração”.

 

Também como forma de estimular a adoção de cachorros “em sua forma tradicional”, a Oscip abrirá o estande para voluntários.

 

“No domingo, vamos ceder espaço para outros protetores que têm cães para doar”, disse a diretora do Departamento Cultural da Ani+.

 

Silva pede, no entanto, que os cães levados ao evento estejam em condições de saúde para serem doados. Devem estar castrados, vacinados, vermifugados e, de preferência, acompanhados de atestado de veterinário.

 

A Oscip auxiliará no processo de adoção fornecendo contrato de responsabilidade. Também criará novo cadastro, uma espécie de lista de adoção.

 

“Se, por acaso, alguém quiser um animal que não esteja na feira, nós vamos tomar nota. Quando o animal aparecer, faremos uma visita à pessoa para verificar se ela tem condições de ficar com o cãozinho”, descreveu a diretora.

 

Ainda no evento, Silvia pretende promover debates sobre meio ambiente, animais, queimadas (riscos para a saúde e para o planeta), entre outros temas.

 

Quem não puder comparecer ao “Estimacao”, mas estiver interessado em ajudar, deve comparecer à sede da Ani+. Ela fica na travessa 2, sem número, no bairro Santuário Nossa Senhora de Fátima. Contudo, é preciso agendar horário. A marcação pode ser feita pelos fones 3251-5518 e 9142-4901.

 

Os mesmos contatos podem ser usados pelos protetores para comunicar o número de cães a ser levados ao estande.

 

“Temos um espaço grande, mas é preciso organização. Então, seria ideal que a pessoa entrasse em contato conosco antes de ir ao evento, para sabermos o número de animais”, falou Silvia.

 

Para ela, a ação dentro do “Estimacao” é importante como forma de conscientizar a população sobre a posse responsável dos animais. Também devem ajudar a entidade a tentar reverter os números da adoção em relação à rejeição.

 

Silvia afirmou que, em alguns casos, as pessoas devolvem os animais quando eles não estão mais dentro dos planos delas. Em alguns casos, a devolução ocorre um ano depois de o cão ter sido adotado, o que, em tese, é traumático para o bicho.

 

“O animal tem que ser considerado parte da família. Se não for deste jeito, as coisas ficam cada vez mais difíceis”, analisou.

 

A condição física dos cães que voltam para a Oscip também não ajuda na “recolocação” deles nos lares. Conforme Silvia, a maioria dos animais que são cuidados pela instituição é aleijada, cardíaca ou tem problemas renais.

 

Os bichos recebem apoio de voluntários e de outros sócios da Ani+. “Nós chamamos de sócios, mas ninguém dá dinheiro. Só existe doação de ração, medicamentos, coleiras, vacinas e objetos como cama, roupas”, relatou a diretora.

 

De acordo com ela, os sócios ajudam a instituição e são ajudados por ela. “Temos registradas casas onde os animais estão com colaboradores. Quando temos a mais, nós doamos; quando eles têm, eles não dão”, comentou.

 

O modelo em Tatuí é diferente do que existe em Piracicaba, onde Silvia fundou a Sociedade de Proteção de Animais.

 

Conforme ela, a instituição existe há quase 30 anos e conta com sócios que contribuem efetivamente com alimentação e dinheiro para ajudar na manutenção e no tratamento dos animais.