Da reportagem
A Secretaria Municipal de Saúde realiza diversas atividades neste mês relacionadas à campanha “Novembro Azul”, que busca a prevenção do câncer de próstata. As ações aconteceram até o dia 30.
A programação conta com ações educativas voltadas ao público masculino, como palestras, rodas de conversa e atendimentos médico e psicológico, além de solicitação e coleta do exame Antígeno Prostático Específico (PSA), nas 18 unidades básicas de saúde (UBSs) e nas Estratégias Saúde da Família (ESFs). Os interessados em participar das ações devem procurar o posto de saúde mais próximo da residência.
Das 7h às 17h, as atividades são realizadas nos pontos: ESF do Jardim Santa Rita de Cássia; ESF “Doutor Simeão Orsi”, na vila Angélica; ESF do Jardim Tókio; EFS “André Batista”, na vila Santa Luzia; ESF do Jardim Gonzaga; e na ESF “Othoniel Cerqueira Luz”, no CDHU.
Os atendimentos também ocorrem no mesmo horário nas UBSs “Enfermeiro Antônio Rodrigues”, na vila Esperança; “Dr. Almiro dos Reis”, na vila Dr. Laurindo, “Doutor Alceu Machado Filho”, “Doutora Maria Eunice Del Fiol”, no bairro Valinho, “Doutor Medardo Costa Neves”, no Jardim Rosa Garcia I e na “Aída Rodrigues Mota”, no bairro Santa Cruz.
Já nas UBSs rurais “Doutor Antônio V. J. de Barros”, no bairro de Americana, “Doutor Flávio N. de Oliveira”, no Congonhal, “Doutor José Celso Nogueira”, na Enxovia, e “Doutor Jenner de Faria”, no bairro dos Mirandas, o horário das atividades é das 7h às 13h.
No quarta-feira, 30, das 16h às 20h, acontece o “Dia D”, no Cemem (Centro Municipal de Especialidades Médicas). Além da coleta do exame PSA, haverá aferição de pressão arterial e teste de glicemia. Não é necessário agendamento prévio, basta comparecer na rua São Bento, 15, centro.
A primeira ação da campanha foi realizada na manhã de quinta-feira, 10, na ESF do Jardim Gonzaga, onde os pacientes assistiram a uma palestra educativa sobre a prevenção do câncer de próstata e a importância do seu rastreamento, com o clínico-geral Oscar de Sá Pereira Croce e com a enfermeira Alessandra Bárbara de Almeida Simão. O público também teve atendimento médico, no qual foi realizado o exame PSA.
“Nós, da Secretaria Municipal de Saúde, esperamos que, com as ações do Novembro Azul, ocorra uma conscientização sobre a importância da prevenção na saúde do homem”, declara a diretora de Atenção Básica da rede municipal de saúde, Marília dos Santos Bernardo.
A profissional acrescenta que a intenção da campanha é de que “os munícipes entendam que é necessário procurar a rede básica para realização de exames preventivos e não buscar atendimento apenas quando estiverem doentes”.
“Muitos homens não possuem o hábito da prevenção. Geralmente, eles buscam o atendimento quando já estão apresentando alguma queixa. Sendo assim, não só no câncer de próstata, como nas demais patologias, o tratamento e o controle acabam sendo mais difíceis”, alerta a diretora.
“O principal motivo que faz com que eles evitem a visita ao médico é o exame de toque, responsável por detectar qualquer alteração na próstata. O exame é apenas complementar ao exame de sangue, que identifica algumas enzimas produzidas pela próstata no sangue e ajuda no diagnóstico do problema, mas não é eficiente sozinho”, enfatiza.
Marília lembra que os homens vivem em média oito anos menos que as mulheres, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Deixe a vergonha de lado e procure um médico urologista. A sua saúde é muito maior”, aponta.
De acordo com dados do Ministério da Saúde relatados por Marília, o câncer de próstata é o tipo mais comum entre os homens e a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas.
No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O Inca aponta que, na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas e, quando alguns sinais começam a aparecer, aproximadamente 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. “Nesta fase, ocorrem dor óssea, dores ao urinar, vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina e/ou no sêmen”, aponta Marília.
“Entre os fatores de risco, estão, histórico familiar de câncer de próstata (pai, irmão e tio), obesidade e raça. homens negros sofrem maior incidência deste tipo de câncer”, observa.
Segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2020/21, ainda não se sabe com clareza quais as razões, mas os homens negros apresentam risco de duas a três vezes maior que o restante da população masculina, bem como o dobro da probabilidade de morrer por conta da doença.
Conforme o instituto, a única forma de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce. Mesmo na ausência de sintomas, homens a partir dos 45 anos com fatores de risco, ou 50 anos sem estes fatores, devem ir ao urologista para conversar sobre o exame de toque retal, que permite ao médico avaliar alterações da glândula, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos, e sobre o exame de sangue PSA.
“Cerca de 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente pela alteração no toque retal. Outros exames poderão ser solicitados se houver suspeita, como as biópsias, que retiram fragmentos da próstata para análise, guiadas pelo ultrassom transretal”, salienta a diretora.
Marília argumenta que cuidar da saúde mental também é importante. “Diversos fatores podem causar um desequilíbrio emocional, como responsabilidades familiares, frustrações financeiras e problemas no trabalho. É preciso entender que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física, e que o tratamento é necessário”, acentua.
A indicação da melhor forma de tratamento vai depender de vários aspectos, como estado de saúde atual, estadiamento da doença e expectativa de vida.
Ela reforça que uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos, cereais integrais, menos gordura (principalmente as de origem animal) ajuda a diminuir o risco de câncer e de outras doenças crônicas não transmissíveis.
Em casos de tumores de baixa agressividade, há a opção da vigilância ativa, na qual periodicamente se faz um monitoramento da evolução da doença, intervindo-se se houver progressão.
Quanto à periodicidade em se realizar o exame novamente, Marília frisa que depende de análise dos fatores de risco, do PSA e da idade do homem.
“Uma vez diagnosticada a doença, o tratamento vai levar em conta uma série de fatores, como a idade do paciente, se o tumor está localizado na próstata ou se espalhando para outros órgãos e a opinião do paciente. Radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e bloqueio hormonal por medicamentos são outros tratamentos, além de cirurgia para retirada da próstata”, acrescenta a diretora.