Tatuí perdeu 395 postos de trabalho nos sete primeiros meses do ano, de acordo com levantamento do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Previdência Social. O resultado é o pior do histórico, que registra a evolução do emprego formal na cidade desde 2007.
No mesmo período do ano passado, a cidade teve o fechamento de 32 vagas. O resultado negativo teve início em 2014, quando 382 postos foram extintos. Entre 2007 e 2013, Tatuí teve rendimento positivo, com “pico” em 2010, quando 1.675 vagas foram abertas.
O resultado negativo nas contratações manteve-se na comparação do intervalo de 12 meses. Entre junho de 2015 e o mesmo mês deste ano, Tatuí perdeu 1.404 postos de trabalho.
Entre os mesmos meses de 2014 e 2015, foram fechadas 481 vagas. Entre 2013 e 2014, 437 posições foram extintas. O último período em que a cidade teve rendimento positivo no emprego foi entre os meses de julho de 2012 e de 2013, quando foram abertos 837 postos.
Segundo o secretário municipal da Indústria, Desenvolvimento Industrial e Social, Marcos Bueno, as principais empresas locais estão diretamente atreladas ao desempenho da economia nacional.
Com a melhora da expectativa da economia em médio prazo, os empresários locais tendem a estancar a sangria de postos de trabalho. A retomada das contratações poderá ser sentida a partir do segundo semestre do ano que vem, prevê o secretário.
“O que eu vejo é que, a partir do segundo semestre de 2017, haja uma retomada do setor industrial, com a entrada de novos projetos, aumentando a demanda por produtos locais. Do mesmo modo que a nossa economia foi afetada pelo impacto da crise nacional, assim que voltar a aquecer o mercado, Tatuí voltará a crescer”, opinou.
De acordo com o Caged, a cidade registrou 4.895 admissões entre janeiro e julho deste ano. Do total, 357 postos foram preenchidos por trabalhadores que estavam entrando no primeiro emprego.
Desses, 232 vagas eram para trabalhos temporários com prazo determinado. O restante se dividiu entre reemprego, reintegração e transferência.
No mesmo período, foram 5.290 desligamentos, dos quais 3.529 sem justa causa, 77 com justa causa, 1.060 a pedido e 525 por término de contrato. Aposentadorias, mortes e transferências contabilizaram o restante dos motivos das saídas do trabalho.
Na análise setorial, o Caged revelou que a indústria de transformação local foi o ramo de atividade econômica com maior impacto no déficit de vagas, com menos 221 postos, seguida pela construção civil, com menos 183 postos, e pelo comércio, com 142 empregos a menos.
O resultado foi parcialmente compensado pelo desempenho positivo da administração pública, que gerou 70 vagas, e pelo setor de serviços, responsável pela abertura de 104 novos postos.
A ocupação com maior déficit de vagas foi a de vendedor de comércio varejista. Entre janeiro e julho deste ano, foram fechadas 66 vagas. A cidade também perdeu 56 postos de operador de caixa, 52 de servente de obras, 44 de pedreiro e 33 de coletor de lixo domiciliar.
O secretário explicou que as numerosas demissões de trabalhadores da construção civil são impactadas por operações de construtoras locais em outras cidades. Os contratos de trabalho são assinados em Tatuí, mesmo que o trabalhador trabalhe em um canteiro de obra e resida em outro município.
“O setor da construção civil tem essa peculiaridade, pois trabalhadores de outros municípios são demitidos em Tatuí, mesmo que morem e trabalhem longe daqui”, argumentou.
As posições com saldos positivos no Caged são de: monitor de transporte escolar, com 78 novas vagas; empregado doméstico nos serviços gerais, 65; alimentador de linha de produção, 57; fundidor de metais, 45; operador de máquinas de fabricação de doces, salgados e massas alimentícias, 43.
De acordo com Bueno, o impacto negativo na indústria de transformação era previsível com o aumento da crise. As fábricas locais são as principais responsáveis por “trazer dinheiro” à cidade. Com menos pedidos e aumento do desemprego, a expectativa de venda do comércio diminui e o empresário tende a dispensar vendedores.
“O comércio sentiu a diminuição do número de consumidores e está dispensando funcionários para poder atravessar a crise. As famílias estão diminuindo os gastos, protelando trocar algum eletrodoméstico ou móvel e focando nas necessidades mais básicas”, afirmou.
O secretário apontou que a expectativa negativa da economia faz com que os pais tirem os filhos de escolas privadas e os matriculem na rede pública. O impacto da migração deve ter reflexos nos próximos meses. “As famílias estão segurando os gastos como podem”.
A evolução do mercado de trabalho fica clara no demonstrativo mês a mês do Caged. O único mês do ano com saldo positivo foi fevereiro, quando foram abertos 52 postos.
Os meses de janeiro (menos 26), março (- 91), abril (- 57) e maio (- 38) tiveram desempenho negativo, com a situação agravada nos meses de junho (- 110) e julho (- 125).
O ritmo de demissões deverá ser menor nos próximos meses, de acordo com Bueno. As contratações temporárias para as vendas de Natal deverão reanimar a economia, impactando no saldo de contratações e demissões.
“As contratações começam agora em setembro e outubro. Uma reação no mercado seria de grande valia. Gostaria que os tatuianos prestigiassem o comércio local e ajudassem a manter o dinheiro rodando na nossa economia. Isso ajudaria muito os nossos comerciantes”, concluiu.