‘Suspensa’ a greve na Santa Casa de Tatuí­

 

Funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Tatuí decidiram suspender a greve que estava programada para começar na quinta-feira, 22. Os empregados do hospital preferiram aguardar o pagamento dos vencimentos do mês de novembro e do 13º salário.

A votação que suspendeu a paralisação foi realizada em uma capela no interior do hospital. Em assembleia, 26 funcionários votaram pela aceitação da proposta da provedoria, enquanto 14 indicaram que preferiam a paralisação imediata.

De acordo com o Sinsaúde (Sindicato Único dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Sorocaba e Região), a Santa Casa se comprometeu a pagar os salários e o 13º nesta próxima semana.

Pela proposta, os vencimentos de novembro – que deveriam ter sido pagos dia 6 – serão depositados na quarta-feira, 28. A bonificação natalina deve ser paga integralmente na quinta-feira, 29.

Apesar da suspensão da paralisação, os funcionários continuam em “estado de greve”. Caso o acordo firmado com a provedoria seja descumprido, os trabalhadores, “automaticamente”, cruzarão os braços.

“Se vocês não receberem, poderão entrar em greve. O movimento grevista não foi cancelado, porém, prorrogado. A Santa Casa já tinha sido notificada na terça-feira (20)”, afirmou o vice-presidente do Sinsaúde, Elielson Farias dos Santos.

Com os atrasos, o sindicato exigirá o pagamento de multa de 0,5% sobre o valor dos salários não pagos. O montante deverá ser quitado pelo hospital diretamente aos funcionários. O Sinsaúde entrará com ação na Justiça do Trabalho pedindo o pagamento de multa administrativa.

Além dos salários e do 13º vencidos, cerca de 380 funcionários não receberam a cesta básica do mês de dezembro. O benefício deveria ter sido entregue no início do mês. A provedora Fernanda Aparecida Rodrigues Laranjeira se comprometeu a pagar a cesta junto com a bonificação natalina.

A provedoria da Santa Casa protocolou, na tarde de quinta-feira, 22, um pedido do adiantamento de R$ 600 mil da parcela da contratualização do mês de novembro. Com o valor, a instituição poderia pagar a folha de pagamento, vencida desde o dia 6.

“O repasse do SUS (Sistema Único de Saúde) já está na conta do Fundo Nacional de Saúde. Depois de 72 horas, esse dinheiro virá para a Prefeitura, que o repassará imediatamente para a Santa Casa. Isso deve acontecer na segunda-feira (26)”, afirmou Fernanda.

De acordo com a provedora, o salário deverá ser depositado no mesmo dia, no caso, segunda-feira. O banco deverá efetivar as transações para as contas dos empregados à meia-noite de terça-feira, 27.

Também foi protocolado pedido de auxílio financeiro à Câmara Municipal. Os vereadores poderão liberar as “sobras” de caixa do exercício financeiro deste ano. Foram solicitados R$ 600 mil, que seriam usados para pagar o 13º salário.

“A bonificação dependerá do duodécimo da Câmara. A contratualização que temos com a Prefeitura prevê 12 parcelas. Então, nos finais de ano, temos essa dificuldade em pagar o 13º salário dos nossos funcionários”, explicou Fernanda.

Para a provedora, o “ideal é que o hospital tenha recursos próprios para pagar a folha de pagamento”. “Infelizmente, não temos recursos para isso. Ficamos sempre na dependência de ajuda da Câmara e de auxílios financeiros da Prefeitura”, disse.

A responsável legal pelo hospital declarou que o presidente da Câmara, Wladmir Faustino Saporito (PSDB), comprometeu-se a passar o duodécimo da Casa de Leis à Prefeitura, que deverá depositar o dinheiro para a Santa Casa.

Para garantir que o dinheiro “caia na conta”, os vereadores deverão se reunir em sessão extraordinária para a aprovação de uma lei que obriga a Prefeitura a fazer o repasse do duodécimo. A previsão, na tarde de quinta-feira, 22, era de que a reunião fosse marcada para a segunda.

Tanto a Prefeitura quanto a Câmara deverão fazer repasses da ordem de R$ 600 mil cada. O hospital gastará, com a folha de pagamento e o 13º salário, cerca de R$ 1,16 milhão no total.

Além dos salários e bonificações atrasados, os funcionários do único hospital filantrópico da cidade também enfrentam problemas com instituições financeiras.

De acordo com o sindicato da categoria, parcelas dos empréstimos consignados contratados por funcionários não foram pagas pelo hospital. A instituição, porém, realizou os descontos na folha de pagamento.

Por conta da inadimplência, trabalhadores estão com o nome restrito em órgãos de proteção ao crédito. O mesmo caso ocorre com os pagamentos das contribuições do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).