AC Prefeitura / Evandro Ananias
Policiais militares e guardas civis muncipais fizeram blitzes na semana passada por conta de ataques
Seis adolescentes, com idades entre 15 e 17 anos, e Elvis Aparecido Diniz de Oliveira, 21, foram detidos por suspeita de estarem envolvidos com os incêndios a três ônibus, ocorridos durante a noite de quarta-feira passada, 19, e a madruga de quinta-feira, 20, nos bairros Jardim Gonzaga e vila Angélica. Segundo informações do comandante Adriano Henrique Moreira, da Guarda Civil Municipal (GCM), dois adolescentes foram apreendidos na quinta-feira, antes do enterro do menino de 16 anos que faleceu após troca de tiros com a polícia.
“Recebemos uma denúncia anônima e encontramos os dois menores suspeitos perto de uma escola no bairro Jardins deTatuí. Eles foram conduzidos até a delegacia e, lá, confessaram sua participação no crime. Eles já têm passagem pela polícia por envolvimento com o tráfico de drogas”, relatou o comandante Moreira.
De acordo com informações do capitão Lincoln Estanagel de Barros, da Polícia Militar, na tarde da sexta-feira passada, 21, por volta das 17h30, outros dois adolescentes foram apreendidos nas residências deles, no bairro São Cristovão.
Esta operação foi conduzida pela PM, também após denúncias anônimas sobre a participação dos garotos no incêndio dos três ônibus. No mesmo dia, o rapaz de 21, Elvis Aparecido Diniz de Oliveira, foi detido por agentes da Guarda Municipal, logo depois do enterro do irmão dele.
“Já tínhamos informações de que ele estava envolvido com as queimas dos ônibus, e o levamos para a delegacia, onde ele também confessou sua participação. Elvis Aparecido Diniz de Oliveira já tem passagem pela polícia por tráfico de drogas”, informou o comandante Moreira.
Já no início da noite de domingo, 23, outros dois menores foram apreendidos no Jardim Gonzaga, durante patrulhamento da Polícia Militar.
“A informação que obtivemos era de que esses dois teriam causado o incêndio do ônibus da Empresa Rosa e roubado R$ 30 do motorista”, relatou o capitão Barros.
Todos os seis menores detidos foram encaminhados para a Fundação Casa, onde aguardam pela sentença do juiz que, provavelmente, envolverá medida socioeducativa, prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
De acordo com o capitão da PM, todos os sete detidos se conhecem, agem em conjunto e se organizaram para atear fogo nos ônibus.
“Infelizmente, o aumento da participação de adolescentes com o tráfico de drogas é uma realidade. Normalmente, são garotos desempregados que nem se interessam em trabalhar. Então, começam com pequenos furtos, migram para o roubo, até chegarem a outros crimes. É bastante comum, também, que esses adolescentes tenham dívidas a pagar por causa de drogas”.
Ainda segundo o capitão Barros, todos os apreendidos foram ouvidos pela polícia, e, em depoimento, a justificativa para o ataque foi a morte do adolescente de 16 anos.
Para trazer mais tranquilidade aos moradores dos dois bairros onde os ônibus foram queimados, a Polícia Militar está fazendo patrulhamento durante 24 horas por dia na vila Angélica e no Jardim Gonzaga, o qual só será interrompido “quando a ordem e a segurança públicas se reestabelecerem nos dois locais”.
Os policiais estão atuando em escalas extras, e as folgas foram reduzidas para que haja mais tempo disponível para estarem presentes nos bairros.
“Não tivemos novas ocorrências, e a população pode ficar sossegada, pois estamos acompanhando toda a movimentação nos bairros e fazendo um patrulhamento mais intenso. Esta é uma de nossas prioridades no momento”, ressaltou o capitão.
Desde o ocorrido, a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal estão atuando em conjunto, a fim de unir esforços e trocar informações para que mais suspeitos de envolvimento com os incêndios sejam detidos.
Tanto a PM quanto a GCM pedem para que a população colabore com informações, caso tenha conhecimento de alguma pessoa que possa estar envolvida com o crime. É possível fazer denúncias pelos números 190 e 199, e o anonimato é totalmente garantido.
O comandante Moreira reforça que a ajuda da população está sendo de grande importância para as apreensões, pois foram por meio delas que os agentes da Guarda e os policiais militares chegaram aos suspeitos detidos até o momento.
Ainda segundo Moreira, é provável que outras pessoas sejam presas, pois outros nomes já surgiram durante os depoimentos dos apreendidos. Outro pedido feito pelo capitão Barros é de que “os cidadãos não acreditem em boatos, pois existem muitas pessoas mal intencionados que só querem causar pânico na população”.
Em relação à possibilidade de escolas também serem atacadas, o capitão frisa que nenhuma denúncia ou informação foi recebida pela polícia.
“Essa foi a primeira vez que ônibus são queimados em Tatuí, e eu não entendo o motivo disso, pois quem fica prejudicado é a própria população. Me recordo que, no dia seguinte ao incêndio, as pessoas estavam indignadas porque não conseguiram chegar no horário certo em seus trabalhos”, concluiu Barros.
O caso
Na noite de quarta-feira, 19, após a morte de um garoto de 16 anos em um tiroteio, três ônibus foram incendiados, supostamente como forma de protesto, segundo informações da Guarda Municipal e da Polícia Militar.
A troca de tiros aconteceu após um comerciante entrar em contato com a polícia e relatar que poderia estar sendo alvo de golpe, ao receber uma ligação pedindo uma entrega na Vila Angélica.
Os policiais foram verificar o local, onde encontram três adolescentes, dois quais dois permitiram que os PMs fizessem revista. Ao mesmo tempo, o terceiro adolescente teria corrido com uma arma na mão por aproximadamente 500 metros e entrado em um matagal no fim do bairro Jardins de Tatuí, próximo à vila Angélica.
Após entrar no mato, segundo informações do capitão Barros, o rapaz teria efetuado alguns disparos, e os policiais, respondido com mais tiros, que acabaram atingindo o adolescente.
Ainda de acordo com o capitão da Polícia Militar, ao verificar o corpo do menino, os policiais teriam visto que o dedo dele estava “em posição de efetuar disparo”.
Esse tiroteio pode ter sido o motivo para a ocorrência dos três incêndios contra ônibus, dos quais dois queimaram completamente e um, parcialmente, durante a noite de quarta-feira, 19, e a madruga de quinta, 20.
O primeiro ataque aconteceu em um coletivo “de linha”, que fazia a última viagem pelo bairro Jardim Gonzaga. Os outros dois atentados ocorreram na vila Angélica, onde um micro-ônibus e um ônibus, sem passageiros, motorista nem cobrador, da Empresa Rosa, foram queimados.
Só até as 19h
Os ônibus do transporte urbano que atendem aos bairros Jardim Gonzaga e vila Angélica só estão circulando até às 19 horas desde a quinta-feira, 20, e ainda não há previsão para o serviço noturno ser reestabelecido nos locais.
Segundo o gerente da Empresa Rosa, Carlos Eduardo Medeiros, os ônibus só vão voltar a circular até às 22h quando a situação de segurança for regularizada. “Estamos esperando que as autoridades tomem providências para então voltarmos ao normal”.
O gerente explica que os prejuízos ainda não foram calculados, mas um levantamento interno está sendo feito, inclusive, sobre o número de usuários do transporte público que estão sendo prejudicados por não poderem se locomover de ônibus.
Escolta é suspensa
Desde a manhã de segunda-feira, 24, os ônibus escolares estão trafegando sem a escolta da Guarda Civil Municipal. No entanto, ainda há um patrulhamento, da Polícia Militar e da GCM, nos bairros Jardim Gonzaga, Jardins de Tatuí e vila Angélica, por onde passam os ônibus que levam as crianças para as escolas.
Atualmente, circulam por essa região cerca de 22 veículos, 11 pela manhã e 11 à tarde. As escoltas começaram a ser feitas logo após os incêndios aos ônibus.
O comandante Moreira, da GCM, informou que, logo após os atentados, houve preocupação com a segurança das crianças transportadas pelos ônibus escolares, o que levou à realização de escolta durante os dois dias posteriores aos incêndios.
“Foi uma atitude preventiva, pois achamos melhor dar esta proteção a mais para a população naquele momento. Mas, como não houve ameaças nem denúncias, decidimos parar com a escolta e normalizar a operação dos ônibus”, explicou Moreira.