Da reportagem
Diversas obras de melhorias estão sendo realizadas no Museu Histórico “Paulo Setúbal”, da prefeitura de Tatuí, para melhor atender aos visitantes. Conforme a administração do MHSP, as reformas estão sendo realizadas desde março.
O prédio é tombado como Patrimônio Histórico, Cultural e Arquitetônico, por meio do processo de tombamento 01/2020, do Condephat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico de Tatuí), e do decreto municipal 20.708, de agosto de 2020.
Conforme o diretor do Departamento Municipal de Cultura e gestor do MHPS, Rogério Vianna, em virtude de o edifício ser composto de forro e piso de madeira, foi realizada a descupinização, desratificação, dedetização e limpeza das caixas d’água, como tratamento preventivo para evitar problemas no prédio e no acervo da reserva técnica, “que tem um rico material impresso”.
Vianna conta que o telhado do MHPS também sofreu intervenções, como a troca de calhas e obras para sanar as goteiras e infiltrações que ocorriam em alguns pontos.
Atualmente, os ambientes que compõem o primeiro piso do prédio histórico (sala de exposição temporária, hall, corredor e escada que liga ao piso térreo, auditório, corredor, recepção, sala do administrativo, sala da diretoria) estão tendo a pintura interna refeita.
Conforme Vianna, desde 2017, outras obras de melhorias foram realizadas no local, como o tratamento de fissuras e infiltrações e a inclusão de ar-condicionado no auditório do MHPS, que tem capacidade para 50 pessoas.
Vianna ressalta que a reforma “é de extrema de importância” para a manutenção do patrimônio cultural. “Nós já promovemos a restauração dos monumentos da música e, agora, estamos investindo um pouco no MHPS, com diversas melhorias”, conta o diretor.
“São reformas que, às vezes, a população não percebe ser necessária. As calhas, por exemplo, quase não são vistas, mas são muito importantes para cuidar da sobrevida do imóvel e do nosso acervo histórico. A calha evita infiltrações e a entrada de água no prédio”, argumenta Vianna.
Sobre o edifício
O prédio foi construído em um terreno no largo então chamado “Santos Dumond”. Segundo dados do livro de transcrição 3-D (velho), folha 73, registro 2.723, de 12 de dezembro de 1913, do Cartório de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil das Pessoas Jurídicas da Comarca de Tatuí, a Fazenda do estado de São Paulo adquiriu o terreno por doação da Câmara Municipal de Tatuí, conforme escritura pública de 3 de dezembro de 1913, lavrada nas notas do 6º Tabelionato de São Paulo, Thiago Mazagão.
“A doação é feita sob a condição de a adquirente construir no terreno doado o edifício que servirá de Cadeia, Fórum, Câmara Municipal e suas dependências nesta cidade”, apresenta o documento.
Nesse local, em 1920, foi construído um prédio, na então praça “Antônio Prado”, que passou, posteriormente, a ser chamada praça Manoel Guedes. O edifício seria a cadeia e o fórum.
O registro “Tatuhy Através da História” aponta: “O prédio tem construção recente, sob o governo do senhor Dr. Altino Arantes, sendo secretário da Agricultura o senhor Doutor Cândido Motta, que a mandou fazer. Planta elegante, em sobrado, prisões bem arejadas e amplas, vasta sala de júri e audiências e gabinetes diversos. Ocupa lugar no centro da praça, Cândido Motta, ostentando, no seu salão principal, o retrato a óleo deste ex-secretário e o do Dr. João Feliciano da Costa Ferreira, primeiro juiz desta comarca”.
Em 28 de janeiro de 1969, o decreto 51.328 transferiu para a Secretaria da Cultura, Esportes e Turismo o prédio do Fórum e Delegacia de Polícia, bem como o terreno para a instalação da “Casa de Paulo Setúbal” (Museu Histórico de Tatuí). O diretor da entidade era Nilzo Vanni.
“A ‘Casa de Paulo Setúbal’ e o Museu Histórico de Tatuí, agora instalados no antigo prédio da Cadeia e Fórum, foram inaugurados dentro das comemorações da Semana de Paulo Setúbal e do Aniversário de Tatuí”, publicou o jornal “O Estado de São Paulo”, em 12 de agosto de 1975, na reportagem “Tatuí Inaugura Museu e a Casa de Paulo Setúbal”.
Em 1984, o acervo do museu tinha, em média, 1.500 peças, distribuídas em: sala de Paulo Setúbal, sala da história de Tatuí, sala de objetos sacros, sala de taxidermia, sala dos pracinhas da FEB e três salas de leitura.
Outra sala existente era a biblioteca “Raul de Pollilo”, doada pela família em 1981, que tem, entre outras raridades, um busto em bronze de Eça de Queiroz, a Enciclopédia Britânica em inglês, o Webster e algumas coleções importantes, como “Gênios da Pintura”.
O MHPS ainda contava com a sala de livros mais atuais, inaugurada durante os festejos da Semana de 1978, procurada principalmente por estudantes de direito e advogados, por possuir “uma valiosa coleção de obras jurídicas, o que não ocorre em nenhuma biblioteca pública da cidade”.
No ano de 1986, o edifício passou a integrar a estrutura da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo do estado de São Paulo. Segundo o livro “Tatuí/Capital da Música”, de Renato Ferreira de Camargo e Christian Pereira de Camargo, a “Casa de Paulo Setúbal” e Museu Histórico de Tatuí foram administrados, por alguns anos, pelo Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”.
Em agosto de 2008, a “Casa de Cultura” passou a ser administrada por uma organização social (novo modelo de gestão instituída pela lei 846/98, do governador Mário Covas), a Associação Cultural de Amigos do Museu Cândido Portinari.
No dia 23 de dezembro de 2008, abriu a ordem de início dos serviços na Casa de Cultura “Paulo Setúbal”, para o contrato no valor de R$ 795 mil, que realizou intervenções necessárias à modernização e à readequação dos espaços, com instalação de elevador e medidas de acessibilidade.
Em maio de 2010, a Câmara Municipal aprovou projeto de lei, criando em Tatuí o Museu “Casa de Cultura Paulo Setúbal” e, em 30 de abril de 2010, a lei municipal 4.345 foi aprovada, dispondo sobre a criação do espaço, na gestão do então prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo.
Em 20 de setembro do mesmo ano, foi reinaugurada a Casa de Cultura “Paulo Setúbal” e o Museu de Tatuí, agora batizado como Museu Histórico “Paulo Setúbal”.
A expografia do MHPS conta a formação da cidade, movimentos populacionais, primeiros habitantes, colonizadores e os conflitos gerados por eles, além de registrar a presença dos tropeiros na região e a história cultural e musical que levaram Tatuí ao título de “Capital da Música”.
Há uma sala dedicada exclusivamente à vida e à obra do escritor e jornalista, imortalizado pela Academia Brasileira de Letras, Paulo Setúbal, o patrono do museu histórico. Ainda há o gabinete de leitura “Nilzo Vanni” e um auditório.
O acervo também conta sobre as participações de tatuianos em conflitos armados, na Segunda Guerra Mundial e na Revolução de 1932, além de outras curiosidades.
Em 2020, devido à pandemia da Covid-19, o Museu Histórico “Paulo Setúbal” criou a ação #MuseuPauloSetúbalEmSuaCasa, disponibilizando os projetos educativos por meio de vídeos produzidos por artistas e personalidades da cidade, ou apresentando o acervo do museu.
Entre os projetos apresentados, destacam-se: #EscritaFalada, no mês de maio, para valorizar o Dia Municipal da Literatura Tatuiana; #VisãodoArtistaPlástico, que homenageou alguns nomes das artes plásticas do município; e #TatuídaFestadeBemfica.
O canal do museu no YouTube tem permitido o acesso de usuários que não podem visitar o equipamento cultural devido à suspensão das atividades presenciais.
O “18º Prêmio Literário Paulo Setúbal – Contos, Crônicas e Poesias” faz, neste ano, alusão ao centenário do edifício-sede do Museu.
Para as comemorações da data, o então diretor e publicitário do Departamento de Comunicação da prefeitura de Tatuí, Leandro Alexandre Mendes, criou uma logomarca que foca no desenho do edifício – construído para ser sede da cadeia e do fórum da cidade – e destaca o ano de criação, bem como o jubileu do centenário da sede do Museu Histórico “Paulo Setúbal”.