Secretário diz que não há crise de emprego





Entre janeiro e abril deste ano, o saldo de empregos em Tatuí fechou em negativo. O Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) aponta que, no município, houve mais demissões que contratações no período.

Conforme o sistema, a cidade contabilizou menos 122 postos de trabalho nos quatro primeiros meses do ano. Em 2015, a situação era melhor. No primeiro quadrimestre, o balanço foi de 129 novas vagas com carteira assinada. Já no acumulado do ano passado, o desempenho caiu para menos 719 postos.

Apesar de estarem “em queda livre” desde o ano passado, os números do mercado de trabalho local, registrados pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), não refletiriam a realidade da cidade. Isso é o que defende o secretário municipal da Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social, Marcos Bueno.

De acordo com ele, Tatuí não está enfrentando crise na geração de empregos. Bueno sustenta que o município é o que mais gerou postos de trabalho na região. O secretário apresentou tabela própria, na qual destaca que o percentual de vagas abertas em Tatuí é superior ao de cinco cidades da região.

A planilha faz sobreposição aos números do Caged, que, em geral, são apresentados na forma “consolidada”. Em outras palavras, o sistema do ministério gera um cálculo unificado, com todos os setores.

Esse tipo de conta é questionada pelo secretário. Bueno disse que, “em que pese o número de vagas geradas, Tatuí apresenta dados melhores que outros municípios”.

Para o secretário, apesar da recessão, novos postos estão sendo gerados. Ele citou que existem controvérsias na verificação do saldo. Segundo ele, consultas ao sistema precisam levar em consideração uma série de fatores. Entre eles, a vocação do município e o cenário nacional.

Em Tatuí, o “vilão” tem sido a indústria. No cálculo consolidado, o setor puxou para baixo todos os números, em função da proporcionalidade na quantidade de vagas. O setor é o que mais emprega no município, além do poder público – a título de curiosidade, a Prefeitura possui mais de 3.000 funcionários.

Bueno disse que a crise financeira nacional fez com que as oportunidades de trabalho nas indústrias de Tatuí ficassem menores. “Há vagas, e as contratações estão sendo realizadas, mas em pequena quantidade”, comentou.

Conforme o secretário, essa é a explicação para que o PAT registre números menores de oportunidades que em outras cidades. Em Tatuí, a quantidade de vagas anunciadas tem sido menor que as divulgadas por cidades do entorno, como Itapetininga, por exemplo.

O motivo disso estaria sendo o “comportamento” das empresas. Bueno afirmou que os departamentos responsáveis pelas contratações não estão disponibilizando as vagas. “Eles (as empresas) preferem fazer a tratativa internamente”, apontou.

Com isso, acabariam não informando as oportunidades junto ao PAT. Daí, o volume menor de colocações. Bueno citou que o posto consiste em um convênio firmado entre o município e o governo do Estado, funcionando como uma agência gratuita de captação de vagas. “Não existe contrapartida nenhuma para o cidadão usar os serviços”.

Além de cadastrar as oportunidades, o PAT é responsável pela criação de um banco de dados dos trabalhadores sem emprego. Também disponibiliza espaço para que empresas façam o recrutamento dos candidatos. “Isso está acontecendo, mas em menor número que antes”, reforçou.

O principal motivo é o cenário nacional. Bueno afirmou que a situação do país é crítica. Entretanto, alegou que o panorama da cidade é melhor que o de Boituva, Cerquilho, Itapetininga, Iperó e Sorocaba. “Por incrível que pareça, Tatuí é a única que está gerando postos de trabalho e destoando”, alegou.

Do ponto de vista do secretário, a redução do emprego em Tatuí deve-se, em muito, à indústria e não à agropecuária e aos serviços.

Bueno classificou a situação como “crise pontual” e decorrente de dificuldades enfrentadas por duas empresas (FBA – Fundição Brasileira de Alumínio e Rontan Eletrometalúrgica). “A primeira atende ao governo e a segunda, ao setor automotivo”, observou.

Como tanto o governo quanto as indústrias automobilísticas estão enfrentando turbulências, Bueno afirmou que Tatuí está sentindo os reflexos. “Não poderia ser diferente. O governo parou de comprar, automaticamente, as linhas de produção fecharam aqui, também”, complementou.

Papel do município

“A Prefeitura não tem competência para aportar qualquer tipo de recurso em empresas privadas. Isso não existe em lugar nenhum. Falar que o município vai até a empresa e vai gerar empregos, é até inconstitucional. Dá improbidade administrativa”, declarou.

A fala do secretário está relacionada a críticas enviadas por meio da internet. Bueno disse que o Executivo tem sido questionado com relação ao que está sendo realizado para aquecer a economia local.

Do ponto de vista administrativo, o secretário afirmou não existir ingerência. Ele acrescentou, porém, que a Prefeitura busca entendimentos com sindicatos, associações e empresas, no sentido de tentar reduzir as demissões.

Também oferece, para os investidores, benefícios previstos no Pró-Tatuí. O programa de incentivo ao desenvolvimento econômico e social atende empresas estabelecidas (que estejam em fase de ampliação) e que desejam instalar unidades no município.

Elas recebem, quando atendidos requisitos necessários, isenções de impostos e, até, ajuda com terraplanagem.

“No entanto, isso não está sendo recorrente. É difícil encontrar empresas que estejam ampliando. Mas, mesmo assim, temos recebido empresários de Tatuí pedindo inclusão no programa. Então, não podemos generalizar e dizer que há uma crise no emprego só em função de dois segmentos”, argumentou.

Mencionando o Caged, Bueno disse que os números da geração de empregos em Tatuí são positivos. O secretário repetiu que a cidade é a única da região a apresentar saldo em alta. A afirmação tem como base cálculo feito pela secretaria municipal e que utilizou dados do MTE.

Na planilha, Tatuí apresenta 461 empregos abertos, contra 148 em Boituva, 68 em Cerquilho, nenhum em Itapetininga e Sorocaba e 38 em Iperó. Os números não são referentes a saldo (que leva em consideração empregos gerados e desligamentos). Também não constam um período em específico.

Descontando as admissões, Tatuí teve saldo negativo de 1.257 empregos, conforme a tabela da secretaria. O saldo ficou negativo, também, nas cidades em comparação. Boituva registrou menos 124 vagas; Cerquilho, menos 473; Itapetininga, menos 867; Sorocaba, menos 11.477; e menos 344 em Iperó.

Apesar de utilizar a mesma base de dados (o Caged), a planilha da secretaria diverge do sistema do MTE. Bueno explicou que isso se dá porque o cálculo do Executivo isola os setores. “Nós estamos equilibrados. O cálculo do Caged não está errado, mas tudo depende de como é visto”, afirmou.

Em Tatuí, dois setores apresentaram “bom desempenho”, de acordo com o levantamento da secretaria. A tabela registra geração de empregos positiva na área de serviços e na agropecuária, com 491 novas vagas e 56, respectivamente.

Contudo, os números de oportunidades geradas pelos dois setores não teria relação com o saldo de trabalhos abertos (que registrou total de 461 postos).

“Os números do Caged não são ‘verdadeiros absolutos’. Nós podemos chamá-los de ‘verdadeiros falsos’, porque, hoje, estão e amanhã não estão mais”, comentou.

A razão seria que setores como a agropecuária oscilam, por conta da sazonalidade das culturas. Contudo, eles acabam influenciando no “cálculo fechado”. Na cidade, além dessa variação, houve redução na produção industrial. Os cortes provocaram grandes demissões, em especial no ano passado.

“Esse ano (2015) foi um dos piores anos para o município, mas a Prefeitura tem aberto diálogos com os empresários, com o sindicato e entidades para tentar reduzir o impacto, para prorrogar as demissões”, disse Bueno.

As conversas são no sentido de redução da hora de trabalho, de benefícios e outros. Em curto prazo, o Executivo oferece cursos de qualificação, por meio do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e Acessa São Paulo. O Fundo Social também é integrado a essa rede, com o Polo da Construção Civil.

“A população está sendo atendida. Tatuí não está parada como muitos pintam”, concluiu.