Saudosismo





Palmeirenses cinquentões e de mais idade certamente devem estar indignados, inconformados e até revoltados, muito mais que os outros torcedores. É que eles vivenciaram um clube bem administrado, com gente de qualidade, daí a série de conquistas notadamente nos anos 1950, 60 e 70, quando o Palmeiras era respeitado e admirado, tanto que, para as festividades de inauguração do estádio “Magalhães Pinto”, o Mineirão, o clube, por exemplo, vestiu a camisa da seleção, e com um treinador argentino, Filpo Nuñes.

Isso em 1965, época em que o clube era chamado de “Academia”, tamanha a categoria com que se apresentava. Era, ao lado do Botafogo, do Rio, um dos dois únicos que encaravam o grandioso Santos, de Pelé. Por tudo isso, os antigos e sempre fiéis torcedores do alviverde se revoltam nos dias atuais.

Interessante que o clube buscava sempre revelações de outros Estados para integrarem sua equipe. As formações de base, tipo infantil e juvenil da época, eram de pouca expressão, salvo, por exemplo, Júlio Amaral e Caravetti, que tiveram chances na equipe de cima, como era denominada.

A foto mostra bem isso. É o bom time do Santa Cruz, do Recife, campeão de Pernambuco em 1957, quando quatro desses atletas chegaram no clube para serem campeões. Em pé: Sidney, Diogo, Anibal, Aldemar, Edinho e Zequinha. Agachados: Lanzoninho, Rudmar, Mituca, Faustino e Jorginho. Vieram Aldemar, Zequinha, o goleiro Anibal e Lanzoninho.

Aliás, Pernambuco também forneceu outros craques em épocas diferentes, como Geraldo II (ou Geraldo José), Elcir, Gildo, Rinaldo, Erb, Vasconcelos, Minuca e outros mais.

Anibal ficou pouco tempo, pois logo foi negociado com o Sporting, de Portugal, e, em 1960, foi o goleiro que levou o primeiro gol na inauguração do Morumbi, na vitória do São Paulo por 1 a 0 sobre o time português, anotado por Peixinho.

O Rio Grande do Sul também enviou craques para o time. Os vitoriosos Chinesinho, os goleiros Valdir de Moraes, Picasso, Tupãzinho e Ênio Andrade são alguns bons exemplos.

Do Rio de Janeiro, vieram o consagrado Jair Rosa Pinto, Djalma Dias, o genial Ademir da Guia, César Lemos e outros. Velhos tempos. Grande integração, época em que os jogadores ficavam por longo tempo nos clubes.

Era constante a escalação, quase não mudava, e, para atuar como profissional e ainda mais defendendo uma equipe grande, era preciso ter muito, muito futebol. Tem ou não tem razão os velhos palmeirenses? Quem viu coisa boa não se conforta com a mediocridade que impera.

NOTA: As fotos são do arquivo pessoal do autor, que data de 50 anos. Ele, como colecionador e historiador do futebol, mantém um acervo não somente de fotos, mas de figurinhas, álbuns, revistas, recortes e dados importantes e registros inéditos e curiosos do futebol, sem nenhuma relação como os sites que proliferam sobre o assunto na rede de computadores da atualidade