A Secretaria Municipal da Saúde confirmou intenção de inscrever Tatuí no novo edital do programa “Mais Médicos”, do governo federal. O Ministério da Saúde publicou na quinta-feira, 15, documento no qual estipula atendimento às cidades “mais vulneráveis” e inscritas no Provab (Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica).
“Nas duas primeiras vezes, nós nos cadastramos, mas não fomos contemplados. Desde que o ministério abriu o programa estamos tentando”, afirmou a coordenadora de planejamento da pasta, a enfermeira Tirsa Luisa de Melo Meira Martins.
Conforme ela, em nenhuma delas o ministério atendeu ao município por conta do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil de 2013, divulgado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o índice da cidade é de 0,752 (alto).
O dado é do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e FJP (Fundação João Pinheiro), com base em dados extraídos dos censos demográficos de 1991, 2000 e 2010. A entidade considera indicadores de longevidade (saúde), renda e educação para a definição do índice que varia de 0 a 1.
Dessa maneira, quanto mais próximo de 0, pior é o desenvolvimento humano do município. Quanto mais próximo de 1, mais alto é o desenvolvimento.
O novo edital publicado pelo ministério abre oportunidade para 1.500 prefeituras. Entretanto, ele mantém a meta de atender às cidades “mais vulneráveis”.
Conforme o documento, estão aptas a aderirem as prefeituras participantes do Provab 2014. Nessa nova inscrição, o ministério priorizará cidades com 20% de sua população em extrema pobreza, com IDH baixo e muito baixo localizadas no semiárido, vales do Jequitinhonha, Mucuri e Ribeira e nas periferias de capitais e regiões metropolitanas, além da expansão para distritos indígenas.
Municípios e médicos terão até os dias 28 e 29 deste mês, respectivamente, para confirmar participação e efetuar a inscrição no sistema do programa ( http://maismedicos.saude.gov.br/ ). Tatuí está preparando sua terceira inscrição. “Estamos tentando, mas não sabemos se vamos ser contemplados”, disse Tirsa.
Para a secretária municipal da Saúde, Cecília Oliveira França, todo o “reforço é bem-vindo”. Segundo ela, a demanda por médicos no município é alta.
“Costumo dizer que quando você começa a oferecer um serviço, a demanda surge. Com médicos, isso não é diferente. A procura ainda é muito alta”, iniciou.
Entretanto, Cecília disse que o “Mais Médicos” contempla médicos generalistas e não especialistas. “O problema geral da nossa cidade e do país são os especialistas. No nosso caso, se formos contemplados, os médicos vão somar, mas não sabemos até que ponto isso vai impactar”, completou.
Tirsa explicou que profissionais enviados pelo ministério para as cidades contempladas atuam especificamente no PSF (Programa Saúde da Família). Os municípios beneficiados recebem verba de custeio, via governo federal, para permitir que eles atendam famílias juntamente com equipes multidisciplinares.
“Em outros municípios que tivemos contato e que receberam esses médicos, os relatos que tivemos foram positivos. Como não temos esse tipo de experiência, não dá para saber qual seria o efeito disso. Mas médico é sempre positivo, por isso, nós vamos nos inscrever mais uma vez”, disse a coordenadora.
Também de acordo com ela, a vinda de novos profissionais poderia melhorar “ainda mais a boa estrutura que o município possui na atenção básica”. Tirsa destacou, ainda, que a cidade possui equipes completas do PSF. “Temos tudo conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde”, afirmou.
Além de o quadro estar completo, a secretária da Saúde ressaltou que os profissionais médicos cumprem as oito horas diárias de atendimento. “Conseguimos melhorar muito. Antes, tínhamos médicos que iam e vinha, todos os dias, mas não em horário integral. Hoje, a situação é outra”, completou.
Na cidade, as equipes do PSF trabalham no Jardim Santa Rita de Cássia, no CDHU (Conjunto Habitacional “Orlando Lisboa de Almeida”), vila Angélica e Jardim Gonzaga. “Toda equipe é integrada à família”, salientou Tirsa.
De acordo com ela, parte do resultado desse trabalho está refletido em indicador divulgado recentemente pela Prefeitura. “Nós conseguimos reduzir bastante a mortalidade infantil. Esse é um trabalho fantástico e inédito e pode ser considerado reconhecimento de um trabalho muito bom”, adicionou.
Em dezembro do ano passado, a Prefeitura informou que Tatuí havia registrado 7,60 óbitos de recém-nascidos para cada mil nascidos vivos. Conforme a assessoria de imprensa, a taxa é a “menor da história do município”.
