Em pouco mais de dois meses, a Santa Casa de Misericórdia apontou mudanças em dois indicativos. O hospital, que está sob intervenção municipal, obteve queda no quadro de infecção hospitalar e ganho de variedade no cardápio servido aos pacientes.
Conforme informou a interventora Márcia Aparecida Giriboni de Souza, os novos quadros dizem respeito aos resultados práticos da aplicação de dois projetos: o “Adote um Quarto” e a Central do Voluntariado. Ambos são coordenados pela conselheira do Fusstat (Fundo Social de Solidariedade de Tatuí) Alessandra Vieira de Camargo Teles.
Márcia apontou que a revitalização dos quartos do prédio “Orlando Bolzan” também proporcionou economia ao hospital. De acordo com ela, a Santa Casa precisa gastar menos recursos para manter os leitos, uma vez que eles contam com mobiliários novos e equipamentos que não precisam de sucessivos consertos.
“Além disso, os funcionários trabalham mais motivados, seja pela assepsia do ambiente, seja pela beleza do conjunto. É visível que o projeto proporcionou melhoria ao hospital. Tanto que até a infecção hospitalar abaixou”, revelou.
Conforme a interventora, antes da reforma, a Santa Casa permitia que pacientes e familiares levassem peças como travesseiros e cobertores. Eles também consumiam alimentos próprios, enquanto permaneciam nos ambientes.
“Atualmente, nos 11 primeiros quartos reformados, não há mais esse risco, porque ninguém precisa trazer mais nada. E o que é do hospital, fica no hospital. Facilita o trabalho e mantém a saúde dos pacientes”, informou a interventora.
Na função desde outubro de 2017, Márcia anunciou que a Santa Casa passara por “muitas mudanças”. A principal delas diz respeito às questões administrativas. De acordo com a interventora, desde que ela assumiu, o hospital priorizou ações que “não necessitam de dinheiro” para serem realizadas.
“Nós mudamos a rotina de trabalho, o fluxo do atendimento e implantamos o 5S da gestão hospitalar. Mudamos muitas coisas e os resultados são visíveis”, frisou.
O 5S é um método utilizado para promover a eficiência dos processos produtivos, proporcionando qualidade de vida e segurança no trabalho. Ele é dividido em cinco habilidades: organização, utilização e liberação de área; ordem e arrumação; limpeza; padronização; e disciplina e autodisciplina.
Conforme a interventora, o sistema tem auxiliado a administração a motivar os funcionários. Márcia destacou, ainda, que as equipes do hospital têm “trabalhado mais contentes” por estarem recebendo os salários sem atraso.
Os pagamentos são viabilizados pelo repasse de dinheiro de contratualizações para atendimento ao SUS (Sistema Único de Saúde) feito pela Prefeitura.
A partir dos recursos e com a mudança dos profissionais que atuam no centro cirúrgico, o hospital retomou os procedimentos eletivos.
“As equipes novas estão trabalhando, operando os pacientes, todo mundo está recebendo o salário. Eu ando pelo hospital, e todos estão só agradecendo”, acrescentou.
Segundo a interventora, no momento, o principal entrave da Santa Casa continua sendo a situação financeira. Entretanto, Márcia asseverou que, ao reajustar o fluxo de trabalho, a equipe administrativa também consegue economizar.
“A dívida continua, só que nós estamos conseguindo não fazê-la aumentar. Isso é uma questão bastante complicada, mas estamos nos saindo bem”, avaliou.
Outra ação que tem ajudado a administração a equilibrar as contas é a Central do Voluntariado. Inaugurada em novembro do ano passado, a unidade está permitindo à Santa Casa economizar nas compras, principalmente de alimentos. “A população tem respondido bem”.
De acordo com Márcia, além de centralizar as doações que o hospital já recebia, a central busca obter novas contribuições. Ela explicou que sempre que a Santa Casa necessita de um produto (alimento ou itens de limpeza, por exemplo), a equipe de voluntários encarrega-se de consegui-los com parceiros.
“Até o cardápio do hospital melhorou e, mesmo quando recebemos muito um tipo de alimento, como uma carne moída, por exemplo, a nutricionista prepara novas receitas, como almôndegas. Temos uma variedade de legumes maior e de frutas, para atender à pediatria, que antes não tínhamos”.
Segundo Márcia, o panorama da Santa Casa tem melhorado até mesmo perante os fornecedores. A interventora informou que, anteriormente, o hospital estava sem crédito. “Aos poucos, estamos tentando negociar com todos”, declarou.
“Quando entrei, tudo tinha que ser comprado à vista. Agora, nós já temos fornecedores que estão nos dando prazo de um mês. Está melhorando”, mensurou.
Na visão da interventora, a retomada do crédito permite à Santa Casa programar as despesas, de forma a reestruturar o caixa e a, pelo menos, estancar o aumento do déficit. Atualmente, o hospital tem perto de R$ 31 milhões em débitos.
“O hospital ainda está em estado crítico, mas melhorado”, concluiu a interventora.