Santa Casa promove primeira diálise em paciente e passa a ser referência





Arquivo O Progresso

Equipamentos instalados na UTI começaram a ser usados no dia 8

 

No segundo final de semana deste mês, a Santa Casa registrou o primeiro atendimento de hemodiálise oferecida a pacientes da UTI (unidade de terapia intensiva). A paciente é uma mulher de 58 anos, que “evoluiu” para o tratamento no dia 8. Ela teve o nome preservado por ética médica.

“Eu me lembro de que, ao começar a semana de trabalho, na segunda-feira, 10, fui comunicada do tratamento”, comentou a provedora da Santa Casa, Nanete Walti de Lima. A O Progresso, ela afirmou que o serviço representa um marco para o hospital e para a Saúde do município.

Nanete destacou que a provedoria está “brigando” para melhorar as condições do conjunto de prédios. Citou que inovações estão sendo realizadas por conta de apoio que a equipe da Santa Casa recebe da Prefeitura.

“Ainda assim, é complicado mantermos nossa estrutura. Quando nós conseguimos adequar um lugar, outro já está precisando de melhorias”, argumentou.

A provedora mencionou que há problemas com a lavanderia do hospital (por conta do aumento do número de roupas), além de problemas registrados na semana passada.

Por ocasião de quebra de uma das máquinas da lavanderia e de danos numa autoclave (usava para esterilizar equipamentos), o hospital precisou adiar cirurgias, o que gerou protestos na quinta-feira, 13.

Em função disso, Nanete afirmou que o início do serviço de hemodiálise representou uma “grande conquista”. O hospital recebeu autorização da Vigilância Sanitária para oferecer o tratamento a internos da UTI no dia 20 de janeiro.

Desde então, equipes de enfermeiros e médicos ficaram de prontidão. Eles ganharam escala diferenciada de trabalho, para que a Santa Casa pudesse oferecer atendimento 24 horas por dia, durante todos os dias da semana. “Existia uma expectativa para esse primeiro atendimento, e ele aconteceu”, disse Nanete.

Conforme ela, a paciente “reagiu muito bem” e a equipe atuou “dentro dos padrões esperados”. A provedora falou que, com o serviço, o hospital não precisou transferir a paciente. Até então, todo internado precisava ser removido quando necessitava de tratamento específico para os rins.

“Antes de termos a hemodiálise, mesmo que o tratamento de saúde pudesse ser feito aqui, quando detectávamos um caso de problema renal, automaticamente, tínhamos de transferir o paciente para outro local”, recordou Nanete.

Conforme ela, as transferências eram recorrentes e dependiam de vagas em outras cidades. Segundo explicou a provedora, os pacientes internados na UTI podem “evoluir” para tratamento de hemodiálise por causa das doses de medicamentos.

“Dentro de uma unidade de terapia intensiva, a pessoa passa por um tratamento bastante rápido. Ela toma muitos medicamentos, especialmente se está com infecção. Como a pessoa está debilitada, o rim tende a não funcionar bem. A partir desse momento é que o aparelho é necessário”, descreveu.

Nanete citou que o tratamento é fundamental para a recuperação. “Se o paciente não passar pela máquina que faz a filtragem do sangue, ele só vai piorar, até porque ele vai tomar mais remédios”, argumentou.

As consequências são que o doente pode ter inchaço e, até mesmo, falecer. Segundo a provedora, esse quadro pode ser verificado não só em quem já apresenta problema renal, mas em pacientes debilitados pela condição física. “Por essa razão, nós falamos que o paciente evoluiu para diálise”.

Nesses casos, o tratamento é constante e oferecido até que o rim volte a funcionar sozinho, ou até o final do tratamento – no caso de pessoas que recebem altas doses de medicamentos para combate a infecção.

De acordo com o hospital, a partir do tratamento, a Santa Casa passa a ser referência para a região no atendimento a pacientes com problemas renais crônicos.

A expectativa é de que pessoas de cidades vizinhas, como Cesário Lange e Cerquilho – que já recebem outros tratamentos –, possam ser atendidas no município. A única condição, no entanto, é a disponibilidade de vaga.

“Desde que nós tenhamos vagas na nossa UTI, nós poderemos atender pessoas que evoluíram para hemodiálise vindas de outros municípios”, salientou.

A unidade do hospital conta, atualmente, com oito leitos. O número é considerado pequeno para o município. “Nós temos mais de cem mil habitantes e, atualmente, temos uma demanda local muito grande”, relatou Nanete.

De acordo com ela, o tratamento na UTI representa um primeiro estágio para a implantação do serviço às demais pessoas com problemas renais crônicos.

A Prefeitura estuda implantar uma clínica para oferecer o atendimento aos demais pacientes de Tatuí e região que necessitam de hemodiálise.

“É uma responsabilidade, mas um alívio, porque nós necessitávamos disso. Quando precisávamos, era difícil conseguir transferência. Tínhamos de colocar a pessoa dentro de uma ambulância e sair, correndo riscos”, disse a provedora.

Nanete afirmou que, antes do serviço, o hospital era obrigado a entrar numa fila de espera. As vagas eram obtidas pela Central de Vagas, por meio de contato com outros hospitais.

Em função da gravidade dos casos, no entanto, muitos pacientes sofriam; outros, chegaram a falecer esperando pelo tratamento.

“Nós vivíamos numa expectativa, até porque é o pai ou o filho de alguém. Eu mesma tive um sobrinho que precisou de várias internações. Então, esse é um ‘algo a mais’ que a gente pode oferecer dentro da UTI para salvar vidas”.

Além das vagas, Nanete afirmou que o hospital era obrigado a providenciar ambulância para que os pacientes fossem transferidos. Alguns deles eram encaminhados a cidades distantes, como Jaú; outros, para Itu ou Sorocaba. “Não tinha um lugar específico. Longe ou perto, tínhamos de levar”.

A provedora afirmou que o tratamento é fruto de união de várias instituições. É realizado pela Nefrolins – Clínica e Apoio Dialítico Ltda., da cidade de Lins, responsável pela instalação de duas máquinas e de uma central de osmose reversa, destinada à filtragem da água usada no tratamento.

Os custos da manutenção ficam a cargo da Prefeitura – que assinou termo aditivo com a Santa Casa e repassa o valor para a clínica – e pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Nanete explicou que a clínica recebe da Prefeitura e o hospital tem repasse do SUS, relativo ao tratamento oferecido.

Além da hemodiálise, o hospital “vive a expectativa” de ampliação do número de leitos da UTI. Nanete comentou que a provedoria está trabalhando, junto com a Prefeitura, na confecção de um projeto a ser encaminhado ao Ministério da Saúde. O objetivo é dobrar o número de leitos, dos atuais oito para 16.

Em Tatuí, o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, apresentou o pleito ao atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O titular veio ao município em dezembro do ano passado, para a solenidade dos dez anos do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e entrega de 363 novas viaturas.

“Nós estamos vendo uma parte do jardim ao lado da UTI, para que a ampliação possa ser feita. Não queremos dividi-la em blocos, mas ampliá-la, de modo que o tratamento seja melhorado. Mas, isso ainda está em estudo”, concluiu Nanete.