Da reportagem
Processo de reestruturação, com foco na atenção à saúde da mulher, permitirá a realização de cirurgias de câncer de mama na Santa Casa de Misericórdia. A primeira intervenção está agendada para a próxima quinta-feira, 17.
A ginecologista e coordenadora da Saúde da Mulher, Maria Laura Lavorato Matias, informou que a paciente passará por retirada do câncer. O procedimento inclui biópsia de congelação para análise das bordas cirúrgicas e esvaziamento axilar, com pesquisa de linfonodo sentinela.
Segundo a coordenadora, a realização do procedimento cirúrgico no hospital da cidade faz parte de uma remodelação do atendimento prestado às tatuianas – iniciado a partir da contratação do médico mastologista Guilherme Fonseca.
Fonseca começou a trabalhar em Tatuí no ano passado, na área de obstetrícia da Maternidade “Maria Odete Azevedo” e, em agosto deste ano, foi contratado para atuar, na área em que é especializado, no Cemem (Centro Municipal de Especialidades Médicas) “Dr. Jamil Sallum”.
A reestruturação no atendimento é encabeça pela Secretaria Municipal da Saúde, em conjunto com a ginecologista Maria Laura; com o coordenador da maternidade, o médico Márcio Lopes; e com a coordenadora geral do Cemem, Gisele Santos Miranda.
A ação envolve diversas medidas com relação à saúde da mulher, inclusive a implantação do Núcleo de Atenção à Saúde da Mulher e o fim da fila de espera por cirurgias ginecológicas na Santa Casa (reportagem nesta edição).
Conforme Maria Laura, as medidas de reorganização estão em andamento desde 2017, contudo, a contratação do mastologista marcou o início de uma nova fase, principalmente no atendimento das pacientes com câncer de mama.
Ela destacou a importância do tratamento precoce e detalhou alterações referentes ao fluxo de atendimento das pacientes, possibilitando mais “agilidade” no processo necessário para o diagnóstico e tratamento no estágio inicial da doença.
Segundo a médica, desde o mês de agosto, as pacientes submetidas a consultas médicas nas UBSs (unidades básicas de saúde), com patologias que atingem as mamas (doenças benignas e malignas), são encaminhadas diretamente à consulta com o especialista.
Antes disso, pacientes com essas patologias passavam pela UBS e, posteriormente, entravam na fila da Central de Vagas regional para conseguirem a primeira consulta com um mastologista, sendo, na maioria das vezes, atendidas pelo Ame (Ambulatório Médico de Especialidades) em Itapetininga.
Maria Laura ressalta redução de três a seis meses no tempo de espera pelo procedimento cirúrgico. Além de ter sido possível abreviar, de dois a três anos, o aguardo pela primeira consulta com um especialista.
“Esta conquista, sem dúvida, é de extrema importância para nossas munícipes, um progresso muito positivo. O que essa mulher demoraria, em média, sendo otimista, de três a seis meses para conseguir pela Central de Vagas, será realizado com um intervalo de 30 dias, aqui mesmo em nossa cidade”, argumentou a ginecologista.
Para os procedimentos cirúrgicos, a Secretaria de Saúde estabeleceu parceria com uma rede de laboratório credenciada para realização dos exames necessários durante o procedimento.
“O patologista precisa estar na sala, no momento da cirurgia. Imediatamente, ele pega a peça de tumor retirada e leva para análise. É ele que informa ao cirurgião, ainda durante a operação, o limite preciso para retirada do tumor e se há presença de células cancerígenas”, detalhou a médica.
Segundo Maria Laura, a primeira paciente a ser operada de um câncer de mama na Santa Casa passou por uma UBS no início do ano, com suspeita da doença, e entrou para a Central de Vagas, no aguardo da primeira consulta com especialista.
Contudo, depois de alguns meses sem receber resposta, a paciente procurou um médico particular em Sorocaba. O especialista diagnosticou o câncer e reencaminhou a paciente ao SUS (Sistema Único de Saúde) para fazer a cirurgia e dar continuidade no tratamento.
“Quando ela nos procurou, o doutor Guilherme estava começando os atendimentos na área. Ela passou com ele e, assim que confirmamos a necessidade da cirurgia, iniciamos uma corrida, organizando tudo para que o procedimento fosse realizado aqui”, informou a médica.
No caso da paciente, a reorganização do fluxo de atendimento abreviou meses de espera. Conforme Maria Laura, pela Central de Vagas, a primeira consulta da paciente estava programada para o final de outubro e não havia previsão de data para a cirurgia.
A coordenadora da Saúde da Mulher antecipou ter a intenção de reduzir ainda mais o tempo de aguardo entre a consulta inicial e o diagnóstico do câncer, com a consequente cirurgia e início do tratamento, em caso de necessidade.
“Estamos organizando um fluxograma para o agendamento da primeira consulta com o mastologista no menor tempo possível. Assim, quando um caso de câncer for detectado na UBS, a paciente já vai conseguir agendar com o especialista e passar pelos exames necessários”, garantiu a médica.
Dados do Ministério da Saúde revelam que o câncer de mama e o câncer de colo de útero são as principais causas de óbitos por doença em mulheres. Maria Laura apontou a dificuldade e a demora no atendimento como os principais fatores para essa estatística.
“É neste começo da comunicação dos casos que estamos trabalhando para fazer um fluxo da melhor forma possível. A intenção é encurtar este tempo, pois, quanto mais cedo o médico fecha o diagnóstico, mais cedo ele consegue operar e maiores são as chances de cura”, concluiu a coordenadora.