Rinite alérgica

Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa - Cremesp 34708 *

rinite alérgica é uma inflamação das mucosas do nariz, caracterizada pela reação imunológica do corpo a partículas inaladas que são consideradas estranhas (chamadas de alérgenos).

Os principais sintomas são obstrução nasal, coriza, espirros e coceira no nariz. Os sintomas são parecidos, ou seja, o paciente “pensa” que ele tem resfriado ou gripe que nunca sara. Cerca de 10% a 30% das pessoas sofrem de rinite alérgica.

O nariz é responsável pela proteção inicial contra substâncias tóxicas e irritantes (alérgenos) que inalamos. Existe um complexo mecanismo de defesa (através de batimentos ciliares da mucosa nasal) para impedir que essas substâncias atinjam os pulmões.

Outra resposta é a obstrução nasal, que provoca o bloqueio da passagem do agente agressor, além de espirros e coriza. Todas as pessoas, ao entrarem em contato com algumas substâncias alérgenas, apresentam tais sintomas.

Em alguns casos, porém, essa reação é exagerada e duradoura, caracterizando a rinite alérgica, enfermidade crônica provocada pelo contato com alérgenos. Pode ser intermitente ou persistente, de graus leves, moderados ou graves.

Causas da rinite alérgica 

Quando um homem e uma mulher alérgicos têm um filho, a probabilidade de essa criança ser alérgica é de cerca de 50%. No entanto, mesmo que nenhum dos pais apresente alergia, a criança ainda assim pode ter manifestações alérgicas, como rinite, conjuntiviteasma e alguns tipos de alergia de pele, como dermatite atópica (assunto da última edição).

A forma mais comum, porém, é a rinite.A rinite alérgica tem características hereditárias e genéticas. Também não é obrigatória a rinite se fazer presente desde o nascimento. Ou, seja, é possível a pessoa tornar-se sensível a uma substância que antes era tolerada.

Isso significa que podemos conviver com determinada substância por muitos anos e vir a desenvolver sintomas apenas tardiamente.Os gatilhos de crises são mais conhecidos que as causas.

Entre os principais, destacam-se: ácaros existentes na poeira doméstica, pelos de animais, fungos, descamação de pele, mofo, pólen, perfume, alguns alimentos, medicamentos, bactérias, vírus e mudanças bruscas de temperatura, mudança de moradia, entre outros.

Quanto maior a exposição aos alérgenos, maior será a quantidade de anticorpos e mais intensos os seguintes sintomas: edema (inchaço) da mucosa que leva à obstrução nasal (principalmente à noite); coriza; crises de espirros em salva (contínuos); coceira dentro do nariz, na garganta, no palato (“céu da boca”) e nos olhos (coceira e lacrimejamento). A rinite alérgica pode estar associada, ainda, a outras doenças, como asma, otites médias, dermatite atópica e sinusite.

Diagnóstico 

É muito importante estabelecer o diagnóstico diferencial entre rinite alérgica e os outros tipos de rinite. Para tanto, é fundamental colher um bom histórico do paciente e fazer uma avaliação clínica detalhada das vias aéreas.

Alguns exames de imagem (nasofibroscopia, raios X e tomografia) podem ajudar nessa distinção.Uma vez consumado o diagnóstico de rinite alérgica, é necessário identificar as substâncias que provocam a alergia para evitar o contato com elas. Exames laboratoriais para identificar os alérgenos são os requisitados (Prick-test: punção na pele, IgE e Rast) e de primordial importância.

Tratamento 

O tratamento não é curativo (alguns casos se curam com a idade), mas os sintomas podem melhorar muito com o tratamento e,assim, melhorar a qualidade de vida do paciente. Medidas como cuidados com a higiene ambiental, uso de medicamentos e aplicação de vacinas antialérgicas ajudam a prevenir e a controlar as crises.

Cuidados com a higiene ambiental

É muito difícil evitar o contato com o ácaro (Dermatofagóides), o principal agente causador das alergias respiratórias, que se alimenta de resíduos da descamação da pele humana e proliferam na poeira doméstica, especialmente nos lençóis e travesseiros, tapetes, carpetes, cortinas e bichos de pelúcia.

Por isso, o ambiente onde a pessoa alérgica vive deve ser bem arejado, que seja bem ventilado, que “bata” bastante sol e ser cuidadosamente limpo.

Além dos ácaros, produtos de limpeza ou para desodorizar o ambiente, inseticidas, tintas com cheiro forte, perfumes, fumaça de cigarro, poluentes são substâncias que podem funcionar como alérgenos e devem ser mantidos longe das pessoas com predisposição a desenvolver rinite alérgica.

Tratamento medicamentoso

Existem vários medicamentos que podem aliviar os sintomas ou prevenir as crises da rinite alérgica, tais como descongestionantes e os anti-histamínicos, ambos para uso tópico ou sistêmico; os estabilizadores de membranas e os corticoides.

Nenhuma dessas drogas é isenta de efeitos colaterais adversos, eventualmente com graves consequências. Por isso, devem ser utilizadas somente quando receitadas por um médico alergista, de preferência, ou pelo pediatra que trate de alergia e na dosagem recomendada e por tempo determinado.

Vacinas antialérgicas

As vacinas antialérgicas(imunoterapia) constituem um dos principais recursos para o tratamento das rinites alérgicas. Elas são preparadas com base nos resultados dos alérgenos, de acordo com as características de cada paciente.

O tratamento é longo (geralmente por três a quatro anos), porém, quando feito corretamente, diminui a sensibilidade do doente aos alérgenos, o que pode evitar o uso de medicamentos.

Recomendações

O travesseiro e o colchão podem ser revestidos com courvin, em tapeceiro. Todo o cuidado na limpeza da casa do portador de rinite alérgica para diminuir a proliferação dos ácaros é pouco; não use vassouras e espanadores. Dê preferência aos aspiradores com filtro e use um pano úmido para remover o pó dos móveis e do chão;pacientes devem permanecer fora da casa, quando se fizer faxina; mantenha os ambientes arejados e expostos ao sol durante a maior parte do tempo;dispense o uso de cortinas, carpetes, tapetes, almofadas, bichos de pelúcia, cobertores ou de outros objetos que possam acumular poeira,de difícil remoção; lave as roupas de cama pelo menos uma vez por semana e as roupas guardadas há algum tempo antes de usá-las novamente; procure acostumar seus animais de estimação a viver fora de casa. Não os deixe subir nos estofados nem nas camas onde as pessoas dormem; adote um estilo de vida saudável. Pratique atividade física, não fume, não beba bebidas alcoólicas e alimente-se adequadamente. Se, por acaso, algum alimento for responsável por desencadear as crises, elimine-o da sua dieta;tome bastante água, especialmente se você passa muitas horas em locais com ar-condicionado; não se automedique, nem siga as sugestões de curiosos. Procure tratar com um médico especialista no assunto. Prevenir é o melhor remédio!

Fontes: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/rinite-alergica; https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/rinite-alergica; arquivos do autor.

* Título de especialista em pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Médica Brasileira (AMB) desde 10/04/1981; membro da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).