Da reportagem
O Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC) realizou na quarta-feira, 13, no Espaço Colaborativo Jardim Babilônia, a primeira reunião setorial para a adequação do Plano Municipal de Cultura de Tatuí, com as participações de profissionais dos setores da fotografia e artes plásticas e apoio da prefeitura, por meio da Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo e Lazer.
O encontro é fruto da abertura das pré-conferências, realizada no início de junho, no Centro Cultural de Tatuí. Na ocasião, foram pontuadas ações culturais que se pretende desenvolver no município, por um período de dez anos, e que devem promover “a igualdade de oportunidades e a valorização da diversidade das expressões e manifestações culturais”.
O Plano Municipal de Cultura – um documento formal que representa a política de gestão da área na cidade – foi apresentado pelo presidente do Conselho de Políticas Culturais, Davison Cardoso Pinheiro.
Durante a reunião, foram explanados os alinhamentos, que, segundo o conselho, são necessários para dar andamento aos projetos, como o das políticas setoriais do município – que devem estar em acordo com a política geral de cultura -, os planos municipais por setor e a importância de Tatuí ser MIT (município de interesse turístico).
Durante a reunião, foi discutida a elaboração de medidas com o objetivo de divulgar ideias e “trazer para o debate mais pessoas do universo artístico local”. “O intuito é que o artista plástico converse com seus parceiros de profissão; o ator, a mesma coisa”, ponderou Pinheiro.
O plano foi instituído em Tatuí em 2016, por meio lei 5.002. Por conta da pandemia de Covid-19, não passou pela readequação no ano passado, que está sendo realizada neste ano, por meio do CPCM.
Segundo o conselho, a pasta da Cultura recebeu R$ 833 mil via lei Aldir Blanc, para os dois editais do segmento. Já a verba da Lei Paulo Gustavo, de R$ 1 milhão, está aprovada e chegará ao município até o mês de outubro deste ano.
Para a gestora em produções das artes visuais Carmen Brigida Negrão, é preciso que a classe artística do município se junte e seja participativa. “Não é necessário ter perfil ativista. E, sim, ficar a par dos acontecimentos e brigar pelos direitos que a cultura tem”, enfatizou ela.
Carmen salientou que o enfoque no estudo por parte do profissional é fundamental. “Em quaisquer áreas da cultura, é necessário o aprofundamento na pesquisa. Desta forma, a pessoa se aperfeiçoa. Tem que ter investimento neste quesito também”. Para ela, é preciso existir respaldo e estrutura ao artista.
Para o artista plástico e cenógrafo Jaime Pinheiro, além da verba, que considera essencial, para que o setor da cultura se desenvolva com mais efetividade em Tatuí, é preciso traçar planos para a produção artística, criando-se um campo de arte. “Temos que pensar na formação destes profissionais”, pontuou Pinheiro.
Segundo ele, elaborar oficinas gratuitas, com aulas voluntárias e que abram as portas a quem deseja mostrar sua produção cultural, é uma iniciativa que ajudaria na organização e administração de projetos vinculados ao setor.
“É importante, também, que as reuniões sejam mais frequentes e os interessados participem, para que haja integralidade”, complementou Pinheiro.
Outro fator sugerido por ele à CMPC é que se realize um cadastro dos artistas do município, com informações concretas. Para ele, assim será possível ter noção do número de pessoas e seria possível ir até elas para se conferir o que de fato é produzido.
“Com uma comissão de lapidação de talentos se revezando na tarefa, será possível ter uma estrutura real da cultura na cidade”, completou.
Para o artista plástico Diego Dedablio, é imprescindível que haja administração de ações pontuais, como criar mostras regulares pela cidade, a fim de divulgar os trabalhos e manter uma rotina cultural nos mais diversos estabelecimentos, independentemente dos espaços públicos.
“Consequentemente, haverá uma eclosão de artistas em Tatuí, já que há uma necessidade em criar arte e os profissionais têm capacidade qualitativa para isso”, analisou.
Dedablio mencionou que o interessado em artes precisa estar presente intensamente em todas as redes sociais e em questões de suporte ao segmento. O artista acrescentou que a “inquietude” do profissional ainda desconhecido, por exemplo, dá para ser fomentada na cidade, fazendo com que isto se torne uma oportunidade e não uma fraqueza.
“Criam-se projetos com flexibilidade de desdobramentos em várias áreas: educacional, histórico-cultural, antropomórfica, urbanística e artística”, concluiu Dedablio.
As próximas pré-conferências serão no final deste mês e em agosto. Em setembro, ocorrerá uma audiência na Câmara Municipal de Tatuí e, para outubro, está prevista a sexta Conferência Municipal de Cultura, na qual será entregue o projeto de lei.