Releitura da ópera ‘Carmen’ sobe ao palco do Teatro ‘Procópio Ferreira’

Conservatório de Tatuí recebe espetáculo pelo Coletivo Ubuntu Brasileiro

Elenco de “Carmen – G. Bizet, Encenada pelo Povo Negro” (Foto: Guilherme Moreira)
Da redação

O Conservatório de Tatuí traz para o palco do Teatro “Procópio Ferreira” a releitura da ópera “Carmen – G. Bizet, Encenada pelo Povo Negro”, montada por um elenco solista 100% negro.

O espetáculo será realizado no dia 2 de julho, às 20h, e é uma iniciativa da instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, do estado de São Paulo, gerida pela Sustenidos Organização Social de Cultura.

Idealizada pelo Coletivo Ubuntu Brasileiro, a encenação terá, ainda, as participações do Coro e Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí. O evento tem entrada gratuita e classificação indicativa de dez anos.

Já os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente pelo site da plataforma INTI ou pessoalmente na bilheteria do teatro, que funciona de terça-feira a sexta-feira, das 13h às 16h e das 17h às 20h.

Ópera em quatro atos do francês George Bizet, “Carmen” é considerada uma obra-prima do gênero e figura entre uma das cinco peças mais encenadas no mundo.

O enredo narra a história de uma cigana intensa e sedutora chamada Carmen, que trabalha em uma fábrica de tabaco em Sevilha, na Espanha. É lá que ela conhece e se envolve com o soldado Don José, que abandona a noiva Micaëla para viver um romance com Carmen.

Desejada por muitos, a personagem se envolve em uma trama de paixões e desilusões. E nessas idas e vindas, o espírito livre de Carmen se transforma em seu algoz: ao encantar-se por Escamillo, um famoso jogador de futebol, Don José não aceita o término do relacionamento, “mostrando sua face mais violenta e dando um final trágico à história de Carmen”.

O espetáculo faz parte do projeto “Ópera de Calça Jeans”, composto por um elenco 100% negro de solistas. Na releitura idealizada pelo Coletivo Ubuntu Brasileiro, a trama é transportada para um Brasil contemporâneo e periférico, onde bares, baladas e comunidades se transformam em pano de fundo para recontar a história.

“Embora o enredo ganhe novos contornos, ao discutir temas como gênero, racismo estrutural e o feminicídio, a releitura da obra de Bizet assinada pelo Ubuntu Brasileiro preservou o encanto das composições originais, sua complexidade musical e os temas centrais que compõem a história”, conforme informado pela assessoria de comunicação do CDMCC.

Os quatro atos são cantados em francês, com legendas e diálogos em português. Cenários, figurinos e costumes se adaptaram à estética da periferia dos grandes centros brasileiros: a valentia dos toureiros dá lugar à ginga dos jogos de capoeira; a praça dos touros se transforma em um clássico de futebol; já as danças são compostas pelo maracatu, hip hop e free style.

A direção geral é de Mere Oliveira, mezzosoprano e ativista, que já deu vida à célebre personagem em outras encenações e protagoniza o espetáculo. Já a direção cênica é assinada por Felipe Venâncio, “nome conhecido pela sua visão inovadora que cria fronteiras estéticas para ópera e teatro”.

O tenor paraense Mar Oliveira dá vida ao soldado Don José; Marcelo Dias, barítono, interpreta Escamillo; a soprano Maria Angélica Rocha vive Micaëla; além de outros vencedores do Concurso de Canto Lírico Joaquina Lapinha – competição idealizada pela Sustenidos Organização de Cultura voltada para artistas pretos, pardos e indígenas.

Para Mere Oliveira, a ópera é uma manifestação cultural que reúne todas as formas de arte, tornando-se uma importante ferramenta de visibilidade e valorização de seus trabalhadores.

“A missão antirracista do Ubuntu Brasileiro se materializa nessa encenação da ópera ‘Carmen’, trazendo a plasticidade da obra para os nossos dias, aproximando-nos da maior parcela da população, e demonstrando que somos além do quê aparentamos, e podemos ampliar a visão e a compreensão do público a respeito da vida e da própria arte”, comenta.

Assim como na montagem original, a protagonista dessa versão segue com seus principais atributos: é uma mulher forte e sedutora, que acredita na sua liberdade de escolha e vive sua essência.

Por essas características, Carmen se transformou em um símbolo da emancipação feminina que atravessa gerações, sendo considerada por muitos uma das personagens mais fascinantes do universo operístico.

“Em 2025, comemoramos 150 anos do lançamento de ‘Carmen’, que segue como um dos títulos mais relevantes do meio operístico. O figurino e o cenário serão muito próximos da nossa realidade, causando certamente uma identificação do público com o enredo e personagens. Isso permitirá, ainda, a criação de novos públicos para futuras montagens do texto”, afirma Renato Bandel, gerente artístico de música do Conservatório de Tatuí.

A releitura de “Carmen” será encenada com a participação do Coro do Conservatório de Tatuí, sob a regência de Marcos Baldini, e da Orquestra Sinfônica da instituição, que terá a regência de Emanuelle Baldini.

Todos os detalhes sobre o evento e a atualização da programação do Conservatório de Tatuí estão na Agenda Cultural da instituição.

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