Menos de cinco dias de bilheteria foram suficientes para esgotar os ingressos do teatro “Procópio Ferreira” para a cantata “Carmina Burana”. A apresentação envolvendo a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí e cinco coros totaliza 240 pessoas.
Ela acontecerá às 20h deste domingo, 11. Um dia antes, neste sábado, 10, o espetáculo estará no Teatro Polytheama, em Jundiaí. Em Tatuí, os últimos ingressos foram vendidos na quarta-feira, dia 7.
Nas duas apresentações, o espetáculo terá regência de João Maurício Galindo, maestro titular da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí. Da instituição tatuiana participam, ainda, o Coro Sinfônico, regido por Robson Gonçalves, o Coro Sinfônico Jovem e o Coro de Câmara, ambos com regência de Cibele Sabioni. De Jundiaí, participarão o Madrigal Vivace e o Coral Canarinhos da Terra, grupos regidos por Vastí Atique. Os solistas serão a soprano Thayana Roverso, o tenor Guga Costa e o barítono Vinícius Atique.
O maestro Galindo classifica Carmina Burana como um dos maiores “hits” da música clássica atual. “Infelizmente, é um dos poucos hits da música clássica. Os outros são a ‘Nona Sinfonia’, de Beethoven, e o ‘Bolero’, de Maurice Ravel. Destas três, Carmina Burana é sem dúvida a mais chamativa”, afirmou por meio de nota enviada pela assessoria de comunicação da instituição.
O regente alertou que boa parte do público prende-se à magnificência do primeiro movimento da obra, “Fortuna Imperatrix Mundi” (Sorte, imperatriz do mundo), mas desconhece o restante da cantata. Pela importância de se conhecer os demais trechos que compõem Carmina Burana, as apresentações dos dias 10 e 11 terão os textos projetados durante a execução da música. “Esse detalhe fará desta uma experiência única”, assegurou Galindo.
A cantata é formada por sete movimentos, cada qual dividido em versos: “Fortuna Imperatrix Mundi”; “I. Primo Vere”, “Uf Dem Anger”, “In Taberna”, “Cour D’Amours”, “Blanziflor Et Helena” e “Fortuna Imperatrix Mundi”.
“Carmina Burana” é um manuscrito de 254 poemas e textos dramáticos produzidos entre os séculos 11 e 13. Eles aparecem em latim, e também trazem traços dos idiomas que viriam a ser as versões modernas do francês e do alemão.
Em latim, “Carmina Burana” significa “Canções de Beuern”, sendo esta última palavra uma abreviação de Benediktbeuern, município do extremo sul da Alemanha onde o livro original dos poemas foi encontrado.
O espetáculo que será apresentado pela Orquestra Sinfônica e coros é o resultado do trabalho de Carl Orff, que, em 1936, musicalizou parte dos textos originais de “Carmina Burana”. Esta obra logo se popularizou.
Galindo explicou que existe um equívoco por parte de muitas pessoas, imaginando tratar-se de música sacra, quando, na verdade, esta é considerada a primeira cantata profana da história da música. “Os textos falam dos caprichos da sorte e do destino, do despertar da primavera e, por conseguinte, do amor, das noites em uma taberna, com suas bebedeiras, e até de amor carnal”, observou o maestro.
A regente Cibele Sabioni destacou que uma das principais características da obra é a necessidade de um corpo vocal potente. “É por isso que contaremos com cinco coros, reunindo quase duzentas vozes em um único conjunto”.
O “elenco”
A soprano paulistana Thayana Roverso iniciou os estudos de canto aos 17 anos. Formou-se em música e canto aos 23 e, recentementek obteve o grau de mestre em performance pelo Conservatório Francesco Venezze, em Rovigo, na Itália.
Thayana cantou sob a regência de alguns dos melhores maestros do país. Entre eles, Roberto Minczuk, Abel Rocha e Luis Gustavo Petri. Ela cantou diversos papéis. Recentemente, participou da produção de “La Traviata”, de Verdi, na cidade de Rovereto, na Itália.
Thayana estudou com o tenor Benito Maresca, com o barítono Carmo Barbosa, com a “Kammersängerin” (cantora de música de câmara) Eliane Coelho e com Luisa Giannini, na Itália.
Guga Costa é bacharel em música popular pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Devido ao seu timbre de voz, de “haute-contre” (um tipo raro de voz de tenor), desde 2004 experimenta um repertório mais ligado à música erudita, tendo se destacado como solista em diversos concertos.
Entre 2010 e 2011, integrou o Coro da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). Nos anos de 2011 e 2012, integrou o coro oficial do Schleswig-Holstein Musik Festival, na Alemanha.
Atualmente, é diretor e cantor do espetáculo “Nosso Flamenco”, uma coprodução dos grupos Núcleo Artístico Confraria dos Ventos e Cia. Soniquete Arte Flamenca.
Vinícius Atique vem se apresentando como solista nos principais teatros do país sob a regência de grandes maestros brasileiros, tendo cantado obras como “L’enfant et les sortilèges”, de Ravel; “I Puritani”, de Bellini; “La Bohèmme”, de Puccini; “Carmen”, de Bizet; “O Morcego”, de Strauss; “Madama Butterfly”, de Puccini; “Werther”, de Massenet; e “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini.
Em 2016, debutou com dois personagens em ópera homônima em Ribeirão Preto e, em 2017, interpretou Stárek em “Jenufa”, de Léos Janacek, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Também estrelou o ciclo de canções Winterreise no Theatro Municipal de São Paulo, com coreografia de Ismael Ivo e participação do Balé da Cidade.
No repertório sinfônico cantou várias obras. Atualmente, se aperfeiçoa com a mezzo-soprano norte-americana Dolora Zajick, nos Estados Unidos. Estudou com os barítonos Carmo Barbosa, no Brasil, e Mark Pedrotti, no Canadá.
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