Da redação
Em vez de fossas negras – que poluem o meio ambiente -, 60 moradores do bairro Barreiro, localizado a quatro quilômetros do distrito de Americana, agora têm biodigestores, “que podem contribuir para uma política de saneamento básico na área rural”, conforme divulgado pela assessoria de comunicação da prefeitura.
O biodigestor é uma miniestação de tratamento de esgoto, que funciona com um reator anaeróbico de fluxo ascendente (Rafa) e extração de lodo, sem necessidade de caminhão limpa-fossa.
Conforme a prefeitura, a instalação gratuita dos biodigestores em dez propriedades rurais foi possível por meio do projeto “Água Boa da Fonte à Torneira”, criado pelo Rotary, então Distrito 4620 – Brasil (atual 4621), em parceria com os Rotary Clubs de Tatuí (Tatuí e Cidade Ternura) e a prefeitura de, por meio do Departamento de Fomento à Agricultura, da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente.
As ações tiveram início em novembro de 2019. Segundo a prefeitura, na época, ficou acordado que o Rotary seria responsável pelo fornecimento do material hidráulico (canos, registros, colas, caixas de gorduras e os biodigestores). Já a prefeitura executaria toda a parte técnica da instalação, além de contribuir com pedra, areia, cimento, transporte e mão de obra.
O projeto ainda envolve uma série de ações com o objetivo “de transmitir para a população das áreas rurais e periféricas a importância do uso de água potável, do destino correto dos esgotos sanitários das casas e do manuseio correto do lixo, bem como seu destino final adequado”.
Trata-se de um subsídio global da Fundação Rotária, que consistiu em várias etapas. Em 2016, foram entregues 30 filtros de barro para famílias que não tinham acesso à água filtrada, no Jardim Europa.
Foram também capacitados multiplicadores e entregues cartilhas nas escolas, para que os professores pudessem ensinar como manter a água em condições de higiene e potabilidade, “garantindo assim, mais saúde para a comunidade”.
De acordo com o técnico em agropecuária e supervisor de Fomento à Agricultura de Tatuí, Douglas Rosa, a área escolhida para o desenvolvimento do projeto “foi minuciosamente estudada”, levando em consideração alguns fatores, como o cesso à água, a concentração de moradores e o grau de poluição ao redor.
“O bairro Barreiro, localizado próximo ao rio Sorocaba, possuía essas características, tendo, inclusive, uma nascente protegida, que abastece as caixas d’água e reservatórios dos moradores. O grande problema do local era o transbordo das fossas negras, que prejudicavam o lençol freático e estavam contaminando essa nascente”, disse o técnico.
Para a implantação do projeto, a equipe técnica do Departamento de Fomento à Agricultura fez visitas a cada propriedade, analisando todo o contexto e dialogando com os produtores, “para entender as necessidades e urgências”.
Em uma nova etapa, a equipe voltou ao bairro para orientar os moradores quanto à instalação do biodigestor, o que, segundo os técnicos, “poderia trazer ganhos para a população daquela área tanto na qualidade de vida quanto no âmbito do convívio rotineiro deles com o meio ambiente”.
Ainda segundo a prefeitura, foram passadas, também, informações sobre prevenção de doenças de veiculação hídrica, como amebíase, giardíase, gastroenterite e verminose, entre outras.
O processo de instalação dos biodigestores foi acompanhado pelos proprietários, que receberam orientações técnicas sobre a forma correta de usar e efetuar as manutenções periódicas no reservatório.
“A participação dos moradores foi de extrema importância, visto que aumenta a possibilidade de se tornarem agentes multiplicadores dessa prática de saneamento rural na região”, destacou a prefeitura em nota.
As instalações dos biodigestores foram concluídas na segunda-feira, 27 de janeiro. Segundo levantamento do Executivo, desde a implantação, 18 metros cúbicos/mês de efluentes – ou seja, dez litros por pessoa ao dia – foram deixados de ser lançados na nascente, fonte de abastecimento de água, e, consequentemente, no rio Sorocaba, “atingindo 100% dos objetivos de saneamento rural proposto para a área”.
Rosa acrescenta que projetos como esse são “primordiais para uma política de saneamento básico em áreas rurais, por ser uma forma de viabilizar a implantação a baixo custo, além de abranger a medicina preventiva, no que diz respeito às doenças de veiculação hídrica”.
“Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada dólar investido em saneamento, a economia é de cinco dólares em saúde pública”, asseverou.
Rosa ressalta, ainda, a melhoria na qualidade da água para os moradores da área, já que o rio Sorocaba deixou de receber essa parcela de efluente oriunda de fossas negras, extintas com o projeto, causando menor impacto ambiental no percurso.