Professora utiliza jornal para ajudar aprendizado de alunos





Amanda Mageste

Professora argumenta que apoiando a leitura de jornais formará pessoas mais participativas

 

A professora Rosemary Caresia, da Emef “Magaly Azambuja de Toledo”, do bairro Santa Rita de Cássia, há quatro anos faz um trabalho didático utilizando jornais junto a crianças do 4o ano.

De acordo com a professora, os alunos de 5º ano precisam fazer uma “carta do leitor” a partir de uma notícia. Para isso, Rosemary inicia o trabalho com leitura, para fazer as crianças se adaptarem aos jornais.

Uma vez por semana, os alunos reúnem-se, sentados em roda no chão da sala, para discutirem sobre as reportagens. A professora disse que prefere utilizar publicações da cidade.

“Eu faço uma roda de jornal com eles. Trago para sala de aula, para eles se familiarizarem mesmo com o jornal, com os cadernos, notícias. Ensino como uma notícia deve ser lida e, depois, fazemos uma discussão em cima de uma matéria”, explicou a professora.

Ela salientou que não trabalha apenas com algumas “partes” ou recortes de jornais. Ensina os estudantes a manipularem todas as páginas, mostra que elas são organizadas sequencialmente e como a publicação deve ser dobrada depois da leitura.

Os alunos, antes de iniciarem a roda, votam e escolhem a reportagem que será discutida. De acordo com a professora, normalmente, eles escolhem reportagens de esporte ou atividades que envolvam o bairro onde residem, o Santa Rita.

A professora disse que, antes de ler a reportagem com os alunos, mostra a capa, os textos em destaque e lê o título e retranca com eles.

A discussão é feita de acordo com os fatos narrados no texto, sobre o que é o assunto, onde aconteceu, o motivo de ter acontecido, quais pessoas estavam envolvidas e se, em uma próxima publicação, haverá continuidade do assunto.

Além de discutir os assuntos do jornal em aula, Rosemary fez um acervo na sala, chamado “Cantinho da Leitura”, com revistas, gibis e jornais, que os alunos podem levar para a casa e ler com familiares.

“É interessante, porque eles vêm contando histórias. Em casa, com mais tempo, eles podem ler com pais, mães, avós, enfim. E podem ver coisas que não deu tempo de discutir em sala de aula”, ressaltou Rosemary.

Conforme ela, a atividade de leitura em sala de aula auxilia muito na evolução da escrita e oralidade dos alunos. A professora disse que pede para que os alunos façam uma leitura compartilhada ou individual, para melhorar a fala deles.

Rosemary avalia a iniciativa é importante para os alunos, porque percebe neles uma “grande falta de vocabulário para escrever, e o jornal é fundamental para eles nesse aspecto”.

De acordo com Rosemary, é fundamental fazer com que as crianças se familiarizem com jornais, para mostrar um “novo mundo” para elas, uma área que, “muitas vezes”, elas não conheciam.

A professora contou que alguns alunos não tinham nem conhecimento do que era um jornal. Segundo ela, com as rodas, foi possível apresentar um meio de obter notícias da cidade e do mundo, não somente com internet.

“As crianças acham que é coisa de gente grande, de pegar e ver, e acham que é de adulto. Portanto, fiz isso, também, para acabar com essa ideia, para mostrar que há coisas interessantes para crianças”, ressaltou a professora.

Ela acredita que alguns alunos não possuem conhecimento sobre o que é um jornal devido a uma questão cultural, não financeira. Rosemary observa pais de alunos que não possuem o hábito de comprar ou ler jornais, o que faz com que os filhos não conheçam essa ferramenta de comunicação.

Conforme Rosemary, o objetivo dela, apresentando o jornal, além de auxiliar alunos a melhorarem a escrita e oralidade, é fazê-los gostarem de jornal. “Saber que, lá dentro, tem uma informação, tem um mundo lá”, ressaltou.

Rosemary explicou que, antes de mostrar jornais da cidade aos alunos, ela dá uma “filtrada”. Se há notícias mais “fortes”, “denegrindo” o bairro Santa Rita, a professora leva outros jornais. A intenção da professora é mostrar coisas boas da área, evitando, assim, “assustar” os estudantes.

Conforme Rosemary, a área policial é uma editoria que “chama bastante atenção” dos alunos. “Eles gostam muito, têm uma curiosidade, e eu deixo. Acho que eles devem aprender a fazer as próprias escolhas e saber o que acontece na cidade”, observou.

A professora trabalha, normalmente, a área de língua portuguesa quando utiliza jornal em sala de aula. Ela faz um trabalho, também, com a parte de classificados, ensinando os estudantes a fazerem pequenos textos para “colocar em anúncios”.

A ideia de fazer as rodas e utilizar jornais surgiu porque a professora viu em outros lugares alguns professores fazendo isso e achou interessante, por já gostar de acompanhar o noticiário.

“Acho fundamental na formação do leitor, para construção de conhecimento mesmo, para que eles sejam participantes dessa realidade em que estão inseridos, seja na cidade, Estado, ou mundo”.

“Eu acho que o gosto pela leitura de texto jornalístico já desperta neles. Minha intenção é essa: despertar o gosto pela leitura de texto jornalístico e ampliar o universo dos alunos, para formar leitores mais competentes, reflexivos e participantes da realidade”, sustentou Rosemary.

As rodas de jornal duram, normalmente, 50 minutos. A professora afirmou que prefere não passar desse tempo, para não “dispersar” os alunos. Ela afirmou, porém, que, se houver uma reportagem interessante, eles fazem uma sequência de discussão no dia seguinte à atividade.