Prefeitura quer entregar MIS até agosto

Museu da Imagem e do Som em fase final de restauração (foto: Diléia Silva)

A Prefeitura pretende entregar as obras de restauração do prédio do primeiro matadouro municipal, que abrigará o futuro MIS (Museu da Imagem e do Som), e outras que incluem revitalização e recapeamento de ruas até o mês de agosto, quando é comemorado o aniversário do município.

A revitalização começou a ser feita no final do outubro de 2017, a pedido da prefeita Maria José Vieira de Camargo. Na quinta-feira, 14, a chefe do Executivo esteve visitando o prédio, datado de 1859, ao lado do secretário de Obras e Infraestrutura, Marco Luís Rezende, e da arquiteta Veridiana Pettinelli, uma das responsáveis pelo projeto de revitalização.

Para a prefeita, além de fundamental do ponto de vista histórico, o restauro contribui para o reforço de uma das principais características de Tatuí. “O trabalho é decorrente de uma obra que se iniciou por necessidade (a reconstrução da ponte do Jardim Junqueira), mas atende a critério do MIT (município de interesse turístico)”, contou.

Desde maio do ano passado, Tatuí integra a lista de cidades paulistas que começaram a receber recursos do governo do Estado de São Paulo para investimento em turismo.

A obra no matadouro está sendo construída com recursos próprios, mas permitirá ao município agregar novo dispositivo de atração de visitantes, cumprindo meta de permanência entre os MIT, submetidos a reclassificação periódica.

A Prefeitura quer viabilizar, no novo espaço, apresentações musicais, exposições permanentes e itinerantes, entre outras ações. Para a prefeita, a obra marca a entrega de um novo ponto turístico. Também permite aos tatuianos e visitantes conhecerem um pouco mais da história da cidade.

“Este edifício centenário estava totalmente jogado entre as árvores. Hoje, estamos revitalizando, para dar mais visibilidade a ele, e com o MIS poderemos valorizar o passado, contando a história daquelas pessoas que fizeram parte da história de Tatuí”, comentou a prefeita.

De acordo com a arquiteta Veridiana, o intuito do projeto de restauração do futuro MIS é diagnosticar as patologias encontradas em vários pontos do edifício e corrigi-las com técnicas construtivas e materiais utilizados no passado.

“Fizemos um trabalho de garimpo por todo o prédio e pode-se dizer que executamos um trabalho parecido com o de um arqueólogo”, afirmou Veridiana.

Ela explica que, para iniciar a restauração, a equipe responsável pelo projeto precisou levantar quais tijolos foram utilizados na construção, desenterrar peças escondidas e limpar os tijolos da fachada principal.

“Com isso, descobrimos quais eram os tamanhos das aberturas originais, e, desta forma, estamos procurando deixar o prédio o mais próximo possível do que foi no passado”, explicou a profissional.

Para a paisagista, restaurar é um trabalho que garante a permanência dos sistemas construtivos e da história para gerações futuras.

“Com este trabalho, estamos colaborando com a sociedade de várias formas, como cultural, turística, intelectual e outros. Por isso, temos que valorizar cada vez mais o pouco que nos resta e fomentar políticas públicas para incentivar, de maneira efetiva, a preservação do nosso patrimônio histórico”, comentou.

(foto: Diléia Silva)

A arquiteta reforçou que, apesar de muitas partes do prédio terem sido alteradas ao longo do tempo, algumas “relíquias” foram encontradas durante a restauração.

A equipe responsável pelo restauro descobriu portas de folha de madeira fixa, uma série de ganchos – chumbados na parede – usados para pendurar peças de carne bovinas e tijolos com características e dimensões únicas, datadas do século 18.

“Neste trabalho especificamente, confesso que tivemos sorte, encontramos uma porta original e duas janelas, porém, em péssimo estado de conservação, pela ação do tempo. Elas serviram de modelo para a construção de réplicas que serão instaladas no museu”, disse ela.

Além da restauração interna, o projeto inclui paisagismo e iluminação na área frontal, construção de banheiros e adaptação para atender ao público com conforto. Atualmente, a equipe trabalha na parte externa, com a limpeza dos tijolos. Após a conclusão dessa tarefa, as peças receberão tratamento com resina hidrorrepelente.

“O paisagismo está sendo cuidadosamente planejado para harmonizar o entorno, para não competir com o prédio e, sim, para emoldurá-lo”, afirmou a arquiteta.

Rezende informou a O Progresso que, mesmo sendo uma obra “delicada” devido às restaurações, os trabalhos já estão na fase final e devem ser concluídos conforme as projeções da Prefeitura, se não houver intervenções, como muita chuva.

“É mais difícil trabalhar em restauração do que em reforma, tem que procurar a característica do prédio, tem que buscar materiais que compõem o mesmo modelo da arquitetura, fazer um encaixe, é um quebra-cabeça, mas vamos conseguir finalizar a tempo”, garantiu.

O secretário do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli, afirmou que as ações referentes ao MIS incluem uma segunda etapa, que segue em conjunto, referente à formação de uma curadoria para coordenar o espaço. “Vamos unir uma comissão e trabalhar nisso junto com a Prefeitura, para formar uma curadoria”, antecipou.

Conforme o secretário, a ação deve colaborar com a busca pelo título de estância turística e valorizar os pontos de visitação e atrativos turísticos já existentes.

Ainda na quinta-feira, a prefeita informou, que ainda não tem uma equipe para tomar conta da parte administrativa do MIS. “Ainda não pensamos. Por enquanto, a prioridade é a revitalização do prédio. Até o mês de agosto também definiremos isso”, concluiu Maria José.

Comentários estão fechados.