‘Precisamos nos curar da síndrome do horário de pico’, declara diretor





“Precisamos nos curar da síndrome do horário de pico”. Assim definiu o diretor do Demutt (Departamento Municipal de Trânsito e Transporte), Francisco Antonio de Souza Fernandes, o Quincas. Segundo ele, muitos motoristas têm o costume de analisar apenas os horários críticos – de maior fluxo de veículos – para avaliar o trânsito, de forma geral.

“Quando a pessoa reclama que o trânsito está ruim, ela não está falando do trânsito normal. Se você dirigir pela cidade agora (a entrevista foi realizada na terça-feira, 17, às 9h30), vai ver que a cidade está tranquila, o trânsito está fluindo”, disse, em entrevista a O Progresso.

“Se for a fundo, vai perceber que a pessoa está falando daquele horário de 16h30 até 18h, que ela quer passar em frente à escola ‘Eugênio Santos’. É humanamente impossível passar por ali com tranquilidade neste horário”, afirmou.

De acordo com o diretor, o mesmo tipo de “interpretação errada” acontece quanto o motorista quer passar pela Praça da Matriz num sábado das 10h às 12h. “São horários naturalmente críticos”, exemplificou o diretor.

Para Quincas, a cidade de Indaiatuba seria o principal exemplo de sinalização de trânsito e segurança na região. Ainda assim, sofreria com congestionamentos.

“Mesmo com todo o aparato que Indaiatuba tem, não há o que fazer nos horários de pico. As pessoas precisam começar a assimilar isso e buscar outras rotas. Não é só aqui, em Tatuí, é no Brasil inteiro”, considerou.

Ao longo deste ano, o Demutt informou que “colocou em prática alguns projetos” com o intuito de aliviar o trânsito, principalmente, na região do centro. Uma das ações citadas por Quincas é a implantação da nova rota dos ônibus intermunicipais para entrada e saída da cidade. A mudança entrou em vigor no início de novembro.

Para o diretor do órgão, além de diminuir o tráfego pesado e melhorar o trânsito, o novo itinerário possibilita que os motoristas e passageiros conheçam “um novo lado da cidade, ruas, avenidas, bairros e comércios”.

Quincas lembra que o departamento também está delimitando o tráfego de ônibus escolares no centro. Segundo ele, os veículos não podem percorrer a rua 11 de Agosto e devem buscar rotas alternativas.

O próximo passo do Demutt é elaborar um projeto para retirada dos caminhões de tijolos das ruas centrais. “Vamos conversar com os ceramistas para definir os horários e as vias que os caminhões poderão trafegar. O horário de cargas e descargas de supermercados e grandes lojas também deverá ser regulamentado”, citou.

Corredor de ônibus

O diretor do Demutt não classifica a faixa exclusiva por onde transitam os coletivos na rua 11 de Agosto como sendo “corredor de ônibus”. Para ele, o termo “corredor” identifica outro projeto que está nos planos da Prefeitura.

“Não temos corredor. Na 11 de Agosto, existe apenas um faixa exclusiva, um espaço curto onde o ônibus tem que andar. Até aconteceu uma polêmica porque os motoristas dos carros comuns deixaram de andar na faixa da direita porque achavam que ali seria apenas para o ônibus. Agora, os carros já começaram a circular de novo nesta faixa”, afirmou.

Para Quincas, o sistema viário da cidade “não tem a necessidade de novas faixas exclusivas para coletivos”. O diretor entende que é preciso “um corredor de ônibus central integrado a terminais”.

De acordo com ele, o corredor seria um circuito específico e restrito ao centro, por onde passariam “ônibus especiais” para atender aos trabalhadores.

“Todas as pessoas que moram no entorno desse itinerário, até 200 ou 300 metros, deixariam de usar o carro para ir ao centro trabalhar e utilizariam o ônibus. Poderiam ser seis ônibus ‘tops’, com ar-condicionado, que passariam pelos pontos desse corredor de cinco em cinco minutos”, detalhou.

Conforme mencionou o diretor, a ideia é que três terminais estejam integrados a esse corredor: um na Rodoviária Municipal “Pedro de Campos Camargo”, outro no Mercado Municipal “Nilzo Vanni” e um terceiro que ainda seria construído, “provavelmente no bairro Santa Emília”.

De acordo com ele, os passageiros “poderiam descer nesses terminais e embarcar em outros ônibus com destino aos bairros”.

“Muitos funcionários vêm trabalhar com o carro porque não têm o transporte coletivo de primeira linha. Por isso, estamos começando a fazer esse estudo. É um projeto grande e que poderá diminuir o número de veículos. Se conseguirmos, estaremos anos à frente de muitas cidades”, analisou.

De acordo com o plano de trabalho do Demutt, no ano que vem, a Prefeitura deverá desenvolver um trabalho de revitalização de diversas ruas e avenidas da cidade. Estão na lista: Pompeo Reali, 11 de Agosto, Zilah de Aquino, Salles Gomes, Cônego João Clímaco de Camargo, Teófilo Andrade Gama e Coronel Firmo Vieira de Camargo.

A revitalização prevê obras de sinalização, mobilidade e segurança no trânsito, apontadas como prioridades pelo órgão.

Outra iniciativa que deverá ser colocada em prática nos próximos meses é a fiscalização para proibição do abuso de som automotivo. Segundo Quincas, o departamento fará a sinalização das ruas centrais, alertando os motoristas sobre a proibição de conduzir veículos que estejam “com volume excessivo”.

Os agentes de trânsito usarão um decibelímetro (medidor de nível de pressão sonora) para fazer a medição do som e, a partir disso, poder aplicar multas.