Aqui, Ali, Acolá
José Ortiz de Camargo Neto *
Frase do dia: O prazer deve ser usado de acordo com a realidade.
Caros amigos:
Sigmund Freud, o Pai da Psicanálise, afirmou que o ser humano oscila entre dois princípios: o princípio do prazer e o princípio da realidade.
O primeiro, ligado à vida instintiva, busca o prazer somente, sem medir as consequências.
O segundo, pondera se aquele prazer trará bons ou maus frutos, evitando o pior.
O princípio do prazer está ligado ao ID; o da realidade, ao Ego.
O psicanalista Norberto Keppe aponta três instâncias: Vida sensorial (Id), Consciência (Ego) e Censura (Superego).
Em outras palavras, o Ego, ou Eu, é o princípio da realidade; é a Consciência, que inclui o afeto e a razão; procura ver se é saudável ou não dar vazão ao Id, aos prazeres sensoriais, denominados vícios (orgulho, ira, inveja, preguiça, avareza, gula etc.).
E há a Censura, que Freud chamava de Superego, que reprime implacavelmente a Consciência, o Ego, tentando esconder aquilo que a pessoa tem vontade de fazer, no pensamento ou nas intenções.
O Superego é o principal aliado do ID, pois visa eliminar o único controle que o indivíduo tem sobre o que é bom ou mau fazer, para viver saudavelmente.
Vamos dar alguns exemplos: pelo princípio do prazer, a pessoa pode, por exemplo, ingerir álcool em excesso, mas pelo princípio da realidade, sabe que isso a prejudica na saúde e no relacionamento com familiares; o mesmo se diga da ingestão de drogas, tabaco etc. É algo prazeroso, mas danoso, logo pelo princípio da Consciência, deve ser evitado. Mas a pessoa reprime essa sabedoria da Consciência, para não se privar do prazer danoso.
De outro lado, suponhamos o desprazer de frustrar o prazer danoso; é algo desagradável, mas saudável; se o indivíduo evita os vícios e busca fazer o que deve, é claro que será mais inteligente e se sentirá bem.
As pessoas sábias agem de acordo com o princípio da realidade. Fazem o que deve ser feito, e não apenas o que dá prazer.
Com isso têm dois benefícios: usufruem equilibradamente do prazer saudável e se beneficiam ao mesmo tempo da alegria da realização, de início penosa e desagradável, mas depois exitosa e feliz.
Quanto à Censura só é boa para controlar o comportamento destrutivo, mas superprejudicial quando Censura a Consciência.
Nossa questão é examinarmos em que nível estamos. Agimos só pelo prazer, sem raciocinar sobre o que virá? Ou nos concentramos na realização (trabalho, estudo) progredindo na vida? Só o leitor pode responder.
Até logo.
Jornalista e escritor tatuiano