A crise de abastecimento nos postos de combustíveis afetou Tatuí e ainda não tinha, até a tarde desta sexta-feira, 25, previsão para ser reestabelecida, informaram proprietários e gerentes de postos ouvidos por O Progresso.
A paralisação começou na segunda-feira, 21, e se estendeu durante toda a semana. O protesto, realizado em todo o Brasil, interditou parcialmente a rodovia Antonio Romano Schincariol (SP-277), na altura do quilômetro 113, na segunda.
Segundo o proprietário de um dos postos de combustíveis da cidade, Antônio Almeida, não havia previsão de quando o serviço deverá ser normalizado. “Tudo está parado, não temos o que fazer, somente aguardar a greve acabar”, disse Almeida, na sexta.
Segundo ele, todo o combustível foi consumido na tarde de quinta-feira, quando houve aumento na procura pelo produto. O posto ficou lotado, com filas enormes. Almeida disse que permanecia com o local aberto apenas para vender óleo lubrificante e dar uma satisfação aos consumidores.
“Fico com o prejuízo, não vendo e ainda tenho que pagar os funcionários, água, energia elétrica e outras despesas”, explicou o proprietário.
Almeida contou que o alto preço do produto, que gerou a paralisação, também trouxe reflexos negativos aos proprietários de postos, que tiveram que reduzir a margem de lucro, para ter condições de venda.
O proprietário afirmou que espera o fim da greve para voltar o abastecimento, mas segue sem saber como será feita a retomada da distribuição. “Já fiz o pedido online e, agora, só me resta esperar”, completou.
Já o gerente de outro posto ouvido por O Progresso falou que, ao entrar em contato com a distribuidora, fora informado do impedimento dos caminhões saírem da central de abastecimento.
“Só vamos voltar a fornecer quando a greve acabar ou alguma medida que libere o trânsito dos caminhões da empresa, algo que acho difícil de acontecer”, declarou o gerente Luiz Augusto Fiuza.
A unidade ainda possuía, nos reservatórios, quatro mil litros de diesel, sendo que o etanol e a gasolina acabaram às 10h de quinta-feira. Desde as 6h, os motoristas haviam formado longas filas à procura do produto, a fim de garantirem o abastecimento do carro deles.
“Na quarta-feira à noite, vendemos mais de 10 mil litros. Se ficássemos abertos por mais tempo, teríamos vendido tudo. Na quinta, foram vendidos os últimos 12 mil litros do nosso reservatório de etanol e gasolina, comum e aditivada”, contou Fiuza.
O gerente explicou que o posto apenas repassa, aos clientes, os aumentos realizados pelas distribuidoras.
Desde as primeiras horas da manhã de quinta-feira, os motoristas enfrentaram as filas para garantir o abastecimento. A grande movimentação causou complicações no trânsito do centro da cidade, com as filas tomando quarteirões inteiros.
Algumas pessoas se irritaram com a possibilidade de ficar sem abastecimento e criticaram a greve nacional. “Acho que deveriam garantir o mínimo de condições para as pessoas sobreviverem. Daqui a pouco, faltarão alimentos e remédios, e a situação se complicará”, opinou Jorge Rodrigues Leite, que aguardava o momento de abastecer.
Outro motorista contou que, em um posto localizado à beira da rodovia Antonio Romano Schincariol, os últimos litros foram divididos. “Cada carro só pôde abastecer 20 litros e, mesmo assim, a fila foi grande e o combustível acabou rápido”, esclareceu Daniel Almeida.
O vendedor Paulo Lopes Medeiros contou que conseguira abastecer o carro e voltar para Sorocaba. Ele disse que “a greve é por uma boa causa e que o governo está querendo repassar o rombo nas contas públicas para a sociedade”.
“O cidadão sempre paga o preço pelos desmandos dos políticos. Alguém tem que tomar alguma providência, e os caminhoneiros estão apenas defendendo a sociedade e mostrando a sua força”, completou.
Em razão da greve geral dos caminhoneiros e as dificuldades que possam vir a existir na locomoção dos veículos, a Prefeitura informou que o Parque Municipal Ecológico Maria Tuca estará fechado neste sábado, 26, e domingo, 27.
A reportagem não conseguiu localizar o secretário do Sindicato dos Motoristas de Tatuí, André Monzart Simão.