Pós-covid: reclamações de dores osteoarticulares ‘invadem’ consultórios

Da Desenvolve Comunicação

Uma luta diária. A Covid-19 tem acumulado uma série de sintomas em pacientes recuperados da doença, mas que tentam vencer uma das sequelas: a sarcopenia (perda muscular).

De acordo com o ortopedista especialista em joelhos, Adilio Bernardes, quanto maior o processo inflamatório, maior a repercussão na musculatura. “O sistema nervoso, que comanda o tecido muscular, pode ser afetado pelas citocinas inflamatórias ou pelo próprio vírus, piorando a situação”, explica.

Segundo pesquisa da Organização Médica Norte Americana Mayo Clinic, dos cem pacientes estudados, 80% relataram ter sentido fadiga até três meses após a infecção. Em caso de pacientes que ficaram acamados, isso se torna mais evidente.

“Além da questão da Covid, existe a relação do desuso pela falta de mobilidade e carga, sendo fundamental a realização de acompanhamento fisioterápico de rotina. Outro fator deve-se ao uso de medicamentos como os bloqueadores neuromusculares, usados no período de intubação, podendo causar dano muscular e contribuindo para a fraqueza muscular e, consequentemente, a fadiga”, comenta o ortopedista.

Adilio pontua que a diminuição de massa muscular faz com que as articulações sofram carga maior e, para aqueles que já possuíam algum quadro degenerativo osteoarticular, ocorre a intensificação das queixas.

O especialista também alerta para relatos de déficits neurológicos em membros, ocasionados pela restrição ao leito, principalmente nos casos em UTI.

“Dentre eles, está o nervo fibular, no qual o paciente fica com o pé caído, dificultando a deambulação, mas que felizmente tende a ser transitório”, explica.

Recuperação

Diante das consequências causadas no pós-Covid, que se caracterizam em fraqueza muscular e dor, o acompanhamento multidisciplinar é fundamental para a recuperação das funções de maneira satisfatória e sem riscos, principalmente em pacientes com relatos de déficits neurológicos dos membros, como é o caso das internações na unidade de terapia intensiva (UTI).

Dentre os profissionais, destacam-se o clínico-geral, para compensação dos sinais vitais e orientação quanto à capacidade individual em relação ao nível de esforço físico.

Nutricionista, para adequação de dieta e suplementação para ganho de massa muscular, e o ortopedista, para tratamento das dores através de medidas medicamentosas e orientações para fisioterapeutas e educadores físicos, com foco na retomada de exercícios.

O especialista alerta que aqueles que não foram acometidos pela doença devem manter um bom condicionamento muscular e evitar o sobrepeso.

“Além de estar associado com quadros mais leves da doença no caso de uma eventual infecção por Covid-19, certamente facilitará a recuperação.